Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0107z13.htm
Publicado em 27/11/2024 07:32:27
Clique na imagem para voltar à página principal

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CINEMA
O cinema em Santos (39)

Leva para a página anterior
Esta é uma história de cinema, mas que não passou nas telas grandes ou pequenas... Tem suspense, emoção, juiz, dinheiro, aspectos sombrios a desvendar, mas não foi roteirizada para um filme. É uma história real. Aconteceu em Santos, envolvendo a falência do cinema Paramount:


Prédio do Paramount, logo após o fechamento da empresa
Foto: acervo FAMS

A estranha falência do Paramount

Apresentado como "o mais central", o Cine Paramount foi instalado pela firma Scarpini & Vetró em 28/12/1928, no local do antigo Theatro Parisiense - Rua Visconde de São Leopoldo, 1, esquina da Rua Vasconcelos Tavares e da Praça Rui Barbosa, no Centro, por onde passavam linhas de transporte para quase toda a cidade.


O cinema foi inaugurado no dia 28 de dezembro de 1928 pela empresa Scarpini & Vetró
Jornal Praça de Santos, 29/12/1928, página 4

Seu maior diferencial era promover matinês diárias e sessões especiais para moças. O primeiro filme exibido foi a comédia Haroldo, o veloz (Speedy), após a bênção do prédio pelo padre Rizzo, representando o bispo diocesano.


Cine Paramount, que já foi Cine Theatro Parisien ou Parisiense, ao lado da Igreja do Rosário, cerca de 1938
Jornal A Tribuna, 26/1/1939, página 36 do arquivo PDF

Em 31/10/1930, publicou no Diário de Santos o anúncio da "sensacional inauguração dos novos espetáculos mistos de palco e tela, com os melhores filmes e os melhores artistas!...", com a comédia Lua de Mel e o filme Rendez-vous da Meia Noite (com Mary Brian) e no palco o imitador Genesio Arruda.



Em maio de 1929, o destaque era para o filme Senhorita, lançado em 1927 e estrelado por Bebe Daniels e James Hall
Jornal Praça de Santos, 10/5/1929, página 8. Cartaz do filme: acervo IMDB

Em 9/8/1931, anunciava a exibição de Luzes da Cidade, de Charles Chaplin, junto com o Fox Jornal n. 23 e o filme Em Nome da Amizade, da Fox, com George Levy.


O Paramount anunciava em 1930 espetáculos mistos de palco e tela
Jornal Diário de Santos, 31/10/1930, página 6



Cine Paramount era “O mais central”, instalado no prédio antes ocupado pelo cinema Parisiense
Jornal Gazeta Popular, 12/12/1931, página 3

Em 30/6/1948, o cinema exibiria Tarzan e a Caçadora.


Em meados de 1948 estas eram as sessões do Paramount, que ficaria em atividade até 11/1964
Jornal Correio da Tarde, 30/6/1948, página 3

Em 1/11/1964 publicou sua última programação, e dias depois começaram os anuncios de venda de mobiliário e contratação da empresa de demolição do prédio.


Último anúncio de programação do Paramount, na véspera de Finados de 1964
Jornal A Tribuna, 1/11/1964, página 5 do 2º caderno

E aqui começa uma nova história. Acontece que a Imprensa contemporânea percebeu algumas incongruências no processo de fechamento do cinema:


No final de 1929, foi requerida a falência do proprietário do cinema, mas não passou em branco a manobra jurídica
Jornal Praça de Santos, 22/12/1929, página 3

Esta é a matéria publicada em 22 de dezembro de 1929 (página 3) no jornal Praça de Santos (ortografia atualizada nesta transcrição):

FORO DE SANTOS
Uma falência curiosa

Foi requerida, há pouco tempo, a falência de José Vetró, proprietário do Cine Paramount. O juiz nomeou síndico da massa o sr. Antonio Ventriglia. