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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (O)
A urbanização da Zona Noroeste (3-c)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Depois de ocupar quase todos os espaços em direção às praias, Santos passou a se expandir no sentido contrário, nos dois lados da Avenida Nossa Senhora de Fátima, em direção à divisa com São Vicente. Uma análise do desenvolvimento dessa região de Santos foi feita pelo jornal A Tribuna, em uma série de reportagens, que continuou em 6 de março de 2005:


Área de 9 mil m² no Bom Retiro poderá receber um centro comercial e lazer, 
com salas de cinema
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

PROJETOS
A passos largos

A confiança de empreendedores na Zona Noroeste deixa a expectativa de que a região será uma das mais procuradas no futuro

Rivaldo Santos
Da Reportagem

Salas de cinema, supermercado, lojas e até um depósito de material para construção. Tudo reunido em uma área de 9 mil metros quadrados. A proposta do primeiro centro comercial e de lazer da Zona Noroeste faz parte dos ambiciosos planos do empresário e engenheiro Lupércio Simão Conde para um terreno na Rua Francisco Di Domênico, no Jardim Bom Retiro.

A idéia não é nova. Nesse mesmo local, onde atualmente existe um campo de futebol, Conde anunciou, em 2002, a construção de um shopping center (N.E.: centro comercial). Apesar dos vários apoios recebidos, inclusive do ex-prefeito Beto Mansur, o projeto não vingou.

Três anos depois, o empresário confirmou a inviabilidade econômica do empreendimento. Na época, uma pesquisa de mercado mostrou que o negócio não daria certo. O fluxo de pessoas e veículos era baixo no local. "Também tive dificuldades para encontrar uma loja-âncora (loja principal), como uma grande rede de supermercados ou de departamentos", conta o empresário.

O fracasso inicial não desanimou o engenheiro. Ele continua confiando no potencial econômico da ZN. Dono de uma empresa de construção e pavimentação, com grandes obras realizadas na Zona Noroeste, como o Pronto-Socorro do Jardim Castelo, Conde diz que tem motivos para acreditar no sucesso do centro comercial.

No mês passado, o diretor de uma grande rede de material para construção de São Paulo esteve conhecendo o terreno. Proprietários de redes de cinemas também confirmaram o interesse de participar de uma parceria para a exploração de um futuro empreendimento no local.

"A Zona Noroeste é um lugar maravilhoso para se investir. O problema é que o santista não a conhece. Tem muita gente que só ouve falar da ZN em época de eleições", justifica o empresário, resumindo em uma única palavra a solução para acabar com o desconhecimento: informação.

A confiança é tanta na região que o construtor comprou, recentemente, um terreno de 3 mil metros quadrados em frente à área onde pretende instalar o centro comercial. O novo lote pode gerar mais empregos, caso se confirme a instalação de uma indústria de reciclagem de alumínio (ver matéria).

"Com a abertura do túnel (ligação das zonas Noroeste e Leste), isso aqui vai arrebentar. Aqui está tudo asfaltado. A infra-estrutura é ótima. E, com a construção do novo hospital, vai ficar ainda melhor".

Invasão - Enquanto não se define o futuro do terreno do Bom Retiro, moradores da região utilizam o espaço como área de lazer. Nos finais de semana, times amadores promovem torneios de futebol. De forma irregular, motoristas estacionam caminhões e carretas sobre a calçada do imóvel, que também serve de depósito de lixo e entulho.

No ano passado, um grupo de sem-teto ocupou o terreno. A intenção era construir um núcleo habitacional. A invasão durou pouco tempo. Por ordem da Justiça, os invasores foram retirados e o proprietário murou todo o terreno, acatando intimação da Prefeitura.

Atualmente, dois homens fazem a vigilância da área, que só é "invadida" pelos peladeiros de finais de semana.

Lupércio Simão Conde: otimismo
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

Terreno poderá ser utilizado pela Unifesp

Outra opção para o terreno do Bom Retiro é a instalação de núcleo de pesquisas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A proposta tem o apoio de lideranças comunitárias, como o padre Luiz Carlos Passos, pároco da Paróquia Santa Margarida Maria.

Nos próximos dias, o proprietário do imóvel deve se reunir com o prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB), para discutir uma possível venda do terreno para a Prefeitura. A reunião será agendada pelo presidente da Câmara, vereador Paulo Gomes Barbosa (PSDB), que manifestou apoio à proposta.

O empresário Lupércio Conde diz que aceita facilitar a venda do terreno, caso a Administração Municipal queira instalar a universidade no local. De acordo com o proprietário, a área está avaliada em R$ 2,5 milhões, conforme o valor venal.

"Acredito que o prefeito vai gostar da idéia. O Papa já falou que a Zona Noroeste receberá a mesma atenção dedicada aos outros bairros da Cidade", disse Conde.

