Conta a história que, por volta de 1878, em São Vicente, o sr. José Ignácio da Glória - homem de ideias progressistas - pretendeu fundar uma associação para o estudo e prática da fotografia, para a qual, segundo consta, havia escolhido o nome Clube Daguerre. Parece-nos que a iniciativa permaneceu no projeto, pois não ficou "fixada" nenhuma "revelação" dessa entidade.

Não sabemos a razão, mas Marques Pereira (1880/1943) era considerado fotógrafo amador, talvez que, no princípio do século (N.E.: século XX), o adjetivo "amador" qualificava o indivíduo que praticava com amor qualquer arte. Na edição da Revista da Semana (1902) especialmente dedicada a Santos, aparece num clichê o prédio do C. I. Regatas "e ao lado a sede do foto-clube" - do qual não conseguimos qualquer outra informação.

Em 1947, a 1º de outubro, na Rua General Câmara nº 79, sobrado, reuniram-se os srs. Álvaro Lopes, Álvaro Guimarães Júnior, Alcindo Lopes de Azevedo, Aloísio Riccieri, Aquibaldo Serra Filho, Boris Kauffmann, Castor Fernandes, Ezio Moretti, Francisco de Domenico, Jeferson de Mesquita, Luiz Proost Melchert, Manuel Lopes, Mário Cardoso, Nilo Pisani, Olegário Ribeiro e René Ferreira, "todos brasileiros, amadores, praticantes amadores da fotografia e cinematografia" e fundaram o Foto Clube de Santos, que teve atuação destacada até 1951, quando seus membros, simplesmente, deixaram de se reunir e assim desapareceu o Foto Clube de Santos.

No dia 31 de outubro de 1952, no estúdio do fotógrafo Ferrucio Battistoni, grupo formado pelos senhores Dalmo Teixeira Filho, A. Vasques, Ferrucio Battistoni, Antônio Nascimento, Odair Rudge, Antonio Rudge, Victor Lovechio, Hélio Verdinassi, Walter Henriques, Nelson Rosas, Pedro Bandeira Júnior, Olavo Machado, Henrique Zanotto e outros amantes da arte fotográfica e cinematográfica, fundou o Santos Cine Foto Clube, o qual organizou o primeiro salão nacional (1953) e o internacional (1954/1963).

Até 1966 o SCFC foi considerado a entidade mais ativa do Estado de São Paulo, quando, por questões administrativas e internas, deixou de funcionar. Seus antigos associados preferiram desprezar o patrimônio e a tradição do SCFC para fundar outro, em 7 de março de 1969, com o nome de Clube Foto Amigos de Santos, cujos fundadores foram: Dalmo Teixeira Filho, Mair Pereira Leite, Ferrucio Battistoni, Abdon Gomes de Castro, Pedro Paulo Costa Martins, Aristides Alves Dias Filho, Sue Vitor de Morais, Elizabeth Pacheco Bruno, Ana Maria Vivian, Lino Freschet, Antonio Carlos da Silva Serra, Michael David Petty, Nelson dos Santos, Arno Bassani, Djalma Banks Loureiro, Pedro de Carvalho Júnior, Hideo Tonchiya, Sylvio Basile, Massao Chida, Celso Alvarez Ozores, Antonio Carlos Sales, Armando Assumpção Borges, Orlando L. de Castro, Elysiário Távora dos Santos, Newton Soares Cerqueira, Antonio Costa Manaia, Rubens Onofre, Cid Banks Loureiro, Corina Chida, Boris Kauffmann, Amaro Francisco Tavares, Raimundo Maia Saraff de Resende, Antonio A. Capella, Nelson Guedes e Álvaro Lopes.

O Clube Foto Amigos de Santos, em seus três primeiros anos de existência, já participou de dezenas de salões nacionais e internacionais de Arte Fotográfica, sempre com real destaque. Tem organizado concursos internos mensais, exclusivamente para seus associados, certames fotográficos diversos, abertos aos foto-amadores em geral, e realiza periodicamente cursos básicos de Fotografia.

Alguns dos integrantes de seu quadro associativo têm logrado sucesso em concursos de âmbito nacional e internacional, nos moldes dos realizados pela revista Realidade e no Cores e Sorrisos.

O CFAS funciona regularmente durante toda a semana, de segunda a sexta-feira, em sua sede social, à Rua Manoel Vitorino, 71, no Gonzaga, onde é sempre grande o número de aficionados que buscam seu bem equipado laboratório fotográfico para a confecção de fotos destinadas aos concursos internos ou ao salões nacionais e internacionais.

Grande é também a frequência aos cursos básicos de Fotografia, nos quais os menos esclarecidos buscam o necessário e indispensável aprendizado e os já iniciados praticam um melhor aprimoramento de seus conhecimentos técnico-artísticos.

Foto Amigos incentiva produção amadora

Se vai demorar algum tempo na rua, por motivos de compromissos familiares ou pessoal, Julio Escobar gosta de levar a máquina fotográfica na mochila.

Como não sabe o que pode encontrar no meio do caminho, ele não quer se lamentar por ter perdido um estonteante registro do fim de tarde ensolarado, o detalhe de uma fachada, um diferente ângulo de um homem deitado no banco de praça, ao lado da garrafa de pinga.

Não importa se por hobbie ou profissão, para uma legião de apaixonados fazer fotografia é estar com os olhos preparados para se deparar com o inesperado.

