Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb048.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:15:33
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [I - 44]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

PRIMEIRA PARTE - ROTEIRO GERAL DA COSTA BRASÍLICA

Capítulo XLIV

Em que se trata de como Pedro de Góis foi povoar a sua capitania de Paraíba ou de São Tomé

Pedro de Góis foi um fidalgo muito honrado, cavaleiro e experimentado, o qual andou na costa do Brasil com Pedro Lopes de Sousa, e se perdeu com ele no Rio da Prata; e pela afeição que tomou deste tempo à terra do Brasil, pediu a el-rei d. João, quando repartiu as capitanias, que lhe fizesse mercê de uma, da qual S. A. lhe fez mercê, dando-lhe trinta léguas de terra ao longo da costa, que se começariam onde se acabava a capitania de Vasco Fernandes Coutinho, e daí até onde acaba Martim Afonso de Sousa, e que, não as havendo entre uma capitania e outra, que lhe dava somente o que houvesse, o que não passaria dos baixos dos Pargos.

Da qual capitania foi tomar posse numa frota de navios, que à sua custa para isso fez, que proveu de moradores, armas e o mais necessário para tal empresa, com a qual frota se partiu do porto de Lisboa, e fez sua viagem com próspero tempo, e foi tomar terra e porto na sua capitania, e desembarcou no Rio Paraíba, onde se fortificou, e fez uma povoação em que esteve pacificamente os primeiros dois anos, com os gentios goitacases seus vizinhos, com quem teve depois guerra cinco ou seis anos, dos quais se defendeu com muito trabalho e risco de sua pessoa, por lhe armarem cada dia mil traições, fazendo pazes, que lhe logo quebravam, com o que lhe foram matando muita gente, assim nestas traições como em cercos, que lhe puseram, mui prolongados, com o que padeceu cruéis fomes, o que não podendo os moradores sofrer apertaram com Pedro de Góis rijamente, que a despovoasse, no que ele se determinou obrigado destes requerimentos e das necessidades em que o tinham posto os trabalhos, e ver que não era socorrido do reino como devera.

E vendo-se já sem remédio, foi forçado a despejar a terra, e passar-se com toda a gente para a capitania do Espírito Santo, onde estava a esse tempo Vasco Fernandes Coutinho, que lhe mandou para isso algumas embarcações. E como Pedro de Góis teve embarcação, se tornou para estes reinos mui desbaratado, dos quais voltou a ir ao Brasil por capitão-mor do mar com Tomé de Sousa, que neste Estado foi o primeiro governador-geral, com quem ajudou a povoar e fortificar a cidade do Salvador, na baía de Todos os Santos.

Nesta povoação que Pedro Góis fez na sua capitania gastou toda a sua fazenda que tinha no reino, e muitos mil cruzados de Martim Ferreira, que o favoreceu muito com pretensão de fazerem por conta da companhia grandes engenhos, o que não houve efeito pelos respeitos declarados neste capítulo.