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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROCISSÕES - 2
Nossa Senhora de Nazaré e Santa Terezinha

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Já em 1978 era curiosa a comparação entre duas procissões religiosas ocorridas em Santos, registradas pelo editor de Novo Milênio, então redator do jornal santista A Tribuna, na edição de 9 de outubro de 1978:


Muitos fiéis, coro e banda na procissão de Nossa Senhora de Nazaré
Foto publicada com a matéria

O contraste nas festas para N. Sra. de Nazaré e Santa Terezinha

Duas missas, duas procissões. A primeira, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, na Igreja da Pompéia. A segunda, homenageando Santa Terezinha, na capela do morro do mesmo nome. O contraste: na Pompéia, quase mil participantes lotando a igreja, coro e banda, autoridades carregando o andor, pompa; no Morro de Santa Terezinha, apenas 100 pessoas bastaram para lotar a capela, nenhuma autoridade, uma moça tocando violão na missa, simplicidade. Ambas as homenagens ocorreram na manhã de ontem, e talvez tenha sido essa a única coincidência.

Pompéia - Na Igreja da Pompéia, a programação previa inicialmente missa às 9h30, rezada pelo monsenhor Benedito Vicente dos Santos, vigário daquela paróquia. Ao final, os quase mil participantes leram a Oração de Nossa Senhora de Nazaré, como é feito nas missas do segundo domingo de cada mês, naquela igreja.

Na seqüência, o andor com a imagem da santa homenageada foi levado para fora do altar, pelas mãos de várias pessoas - entre elas o deputado federal Athiê Jorge Coury, o secretário municipal Carlos Varella Lamberti, do Turismo, Cultura e Esportes (que, acompanhado da esposa, assistiu à missa, como as demais autoridades presentes0; o provedor-mor da Santa Casa, José Gomes da Silva (aliás, o coro da Santa Casa foi convidado a participar da missa). A procissão, acompanhada pela Banda Carlos Gomes (executando o Hino a Nossa Senhora de Nazaré) prosseguiu por diversas ruas do bairro, enquanto os sins da igreja repicaram seguidamente.

Na missa e na procissão, membros da Sociedade Amigos da Amazônia estiveram presentes e inúmeros folhetos foram distribuídos ao público, lembrando a origem amazônica da festa no Brasil (de fato, a 1ª festa do Círio de Nazaré foi organizada por d. Francisco Coutinho, governador do Pará, em 8 de setembro de 1973. Mas o culto à Virgem de Nazaré é originário de Portugal. No Pará, o primeiro devoto da santa foi, segundo a história, um homem simples, de nome Plácido, que encontrou a imagem durante uma caçada, em outubro de 1700, e a levou para sua casa. Mas ela sumiu e foi novamente encontrada na floresta, sendo por ele novamente levada para sua casa. Várias vezes isso aconteceu, e surgiu assim a história dos milagres. O ponto onde a santa foi encontrada é hoje local do altar-mor da Basílica de Nazaré.

Mas os membros da Sociedade Amigos da Amazônia também lembravam que à noite haveria em sua sede social, no número 33 da Rua Ceará, uma reunião festiva em comemoração ao Dia de Nossa Senhora de Nazaré, e também ao aniversário da entidade, fundada em 13 de outubro de 1949 por um grupo de emigrantes daquela região. Tacapá, pato ao tucupi, vatapá, maionese de pirarucu, mexicano e bolo de macaxeira foram algumas das iguarias de origem nortista saboreadas pelos participantes dessa festa.

Santa Terezinha - Exatamente cem pessoas participaram da festa de Santa Terezinha, no alto desse morro. Com meia hora de atraso, começou às 11h30 a procissão, que saiu da capela e foi até o outro lado do belvedere ali existente, retornando pelo mesmo caminho. Músicas e orações em louvor à santa foram entoadas, tendo sido também realizada uma missa na capela pelo cônego Lúcio Floro Graziozi, que orientou os preparativos da festa, como pároco de São Paulo Apóstolo (paróquia à qual a capela está subordinada).

Os festejos são realizados já há alguns anos, mas desta vez houve, como inovação, a Marcha das Velas, realizada no sábado à noite, quando os moradores subiram até o alto do morro, onde está a capela - erguida há cerca de 35 anos em homenagem à santa. Aliás, em 1975 a capela passou por ampla reforma interna e externa e retomou as festividades pastorais, com missa domingueira às 9 horas, celebrada pelo cônego Lúcio Floro (é quando muitos visitantes aproeitam, já que normalmente não é cobrado o pedágio para os participantes da missa, no acesso ao morro).

Ontem, além da missa e procissão, foi também servido um almoço de confraternização no prédio do antigo cassino, no alto do morro, para o qual eram esperadas cerca de 200 pessoas.


