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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Clube Sírio-Libanês (3)

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Em 2011, o Clube Sírio-Libanês fez uma permuta de espaço, entregando o terreno de sua sede social a uma construtora erguer um complexo residencial-hoteleiro, recebendo novas instalações. O fato foi registrado na edição de 21 de julho de 2011 do jornal santista A Tribuna, nas páginas A-1 e A-8:
 


Construída em 1976, a atual sede do Sírio-Libanês ficou conhecida pela realização de shows e de concorridos bailes de Carnaval. Eventos que ficarão na memória de muitos

Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria, na página A-1

Sírio-Libanês cede área para construção de hotel e prédio - Em cerca de um mês e meio a sede do Clube Sírio-Libanês, na Avenida Ana Costa, começará a ser demolida. A maioria das atividades já foi suspensa e dos 13 funcionários, só oito permanecem. No terreno de 5.350 m², a construtora Odebrecht erguerá um hotel, um prédio de apartamentos e as novas instalações da agremiação. As obras devem durar 36 meses e, enquanto isso, a diretoria do Sírio negocia uma casa para servir de sede provisória.


Clube Sírio se despede, mas é 'até mais'

Em um mês e meio Odebrecht assume terreno, que terá hotel, prédio de apartamentos e nova sede. Obras devem levar três anos

Ronaldo Abreu Vaio

Da Redação

Nada é eterno. Da Filosofia ao senso comum, essa é uma verdade que nem as pedras conseguem contradizer. Vide a sede do Clube Sírio Libanês, na Avenida Ana Costa, 473/477.

Construído em bons tijolos e cimento, o prédio que abriga o clube desde 1976 começará a deixar de existir em cerca de um mês e meio, quando a construtora Odebrecht assumir o terreno.

A maioria das atividades já foi suspensa. Os cursos de dança, kung fu e boxe society foram desativados. Os bailes aos domingos também já integram o rol do passado. Dos 13 funcionários fixos, permanecem oito. O último evento será um show do grupo de reggae Planta e Raiz, em 12 de agosto.

Agora, o Sírio negocia uma casa, na Rua Tolentino Filgueiras, para servir de sede provisória, enquanto a permuta entre o clube e a construtora se materializa: no terreno de 5.350 m², entre a Avenida Ana Costa e a Rua José Caballero, serão erguidos um hotel, um prédio de apartamentos e a nova sede do Sírio. A estimativa é de que o complexo esteja concluído em 36 meses, após o início das obras.

"Sinto-me triste e, ao mesmo tempo, feliz. O passado marca a gente. Meus filhos cresceram nessa sede. Mas, por outro lado, vamos ter um clube chique, maravilhoso", diz Nelson Seirafe, atual presidente.

Se o passado "marca a gente", a primeira lembrança de Seirafe dessa sede é a mais longínqua possível: ainda da inauguração. Escapam-lhe os detalhes, mas ele é categórico ao afirmar que foi inaugurada com um show da cantora Elizeth Cardoso, então no auge da forma.

A lembrança é antiga, mas não a mais marcante. Essa foi a de um baile do Havaí, já em 1990. A decoração tomou conta de todas as dependências do clube, do estacionamento à piscina, passando pelo salão social. "Caiu lágrima dos meus olhos. Não havia uma pilastra que não estivesse4 decorada com frutas".

TRISTE

"É muito triste saber (que esse prédio vai desaparecer). Mas, no fundo, é melhoria".

Claudenor Domingos dos Santos, 52 anos, administrador há 14 do Clube Sírio-Libanês

Carnaval cálido – A decisão de fundar o Clube Sírio-Libanês de Santos aconteceu em uma reunião, em 6 de outubro de 1952, nas dependências do antigo Clube Atlético Tocantins (esquina da Rua Marechal Deodoro com Praça Independência). No encontro havia mais de uma centena de representantes da colônia sírio-libanesa da Cidade. Dentre eles, os tios de Seirafe.

Aos 68 anos, o atual presidente enche a boca para dizer que nasceu dentro do clube. "Comecei a minha vida aqui".

Por "aqui", entenda-se a terceira sede, no mezanino do complexo do Atlântico Hotel, já no início dos anos 60 As outras duas sedes anteriores foram em uma sala, na Rua Marechal Deodoro, 7, e em uma casa, na Avenida Ana Costa, 468.