Dificuldade

Proposta tem o apoio de lideranças da comunidade

Francisco Luiz Farias de Abreu
Empresário

Compatível - Para Barbosa, a definição do terreno da Codesp, entre as ruas Manoel Tourinho e Campos Melo, na Vila Mathias, para abrigar o campus da Unifesp, não inviabiliza a instalação de um núcleo da universidade na Zona Noroeste.

"Com uma base em um local mais carente, fica até mais fácil a realização de pesquisas. Sem falar do desenvolvimento que a instituição vai trazer para a região", justificou o vereador.


Proprietário de área, que vai se reunir com Papa, afirma que aceita facilitar a venda do imóvel
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

Grupo Votorantim negocia investimento

A Zona Noroeste pode ganhar ainda este ano uma indústria de reciclagem de alumínio. O projeto está em negociação com o Grupo Votorantim, que já mandou um representante para conhecer o terreno, no bairro Bom Retiro. São Vicente também pretende receber o empreendimento.

Ainda não há uma data prevista para a definição do negócio. Porém, se Santos vencer a disputa com a cidade vizinha, terá que superar algumas barreiras jurídicas.

A área pretendida fica em uma região que não permite esse tipo de indústria. para viabilizar o projeto, será necessário alterar o Plano Diretor do Município, reclassificando trechos da Rua Francisco Di Domênico. Para o empresário Lupércio Simão Conde, dono do imóvel, a reclassificação não deverá impedir a instalação da indústria no bairro. Como ponto favorável, ele destaca a grande quantidade de carrinheiros na Zona Noroeste. Outro aspecto positivo é o número de empregos que poderão ser gerados na região.

"Além de não ser poluidora, a reciclagem pode ser uma alternativa para a economia local. É uma iniciativa que tem tudo para dar certo", diz Conde, que torce para que a indústria seja instalada na ZN.

Torres de prédios - Independentemente da viabilização da indústria, a construção de um condomínio fechado no bairro também não está descartada. O projeto, tentado em 2002, esbarrou na dificuldade em conseguir financiamentos. Segundo o construtor, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) se interessou pela obra. O problema foi o alto custo do metro quadrado do terreno, inviabilizando, assim, a aprovação do conjunto habitacional no local.

A Caixa Econômica Federal também foi consultada. No entanto, exigiu a apresentação de um cadastro com o nome de pelo menos 60% dos interessados pela aquisição das moradias.

Pelo projeto, que acabou não sendo aprovado, o conjunto teria três torres com 10 andares cada. No total, haveria 160 apartamentos, ao custo de R$ 70 mil. Cada unidade teria dois dormitórios.


Área no Jardim Bom Retiro poderá abrigar uma indústria de reciclagem de alumínio
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

Jardim Rádio Clube é o "Gonzaga da ZN"

Sábado, quatro horas da tarde. Enquanto as ruas do Centro permanecem vazias, diante de lojas fechadas, a Avenida Álvaro Guimarães, no Rádio Clube, tem movimento intenso. Moradores disputam as ofertas de um supermercado, atraindo pessoas de bairros mais distantes.

Em frente, uma loja de material para construção tem fila. Os clientes aguardam atendimento com uma senha numerada e controlada em um painel eletrônico. Para atender a clientela, o dono do comércio ampliou o número de funcionários. O movimento no comércio local é grande durante toda a semana. Inclusive no domingo, dia em que o fluxo de compradores aumenta significativamente. Os moradores mais antigos do bairro costumam chamar o Rádio Clube de "Gonzaga da Zona Noroeste".

Exageros à parte, a região não deixa nada a desejar em comparação com outros bairros da Cidade. A Avenida Nossa Senhora de Fátima é um bom exemplo de diversificação.

A via mantém dois centros atacadistas de alimentos e um supermercado. Também abriga revendedoras de carros usados, academias de ginástica, oficinas mecânicas, depósitos de material para construção e inúmeras lojas de variados ramos.

Recentemente, a região ganhou uma agência do Banco do Brasil. Em pouco tempo, a filial bancária ampliou o número de contas abertas. Entre os clientes, há moradores e comerciantes de São Vicente, cidade que faz divisa com a Zona Noroeste.

Enchentes - A avenida também é o principal corredor de acesso viário da região. Por causa do grande movimento de carros, ônibus e caminhões, alguns congestionamentos ocorrem pela manhã e final de tarde.

O maior problema são as enchentes, que ainda continuam causando grandes transtornos. A reurbanização realizada no ano passado não foi suficiente para acabar com os alagamentos.

Entre as reivindicações dos moradores, está a construção de uma ciclovia, interligando a via ao trecho implantado na Avenida Martins Fontes, no Saboó. O projeto fez parte do plano de governo do prefeito Papa, mas não há previsão de quando será cumprido.


Região possui estabelecimentos dos mais variados ramos e atrai compradores de outros bairros
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

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