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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Santa Casa de Misericórdia (4)

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Texto publicado na edição especial/comemorativa dos 460 anos da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos, publicada em 1º de novembro de 2003 pela entidade, em formato tablóide, com edição de José Eduardo Barbosa, textos dele e de colaboradores, revisão de Isabel Machado e editoração eletrônica de Marinilza Barroso Bueno (com impressão A Tribuna e patrocínio Unibanco):
 

Cláudio Luiz da Costa, em retrato a óleo mantido no acervo da Santa Casa
Foto publicada com a matéria

Dr. Cláudio Luiz da Costa, o restaurador

Depois da figura imperecível de Braz Cubas, seu venerando fundador, o nome que mais avulta na galeria de beneméritos da Santa Casa de Santos é o do Dr. Cláudio Luiz da Costa, que, em época de crise verdadeiramente alarmante, muito fez para o erguimento dessa casa de caridade. Embora não adepto imediato da idéia de se construir o novo hospital, em 1835, contudo coube-lhe a tarefa de o concluir e inaugurar.

Mas o seu trabalho em prol do funcionamento normal da Irmandade, e impedir que recaísse em sua intermitente e quase inevitável letargia, foi enorme e está demonstrado nos copiosos relatórios que redigiu, num tom franco e desassombrado quando exerceu o cargo de Provedor, em 1836/38, revelando a cada passo o zelo e a dedicação por preservar a sua existência.

O Dr. Cláudio Luiz da Costa nasceu na cidade do Desterro, em Santa Catarina (hoje Florianópolis), a 26 de setembro de 1798. Era filho legítimo do sargento-mor João Inácio da Costa e de dona Maria Joaquina Bitencourt. Concluídos os preparatórios, em sua terra natal, seguiu para o Rio de Janeiro. Em 1814 entrou na Escola Médico-Cirúrgica dali, onde fez curso de três anos, recebendo diploma com notas plenas em 17 de abril de 1817.

Em seguida transferiu-se para a Bahia e foi clinicar na Vila de S. Francisco. Dominado pelo entusiasmo à causa da emancipação do Brasil - afirma um dos seus biógrafos - prestou serviços durante as guerras da Independência como cirurgião-mor militar, não aceitando pagamento de soldo, de que fez doação para as necessidades públicas da Bahia.

Em 1823, mudou-se para a capital da Província, de onde, em 1826, foi removido para a divisão militar da Imperial Guarda da Polícia da corte. Por ocasião da dissolução desta, foi removido para uma comissão encarregada de organizar um projeto de reforma do corpo de saúde do Exército.

Mais tarde trasladou para Santos, onde, em 1839, se reformou no posto de cirurgião-mor do Exército. Nesta cidade, durante muitos anos, exerceu gratuitamente as funções de clínico do hospital da Santa Casa. Em 1836 a 1838 foi eleito Provedor e, nesse cargo, se desincumbiu de suas atribuições, de tal forma que se resolveu demonstrar-lhe gratidão eterna, com a colocação do seu retrato a óleo na sala do Consistório da Irmandade.

O Dr. Cláudio Luiz da Costa teve a honra de inaugurar, em 4 de setembro de 1836, o edifício hospitalar, tendo sua construção sido começada em 2 de julho de 1835, sob a provedoria do Capitão Antonio Martins dos Santos, de quem foi continuador na obra de engrandecimento da Irmandade.

Afirmam alguns biógrafos que no exercício da clínica civil, tal como fazia na "sala do banco" da Santa Casa, o dr. Cláudio Luiz da Costa, em todos os lugares em que residiu, sempre reservara diariamente duas horas para dar consultas aos pobres, socorrendo, outrossim, em suas moradas, quando necessário, os enfermos que o reclamavam, sem o compromisso de qualquer remuneração.

Depois de residir em Santos muitos anos, regressou ao Rio de Janeiro, onde concluiu seus estudos de Medicina na Academia Médico-Cirúrgica. Para a defesa de tese e obtenção do diploma de doutor, que lhe foi concedido com notas brilhantes, em 3 de dezembro de 1849. Por decreto do Governo Imperial, em 15 de outubro de 1856, foi nomeado diretor do Instituto dos Meninos Cegos da metrópole brasileira. Ali travou conhecimento com Benjamin Constant, lente de Matemática, seu futuro genro e sucessor na direção do educandário.

O Dr. Cláudio Luiz da Costa faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de maio de 1869, com a idade de 70 anos.

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