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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - INCLINADOS...
Prédios inclinam mais que Pisa... e caem! (9)

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Devido às características do subsolo santista e à imprevidência de alguns construtores, muitos edifícios sofreram fortes recalques, ao ponto de inclinarem mais que a famosa torre italiana da cidade de Pisa. Os procedimentos para a recuperação desses prédios inclinados, aliás, foram estudados pelos técnicos italianos encarregados de recuperar aquela torre medieval européia. Outros prédios nem chegaram a se inclinar: desabaram durante a construção.

Os prédios tortos foram novamente assunto de matéria no jornal santista A Tribuna, na página A-6 da edição de 5 de agosto de 2011:


O QUE HÁ DE DIFERENTE

Imagem: arte de Alex Ponciano, publicada com a matéria

Era uma vez prédios que entortavam

Hoje, não mais. Com atuais tecnologias para fundações profundas, elimina-se o risco de inclinação dos edifícios mais novos

Da Redação

Nos passeios de escuna pela Baía de Santos, o barqueiro costuma exaltar os pontos turísticos. Microfone ao lado do timão, ele cita a Fortaleza da Barra Grande, a Ilha das Palmas e as praias do Góes, Cheira Limão e do Sangava.

Quando a proa aponta para a orla santista, na altura do Canal 3, o responsável pela embarcação explica que os prédios tortos viraram cartão-postal.

Aos atentos passageiros – turistas e moradores da região -, ele diz, num tom quase professoral, que ficaram inclinados porque o solo de Santos é o segundo pior do mundo, perdendo somente par o da Cidade do México.

O esclarecimento deixa alguns ocupantes boquiabertos, e outros com uma dúvida: e os empreendimentos novos com até 40 pavimentos (120 metros de altura), vizinhos dos prédios inclinados, como conseguem se manter retos? Aí, a pulga saltava para a orelha do barqueiro.

Explica-se: diferentemente da perfuração do solo feita para erguer prédios antigos, que ficaram tortos, as fundações atuais são feitas com profundidade variando entre 50 e 60 metros, o que dá uma estabilidade maior às edificações e elimina qualquer risco de inclinação.

Graças a um trabalho adequado de sondagem do terreno, as novas fundações vencem facilmente a segunda camada de argila marinha para repousarem na terceira camada, em alguns casos, sobre fragmentos de rochas (veja ilustração).

Descuido – E por que, antes, não se tomaram cuidados para se evitar a futura inclinação, à medida que aumentava o adensamento de prédios? Não faltou aviso. Em 1957, Vitor Melo, professor renomado da Universidade de São Paulo (USP), enviou ofício ao setor de construção civil citando a necessidade de fundações mais profundas.

Naquela época, os prédios eram erguidos sobre sapatas – blocos de concreto armado construídos diretamente sobre o solo dentro de uma escavação, que não passavam de quatro metros de profundidade.

O secretário municipal de Infra-estrutura e Edificações, Antonio Carlos Silva Gonçalves, lembra-se de ter visto esse ofício, quando presidia a Associação de Engenheiros e Arquitetos, entre 1993 e 1997. Segundo ele, portanto,não é de hoje que todo mundo sabe que o solo de Santos é ruim.

"Houve um descuido dos empreendedores. Era de conhecimento do setor. Tínhamos tecnologia na época, como temos atualmente, para prever o que é uma construção segura". Gonçalves descarta novos prédios inclinados. "Hoje, não tem a menor chance. A menos que (o serviço) seja mal executado".

A maioria dos prédios tortos (quase 100) foram erguidos nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Alguns poucos nos anos 1980. Boa parte está concentrada entre os canais 3 e 6.

Um deles era o Núncio Malzoni (Boqueirão), com inclinação de 2,3 metros. Os moradores investiram para reaprumá-lo – caso único na Cidade.

 

Atrás de prédios tortos, o Cap Ferrat, mais alto de Santos (40 pisos)

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

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