Este estado de espírito move os associados do Clube Foto Amigos de Santos (CFAS), que existe desde 1969, mas é pouco conhecido pela maioria dos santistas.

Para curtir a fotografia como hobbie, os associados se reúnem frequentemente para trocar conhecimentos, experiências, fazer novas amizades e sair para fotografar juntos.

A paixão pelo registro fotográfico já fez o grupo ir a Paraty (Rio de Janeiro), Vila Paranapiacaba (Santo André), Usina de Itatinga (Bertioga), além de outros lugares em São Paulo.

A associação considera os passeios uma grande oportunidade para aperfeiçoar a técnica e produzir material para inscrever em concursos.

Prêmios – Atualmente, a entidade tem cerca de 100 sócios e vem atraindo novos apaixonados. "A procura cresceu nos últimos anos e acredito que deverá crescer mais. A popularização da (máquina) digital tem colaborado a mais pessoas gostarem da atividade", diz Escobar, que é diretor de comunicação do Clube Foto.

Como o apreço pela fotografia é grande, ultimamente, muitos associados estão concentrados em capturar uma bela imagem para inscrever na XXVII Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco, que acontece em março, em São José do Rio Preto.

A expectativa de ir bem na competição é grande. Nos últimos anos, o Clube Foto Amigo de Santos conseguiu boas colocações. No ano passado, a entidade ficou em quarto lugar na XVII Bienal de Arte Fotográfica Brasileira Cores e ainda obteve a oitava posição na II Bienal Natureza em Cores.

O presidente do Clube Foto Amigos de Santos, Luiz Manuel Teixeira da Costa, diz que a qualidade do trabalho dos concorrentes costuma ser de alto nível. "São bons trabalhos. Se tivéssemos mais associados. Se tivéssemos mais associados, certamente, as nossas chances aumentariam de ganhar e destacar o nome de Santos, em outras cidades", afirma Costa.

Desejo: nova sede – Atualmente, o CFAS está instalado na Rua Paraná, 114, na Vila Mathias, e funciona na parte superior de um sobradinho. Alugado, o imóvel tem três acanhadas salas, o que acaba sendo restritivo para atender visitantes de exposição e novos alunos. É no mesmo endereço que se ministram os cursos de introdução e edição. Nada parecido com a estrutura do antigo imóvel, que a Prefeitura pediu de volta, há quase três anos.

Segundo Escobar, o prefeito João Paulo Papa, em certa ocasião, no ano passado, acenou com a possibilidade de destinar "espaço razoável" para o clube realizar exposições e ministrar aulas. "Até agora não tivemos uma resposta oficial, mas estamos esperando ele nos dar essa boa notícia".

Não bastasse a dificuldade em manter a sede, com a mensalidade (R$ 20,00) dos associados, o Foto Amigos enfrenta a resistência de alguns empresários locais em ceder um espaço para expor fotos.

"Só queremos um lugar que tenha grande fluxo de pessoas para expor por um prazo determinado. A montagem e o que mais for preciso fica por nossa conta. Não consigo entender a resistência em ser parceiro de algo que todo mundo gosta de apreciar", diz Escobar.

Conservadorismo à parte, o presidente da entidade diz que a intenção da associação é não esmorecer e continuar a sua principal missão: estimular a prática da fotografia.

Serviço: o Clube Foto Amigos de Santos fica na Rua Paraná, 214, Vila Mathias, de segunda a sexta-feira, das 19 às 22 horas, e sábado, das 14 às 18 horas. Outras: http://site.fotoamigos.com.br ou 3235-7478.

Clube Foto Amigos funciona em um sobrado e lá são mantidos equipamentos antigos e também um estúdio, disponível a todos associados
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria

Avanço da tecnologia é que popularizou o hobbie

Em outros tempos, a fotografia foi apenas um hobbie para poucos. Afinal, a brincadeira custava caro. Não era barato o equipamento e, muito menos, a revelação dos rolos de filme. Com o surgimento da fotografia digital,no fim dos anos 1980, o cenário ganhou outra configuração.

A mudança de tecnologia (analógica para digital) e a queda de preço dos equipamentos contribuíram para atrair uma nova legião de apaixonados por fotografia.

A consequência foi também aumento de foto-clubes. Em 2004, haviam 17 clubes de fotografia no Brasil. Oito anos mais tarde, já são mais de 90, segundo a Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto).

"Hoje, por um valor entre R$ 400,00 e R$ 600,00, é possível comprar um equipamento e começar a tomar gosto pelo hobbie. Isso foi um grande avanço", diz o presidente da Confoto, Ourivaldo Barbosa do Valle.

Segundo ele, o perfil dos aficionados é bem variado. "Existe desde dona de casa até profissional liberal bem-sucedido. Eles têm em comum o prazer em fazer fotos e trocar ideias com pessoas que também gostam. A grande maioria não tem intenção de se profissionalizar".

Valle diz que foto-clube dá a oportunidade em aperfeiçoar mais rápido a arte da fotografia do que apenas ficar fazendo imagens e mostrando para a família. "A avó irá elogiar, mas não tem o olhar crítico que enriquece o crescimento. É aí que considero importante fazer um intercâmbio com quem realmente gosta e entende um pouco mais".

O presidente Luiz Teixeira diz que qualidade dos trabalhos é alta
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria