HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
DIA DE PESCARIA
Histórias de pescador (5)
Foto-legenda publicada
no jornal A Tribuna, em 13 de março de 2012, página A-1:
TROFÉU DE PESCA – Aproveitando um momento de folga, Jeferson Freitas dos Santos foi ao Píer do
Pescador, na Ponta da Praia, em Santos, para algumas horas de lazer. Tentava apanhar ao menos um peixe, quando veio a surpresa: no anzol, um polvo.
O molusco seria servido na noite de ontem mesmo
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria, na primeira
página
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Matéria publicada no jornal santista A Tribuna, em 15 de março de 2012, página A-8:
A pesca foi uma sorte para Jeferson Freitas dos Santos. E para o fotógrafo Irandy, que passava no
local
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
Polvo pescado com anzol. Isso é normal?
Captura provoca dúvidas sobre aparecimento do animal no deck
César Miranda
Da Redação
Com colaboração de Tatiane Calixto
A captura de um polvo, na segunda-feira, no Deck do Pescador,
tem rendido ainda boas discussões nas rodas de amigos que gostam de pescar naquele trecho da Ponta da Praia, em Santos.
Desde janeiro último já foram retirados d'água, próximo ao deck, cerca de 15 polvos. E o
fato segue suscitando dúvidas. A principal é: por que vem aparecendo tantos nos anzóis dos pescadores?
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesca (órgão ligado à Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo), Acácio Ribeiro Gomes Tomás, a tendência é que continuem surgindo. Ele explica que o aparecimento dos moluscos
pode ser atribuído, possivelmente, ao término da dragagem do Canal do Estuário, realizada pela Codesp.
Em razão do aumento da profundidade, segundo o pesquisador, o maior volume de água que penetrou no
ambiente estuarino permitiu a entrada de uma quantidade maior de salinidade, um cenário bem propício para atrair os polvos.
De acordo com a chefe do escritório de Santos do Ibama, Ingrid Maria Furlan Oberg, as pedras que
ficam nas imediações e também em torno da Fortaleza da Barra Grande ajudam a formar um ambiente perfeito para os moluscos.
No entanto, o que surpreendeu Ingrid foi a forma como o pescador capturou o polvo. "O que eu nunca
tinha visto, na verdade, é pesca de polvo no anzol". Segundo especialistas, em geral, o animal é capturado por redes de arrasto e com potes.
Especialista em polvos, o pesquisador do Instituto de Pesca afirma que o molusco capturado é um
Octopus vulgaris, tipo que representa mais de 90% das capturas registradas pela estatística de produção pesqueira do Instituto de Pesca.
Essa espécie faz apenas uma única desova em sua existência, que não ultrapassa 18 meses e,
dependendo do molusco, pode chegar a ter de quatro a seis quilos. Uma curiosidade é que a fêmea morre após a reprodução e o macho não resiste muitos
minutos após a cópula.
Como principal característica, a espécie dispõe de duas fileiras de ventosas justapostas em cada
tentáculo. No gênero Eledone, que ocorre em águas além de 50 metros, há somente uma fileira.
Surpresa |
15 polvos
foram pegos próximos ao local, somente neste ano |
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Explicações técnicas à parte… - Os pescadores se dizem surpresos com os polvos. Eles
suspeitam ainda que as iscas vivas atraem as espécies. "Peguei um no começo do mês. Era um pouco menor do que esse último. Pedi para um amigo tirar
porque não sabia como fazer", diz o aposentado Aílton Strillazi Barbosa.
"Não sei por qual motivo, mas até outros peixes têm sido mais capturados aqui no deck. Nas
últimas semanas, já vi sair muitas ciobas, corvinas, robalos", comenta o aposentado Silvio Matos.
O aposentado Daniel Remião confirma o fato. "Fazia tempo que não via tantos barcos na frente do
deck. No último domingo eu contei mais de 40 parados. Um amigo comenta que pegou 14 pescadas de diversos tamanhos". |
Charge publicada no jornal A Tribuna, em 15 de março de 2012, página A-4:
Imagem: charge de DaCosta, publicada em A Tribuna
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Matéria publicada no jornal A Tribuna, em 18 de março de 2012, página A-8:
Plataforma ficou mais concorrida depois que um cidadão teve a sorte grande. Mas isso depende de
mar calmo e fase da lua, diz o pescador...
Foto: Vanessa Rodrigues, publicada em A Tribuna
Agora, todos acham que vão pegar um polvo na pescaria
Deck do Pescador, na Ponta da Praia, ficou mais concorrido após a captura de
moluscos
Da Redação
Ficou mais difícil garantir um espaço no Deck do Pescador, na
Ponta da Praia, em Santos, após a captura de pelo menos oito polvos na semana passada. O fato, considerado pouco comum, atraiu pescadores até de
fora da região, que ontem se espremiam na plataforma em busca de repetir o feito.
"Vamos ver se a gente também consegue levar um para casa", comentava a advogada Olga Tanabi,de 55
anos, que veio de São Bernardo do Campo acompanhada do filho, do cunhado e do sobrinho só para passar o dia no local. "Foi uma indicação de um amigo
que também pesca. Quem sabe a gente dá sorte, né?", dizia, otimista.
Mesmo objetivo tinha o pescador João Roberto dos Anjos, de 60 anos, que chegou a presenciar uma
dessas capturas, dias atrás, e queria garantir a sua também. Mas sua experiência na atividade indicava que não seria dessa vez.
"Pelo visto, hoje só vai dar corvina", comentou, explicando que polvos geralmente surgem quando o
mar está calmo - sobretudo em lua nas fases minguante e crescente. "É quando saem em busca de alimento".
... João Roberto dos Anjos. Sem problema: "O que não falta é peixe"
Foto: Vanessa Rodrigues, publicada em A Tribuna
A ausência deles, porém, era compensada pelas histórias daqueles que tiveram o
privilégio de fisgá-los. O pescador Marcos Belelli, por exemplo, relatava aos colegas o que tinha feito com os três moluscos que capturou na semana
passada. "Fiz um monte de polvo à vinagrete. Uma delícia!".
Com mais de 35 anos de experiência no ramo, ele conta que o momento é bom para quem
gosta desse tipo de pescado. "É época de procriação, o que facilita bastante a pesca".
Mas é preciso um pouquinho de técnica: "A isca, por exemplo, tem que ser de camarão
ou de sardinha". Outra dica fundamental, segundo Marcos, é ter bastante paciência. "Não é como um peixe que se vê em abundância. Por isso, não pode
ter pressa para pescá-lo".
De resto, é ter sorte - o que nunca é demais. "Todo pescador, laiás, precisa de um
pouco". Porém, mesmo que não tenha, ele diz ser raro alguém voltar com as mãos vazias. "Se não pega polvo, pega corvina, pega robalo, cioba... O que
não falta é peixe".
E ELA APROVEITA... - "Quero que apareçam muito mais peixes. O movimento melhora" - Vânia
Magalhães, comerciante
Foto: Vanessa Rodrigues, publicada em A Tribuna
Comércio ganha - E, se os pescadores estão satisfeitos, mais ainda os
comerciantes que atuam nas imediações. Um exemplo é Vânia Magalhães, de 42 anos, que mantém uma lanchonete no local. "No que depender de mim, quero
que apareçam muito mais peixes, sejam polvos, corvinas ou até de outras espécies. O movimento sempre melhora nessas ocasiões, principalmente nos
finais de semana".
Os ambulantes também gostam. Pelo menos dois
aproveitavam a aglomeração de pessoas para incrementar suas vendas. "Onde tem gente, tem dinheiro", resumiu um deles, bastante satisfeito. |
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