No Morro de Santa Terezinha, cerca de 100 pessoas nas festividades
Foto publicada com a matéria


Hino de Nossa Senhora de Nazaré
Euclides Faria

Vós sois o Lírio mimoso
Do mais suave perfume
Que ao lado do Santo Esposo
A castidade resume,

CORO

Ó Virgem Mãe amorosa
Fonte de amor e de fé
Dai-nos a benção bondosa
Senhora de Nazaré

   B
 I
 S

Quando na vida sofremos
A mais atroz amargura
De vossas mãos recebemos
A confortável doçura,

E lá da celeste altura,
Do vosso trono de luz,
Dai-nos a paz e ventura
Do vosso amado Jesus

Folheto da Sociedade dos Amigos da Amazônia, divulgado em 1978 durante a festa realizada na igreja santista de Nossa Senhora do Rosário da Pompéia, assim divulgava a história da santa e seus milagres:


Cartaz da festa em 1978

Origem do círio - Em 1790 assumiu o cargo de governador do Pará d. Francisco Coutinho, que, emocionado com a devoção à Santa, organizou a Feira de Nazaré, a realizar-se em redor da ermida construída no local da antiga choça, e ainda cercada de densa mata, determinado que as canoas deveriam dirigir-se para aquele local a partir de agosto, para comerciar. Ao mesmo tempo, organizou uma grande romaria para acompanhar a trasladação da Santa do Palácio do Governo para a Ermida. Assim, no dia 8 de setembro de 1793 foi realizado o primeiro Círio, 93 anos depois do encontro da imagem.

O Círio tem passado por diversas transformações. Só o Carro dos Fogos ainda é de tração animal. Os outros são carretas com rodas de borracha. O Carro dos Fogos, seguindo a tradição, é puxado por um novilho bravo.

Ainda hoje, na frente do Círio marcha um piquete de Cavalaria, com seus toques de clarim, como no século XVIII.

O culto de Nossa Senhora de Nazaré - O culto à Virgem de Nazaré teve origem em Portugal. No Pará, conta a história que foi um homem simples, de nome Plácido, morador na estrada de Utinga, o primeiro devoto da Santa. Plácido rezava todos os dias frente a uma imagem encontrada num tronco de madeira, no meio da floresta, durante uma caçada. Era um taperebazeiro. Em outubro de 1700, Plácido encontrou a imagem vestida de escarlate e azul, sustentando nos braços um menino a brincar com um globo. Examinando a imagem, descobriu alguns papéis costurados no forro da manta e ficou sabendo que aquela era uma cópia de Nossa Senhora venerada em Portugal, na Vila de Nazaré, próximo a Leiria, na Província de Extremadura.

Plácido levou a imagem para sua casa e chamou os amigos para rezarem, dando início à devoção da Virgem. No dia seguinte, foi surpreendido com o desaparecimento da imagem. Triste, voltou para o trabalho, acabando por encontrar a Santa novamente no pé do taperebazeiro. Novamente trazida para a choupana, outra vez fugiu para a floresta. Assim começou a surgir a história dos milagres.

Plácido então construiu uma choça junto ao tronco do taperebazeiro, local onde agora é o altar-mor da Basílica de Nazaré. A imagem que hoje sai no Círio não é a imagem original, que somente por duas vezes saiu do nicho do altar-mor da Basílica. Uma vez, durante o Congresso Eucarístico de Belém, em 1954, e outra na festa do Círio de 1972, quando foi descida até o andor, dentro da Basílica, de onde não saiu.

O milagre dos marujos - As flores balançam ao sabor da brisa dos campos. O canto das aves quebra, de quando em quando, o silêncio daquele paraíso sublime. O mar projeta-se ao infinito, mostrando pequenas maresias pelo caminho. Aqui, a planície imensa. O céu azul é o convite perene para minhas divagações. Ali, onde sinto a presença de Deus na quietude da natureza, é que rememoro o milagre dos marujos naquela tarde de tormenta.

Corria o ano de 1884. A imagem de Nossa Senhora estava precisando de reparos. Como os santeiros de Belém do Pará não pudessem proceder ao trabalho artesanal, o devoto Lúcio Machado custeou a restauração, remetendo-a a Lisboa.

Obtidas as licenças eclesiásticas, foi a imagem embarcada em um escaler com destino ao veleiro de dois mastros chamado São João Batista, que a conduziu à capital portuguesa, onde foi restaurada.

Dois anos após, a 14 de julho, essa mesma embarcação, que já retornava com a santa imagem, foi apanhada por violento temporal e foi a pique. Os que puderam sair com vida entraram, por coincidência, no mesmo escaler que conduzira a Virgem e enfrentaram o mar, sem alimentos e água potável.

Nestas circunstâncias, pediram em grupo para que N.S. os salvasse e prometeram ir ao Santuário de Nazaré, levando a pequena canoa a pau e corda para que permanecesse na sala dos milagres.

Como nossa Mãe não esquece seus filhos, depois de vagarem quatoze dias ao sabor das ondas, nenhum deles morreu e foram dar finalmente às costas da Guiana francesa. Os naturais ofereceram-lhes roupas e alimentos. Deram mais: o transporte no navio madeireiro Mesagran até o Ceará, onde embarcaram sãos e salvos para Belém do Pará. Consigo levavam a pequena embarcação para o pagamento da promessa.

Por esse milagre é que se conduz o brigue São João Batista na monumental procissão do Círio de N. S. de Nazaré e que se diz: "padroeira dos paraenses e de todos os navegantes".

Adonay Lopes


Folheto de divulgação da festa em 1976

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