O Paço Municipal, na década de 1930
Foto: coleção Laire Giraud
Paço Municipal
Em estilo Luiz XVI, conforme os registros históricos,
entre eles o livro Veja Santos (1973), de Olao Rodrigues, o palácio que recebeu o nome do Patriarca da Independência foi inaugurado em 26 de
janeiro de 1939, quando Santos comemorava seu centenário de elevação de Vila a Cidade. O prédio tem linhas clássicas, foi construído em cerca de
dois anos, tem acabamento em mármore italiano e jacarandá, além de lustres de cristal da Bohêmia, e recebeu em sua inauguração a visita do então
presidente Getúlio Vargas.
Vista noturna da fachada
Foto: Anderson Bianchi/PMS, Diário Oficial de Santos de 14/1/2004
Em busca de um palácio - O projeto arquitetônico do Paço é de 1936, de autoria de
Plínio Botelho do Amaral, que era engenheiro, pois do início do século até os anos 40 não havia formação específica e os engenheiros adquiriam
preparação em Arquitetura, conforme explica o historiador Arnaldo Ferreira Marques, da Coordenaria da Área Central da Prefeitura, envolvida, entre
outras tarefas, com o Cores da Cidade (N.E.: projeto de revitalização e pintura dos prédios do centro histórico
santista).
Mas até o Paço chegar a palácio, passaram-se quase 400 anos. Ferreira conta que o
primeiro edifício que abrigou o poder político e administrativo da Cidade ficava onde atualmente está localizada a Alfândega, na Praça da República.
Era outro prédio, por volta de 1550, quando o Legislativo governava, pois a Prefeitura passou a existir a partir de 1907.
Aproximadamente em 1580, o governo local passou para a esquina da Rua Martim Afonso
com a Praça da República, edificação demolida em 1869, ano em que a nova sede passou a ser a Casa de Câmara e Cadeia. Ferreira esclarece que era
costume colonial construir edificações com o espaço para as autoridades bem acima dos criminosos, numa alusão simbólica do poder da lei sobre a
desordem.
Ares republicanos - Em 1894, com os ares da República, proclamada em 1889,
começa a ser mais estimulada a idéia de construção de um Paço Municipal mais adequado, amplo, apropriado para os poderes constituídos. Nesse
período, como não haviam recursos para as obras, foi alugado imóvel entre os casarões do Largo Marquês de Monte Alegre, área em frente à Igreja do
Valongo. Ali permaneceu a administração do Município até a inauguração do atual Paço.
Lustre de cristal na Sala Princesa Isabel
Foto: Prefeitura Municipal de Santos
Os documentos
pesquisados por Ferreira apontam que em 1907 foi escolhido o trecho onde hoje fica a Praça Mauá para a construção do Paço Municipal. Um decreto (nº
268, de 12 de julho daquele ano) considerou os terrenos daquela área de utilidade pública para fins de desapropriação, que acabou tendo início em
1908, terminando somente em 1927, devido à falta de recursos. Até 32, há poucas informações, explica o historiador, citando a ocorrência de
demolições e a utilização de parte do espaço para o funcionamento do Horto Municipal. Naquele ano, os terrenos tornam-se praça pública, a pedido do
comércio.
Em 1936, com o projeto do Paço pronto, um empréstimo bancário internacional é
solicitado para completar os recursos disponíveis para a realização da obra. Foram obtidos dois milhões e duzentos e sessenta mil libras esterlinas.
No total, o empreendimento, orçado em quatro mil contos de réis, acabou custando 10 mil contos de réis. Em dezembro daquele ano é iniciada a obra.
Em novembro de 38, um decreto, até hoje vigente, limita a altura dos edifícios ao redor do Palácio a 18 metros. Em 26 de janeiro de 39, é inaugurado
o prédio de seis andares, incluindo o térreo, construído pela Sociedade Technica e Commercial Anhanguera Ltda., tendo como engenheiro responsável
Antônio Bayma.
Simbolismo - A edificação do Paço é repleta de simbolismo, não formalizado em
documentos, mas percebido quando a observação leva em conta, por exemplo, o passado filosófico e de importância histórica de personagens como José
Bonifácio.
Além das estátuas na entrada (Hermes e Minerva, representando o comércio e a
indústria, assim como a sabedoria, implantadas posteriormente) e vitrais com identificações técnicas, apontando a localização dada inicialmente para
os setores, nota-se certa relação, que parece ser proposital, de alguns símbolos relacionados à Maçonaria, instituição de grande influência sobre
Bonifácio e Dom Pedro I, por exemplo. Nomes estes que tiveram participação ativa em movimentos como os da Independência, Abolição da Escravatura e
Proclamação da República.
O Paço Municipal, em meados da década de 1950
Foto: coleção Laire Giraud
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Sobre essa edificação, lembrou o
Diário Oficial de Santos, na edição de 23 de janeiro de 2004:
Construído para abrigar a Prefeitura Municipal, que até então funcionava nos antigos casarões do Valongo,
o Palácio José Bonifácio teve suas obras iniciadas em 1937 e foi inaugurado a 26 de janeiro de 1939, como parte das comemorações do primeiro
centenário da elevação de Santos à categoria de Cidade.
Escultura de Mercúrio, deus do comércio da mitologia greco-latina, na entrada do
prédio
Foto: Anderson Bianchi/PMS, no encarte especial do Diário Oficial de Santos de
24/1/2004
Localizado na Praça Mauá, o prédio é um dos poucos
do Estado construído durante o período áureo do café que ainda mantêm sua estrutura original e decoração preservadas.
Com seus vitrais, escadarias cercadas de pedra lavada, arcos, enormes colunas, lustres
de cristal e pisos de mármore, o Paço Municipal impressiona pela sua beleza e imponência. Seu estilo arquitetônico segue os princípios do Período
Eclético, apresentando características greco-romanas, barrocas e neoclássicas, sem haver uma preocupação com a simplicidade.
Aliás, a grandeza da construção, a qualidade dos materiais e o estilo Luís XVI dos
móveis refletem bem a riqueza da Cidade naqueles tempos. Destacam-se também dentro do edifício o magnífico hall de entrada, o Salão Nobre
Esmeraldo Tarquínio e a Sala Princesa Isabel.
Vista noturna externa, com a Praça Mauá, e o
interior da Sala Princesa Isabel
Fotos: Prefeitura Municipal de Santos
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