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A cidade e o Porto, antes da ocupação da margem esquerda
Olhe bem estas cenas. E compare
Até aqui, um caminho difícil. E amanhã?
Texto de Lane Valiengo
Fotos: Arquivo A Tribuna
Corremos muito, vencendo a pressa e a urgência do progresso, e acabamos transformando a Baixada Santista em um dos centros mais importantes do País, na área
econômica, com o café, o porto, as indústrias. Convivemos com a mais negra poluição do planeta e oferecemos o lazer a quem dele precisa, venha de onde vier. Ocupamos todos os espaços, até tornar a terra valorizada em excesso e a ilha saturada.
Dos tempos antigos, ficaram as lembranças da inocência, do heroísmo, dos ideais de desenvolvimento e liberdade. Mas as cidades modernas apresentam ciladas difíceis de serem contornadas e
as possibilidades de as pessoas se sentirem felizes são cada vez menores. A facilidade de adaptação do Homem fez com que, aqui, ele acabasse aceitando e convivendo com situações adversas, com a fumaça química que transforma, com o mercúrio que
envenena, com o esgoto que contamina.
A nossa fantasia diária diz respeito à satisfação das necessidades, dos nossos impulsos e desejos. Mas criamos sistemas que exigem demais e não oferecem a recompensa que esperamos. O
concreto assentou-se na areia fina das praias, dificultou a circulação do ar, escondeu o sol, ressaltou a umidade natural dos mangues. E aqui estamos nós, sonhando com a tranqüilidade de um passado que não retorna e fechando os olhos a um futuro
que, fatalmente, exigirá sacrifícios ainda maiores.
Os poucos planejadores que ainda se preocupam em espiar pela janela do amanhã, proclamam a necessidade de reformulação das estruturas urbanas, de disciplinar o crescimento, da ordenação
dos espaços. E da valorização do homem que ocupa a Ilha de São Vicente e suas áreas vizinhas.
As imagens do passado mostram que o caminho até aqui foi penoso, mas indicam que alguma coisa ficou esquecida. O sentimento das pessoas, feridas pelo concreto, e enevoado pela poluição,
foi relegado, e assim continuará até que resolvamos criar os espaços e as condições que nos permitam uma vida um pouco melhor e para muito mais gente.
Do trapiche ao moderno terminal de "containers"; do antigo e tortuoso caminho de terra batida à futurista Imigrantes; da fazendas de cana até o aço e o petróleo, passando,
inevitavelmente, pelo café: tudo passa, tudo se transforma.
Principalmente o homem.
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Vila Mathias, tendo em primeiro plano a Rua Rangel Pestana e quase ao centro a Rua Comendador Martins (interrompida pela área pantanosa dominada pelos
córregos chamados Dois Rios, no futuro bairro do Gonzaga), à esquerda o novo traçado da Avenida Washington Luiz, ao fundo o terreno do Boqueirão (com o casario ao redor
da Av. Conselheiro Nébias)
Imagem: acervo do cartofilista Laire José Giraud
Vista de Santos, ainda com muitos espaços a serem ocupados
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Festa de operários, uma antiga tradição, muitas vezes combatida
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Praça Barão do Rio Branco e igrejas do Carmo, 1900, foto de José Marques Pereira
A missa na velha igreja, no tempo das charretes
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Face Sul da Praça Mauá, no início do século XX
Reprodução da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902, imagem enviada a Novo Milênio por
Ary O. Céllio, de Santos/SP
A Praça Mauá, no início do século
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José Menino, quase na Divisa com São Vicente
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Trapiches da Rua Xavier da Silveira, final do século XIX
Vista dos trapiches da antiga Rua Xavier da Silveira
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A entrada do canal do estuário (Ponta da Praia)
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Largo da Coroação, atual Praça Mauá, vendo-se o chafariz inaugurado em 1846 por D. Pedro II
A vida era tranqüila, as preocupações eram simples, e sobrava espaço
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Trecho da avenida da praia (Avenida Saldanha da Gama),
antes da ocupação pelos edifícios
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