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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (H)
Pensar Santos (3)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. Esta série de matérias especiais foi publicada nesse período pelo jornal santista A Tribuna, na edição em que comemorava seu 90º aniversário, em 26 de março de 1983:
 
A idéia surgiu após alguma discussão: por que não entregar Santos a várias pessoas e saber o que elas pensam a respeito da Cidade onde vivem ou trabalham? Foi assim que se fez. Sob o mesmo tema - Pensar Santos -, elástico e livre, deixamos nas mãos dessas pessoas e com suas cabeças a incumbência de traçar um perfil desta Cidade de muitos contrastes. O que cada um fez a seu critério, dentro ou fora de suas profissões. Aqui está o resultado. Veja o que pensam de Santos uma historiadora, um administrador de empresas, uma arquiteta, um advogado e poeta, um médico, um engenheiro e um agente de viagens.

O que Santos deve ter

Gunther Bantel (*)

1) Santos deve ter homens capazes de assumir e liderar o processo para a metropolização da Baixada, deve integrar a Cidade com as demais: São Vicente, com quem reparte a ilha; Guarujá, com quem reparte o porto; Cubatão, com quem reparte a indústria; Praia Grande e Itanhaém, com quem reparte as estradas.

2) Santos deve ter, com Guarujá, um serviço digno de barcas de passageiros e de veículos. A precariedade dos serviços públicos do DH não é compatível com o maior porto do Atlântico Sul e o País não tem recursos para uma obra viária de vulto.

3) Várias ruas em vários bairros podem e devem ser ruas de lazer. Vários terrenos baldios, particulares e dos governos, em especial os que margeiam a Fepasa, devem ser urbanizados para áreas de lazer. Nossas crianças precisam de espaço para brincar. Falta uma lei para esta carência e não custa caro.

4) Nesta cidade transitam 75.000 ciclistas que vão diariamente ao trabalho e à escola e existem mais de 100.000 ocupantes de ônibus, kombis escolares, automóveis particulares que rodam e entopem o trânsito pela Cidade, diariamente. Nesta cidade são atropelados centenas de ciclistas anualmente (façam a estatística). Nesta cidade plana existem várias ruas ociosas, mas perigosas, e passeios inúteis onde trafegam ciclistas fora da lei. Nesta cidade não há, no momento, viabilidade de tráfego de ciclistas com segurança, mas com um bom senso se pode atingir isto, a baixo custo e em poucos anos. Basta uma lei exigindo projetos e obras adequadas às demais necessidades urbanas, em benefício popular e com juízo.

5) Redução da jornada de trabalho, com garantia de emprego, para os desempregados (jovens e chefes de família) interessa aos sindicatos. Ora, se somos um país de jovens e de pobres, é necessário um pacto social para que todos possam sobreviver trabalhando, mesmo que seja com sacrifício da remuneração bruta. Os empresários brasileiros estão querendo salvar o País com melhoria da produtividade, através da seletividade da melhor máquina com os melhores homens, e todos nós esquecemos de salvar o próximo e de que a comunidade, como um todo, precisa ser justa e de direito. A Igreja já está nesta linha. O trabalho é um direito social universal. Portanto, o emprego também.

6) Antes de instituir a Região Metropolitana da Baixada Santista, institua-se a Universidade. A Unesp existe, mas não chegou ao Litoral e é necessária. Temos o maior parque de indústrias químicas, o maior  porto, mas não formamos aqui nossos especialistas de nível superior. Nós os buscamos fora, porque os grupos econômicos que controlam o ensino superior aqui têm outros interesses. É a única região com um milhão de habitantes que, no Brasil, não dispõe de faculdades estaduais e federais.

7) Nova Iorque tem o Central Park e nós temos o Morro Central. Lá é uma praça pública, aqui são favelas, pedreiras, loteamentos. As Câmaras Municipais de Santos e São Vicente precisam acordar e legislar sobre o interesse público de preservar uma área pública no morro. A especulação imobiliária não pode continuar amordaçando 250.000 eleitores (somados os santistas com os vicentinos).

(*) Gunther Bantel é engenheiro, superintendente de Integração Regional da Cosipa e presidente daa Associação dos Funcionários da Cosipa.

A chamada Vila Rica, entre as avenidas Washington Luiz e Conselheiro Nébias, em 2004
Foto: Anderson Bianchi, publicada no Diário Oficial de Santos em 3 de abril de 2004

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