Mas foi no Atlântico Hotel que o clube começou a prosperar. Com a venda de títulos, comprou o terreno da Avenida Ana Costa, 473/477. No final dos anos 60, começou a construção da sede, que agora se despede do mundo.

Foi erguida por partes: primeiro, o salão social, com 700 m², e seus anexos; depois, a piscina e as partes superiores do prédio.

Era meados dos anos 70 e o Sírio já despontava como o clube dono de um carnaval mais quente do que as cálidas noites de fevereiro. "Um carnaval para adultos", reconhece Seirafe. "Era tradição: na última noite, todo mundo se jogava na piscina", sorri.

Mas os carnavais do Sírio eram muito mais. Uma rápida visita à sala de troféus do clube atesta isso. Durante três anos consecutivos, em 1975, 1976 e 1977, foi campeão da festa, em animação.

O troféu era conferido pelo radialista e apresentador Sérgio Baccarat. Segundo se recorda Seirafe, durante as quatro noites, Baccarat e sua equipe iam de clube em clube, de baile em baile, para escolher os mais animados.

Grandeza

44 milhões é o valor da permuta com a Odebrecht

22 andares terá o edifício residencial

250 apartamentos serão construídos no hotel

 

Esportes e atividades – É também na sala de troféus que se observa: o carnaval era apenas uma parte do Sírio. Embora a estante contendo os troféus esteja roída pelas brocas, dentro dela permanecem intactas as memórias de conquistas nas quadras, campos e piscinas.

"Cerca de 80% dos troféus são de futebol, de torneios interclubes", calcula Seirafe.

Curiosamente, dois dos troféus – dos cerca de 150 da sala – que mais chamam a atenção, nada têm a ver com futebol. Um é do primeiro lugar no voleibol, nos Jogos Abertos do Interior, de 1959, disputados em Santo André. Provavelmente, a equipe do Sírio representou a Cidade naquela oportunidade.

O outro é de um torneio de tênis de mesa, de 1986, disputado em Assunção, no Paraguai. O troféu se refere ao terceiro lugar. Uma façanha e tanto, considerando quem conquistou o primeiro e o segundo lugares. "Foram as seleções A e B da China", relembra Seirafe. "Nós representamos o Brasil".

Essa grandeza Seirafe espera encontrar na nova sede. E não tem dúvida. "Será um clube rico, que vai se autogerir".

A Tribuna entrou em contato com a assessoria de imprensa da Odebrecht, para saber mais detalhes sobre o empreendimento, como a bandeira do hotel, por exemplo. Mas, até o final desta edição, não teve resposta.

Apego

Janaína Serra já é professora de Dança do Ventre no Sírio-Libanês há 10 anos – a única modalidade que, por seu forte vínculo cultural com a comunidade sírio-libanesa, acompanhará o clube na sede provisória. Apesar disso, a atual sede deixará saudade. "A gente acaba se apegando ao local", comenta.

Também, pudera: foi lá que Janaína deu os primeiros passos na dança, aos 15 anos. "Fiz dança folclórica árabe durante dois anos". Tempos depois, retornou como professora. Hoje, tem cerca de 80 alunas. Apesar do vínculo emocional com o local atual, acredita que a nova sede virá para o melhor. "Vai ter um conforto maior, deve atrair mais gente".

O novo clube

A nova sede do Sírio Libanês terá piscina, sauna, salões de jogos e de festas e academia, distribuídos nos 3 mil m² de área útil. Também contará com um estacionamento para 100 carros e fachada voltada para a Avenida Ana Costa. Como fonte de renda extra, está previsto que o Sírio tenha participação de 25% na receita do hotel.


Prédio que abriga o clube desde 1976 vai dar lugar ao novo empreendimento.

Último show será dia 12

Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria


Vista por satélite: o clube antes da demolição, tendo à esquerda a frente para a Avenida Ana Costa e à direita os fundos para a Rua José Caballero, no Gonzaga

Foto: Google Maps, consulta em 13/10/2011


Lopes/Franz/Odebrecht - hotel e edifício residencial Legend no lugar do Clube Sírio-Libanês
Publicado no jornal santista A Tribuna, em 15 de outubro de 2011, página A-5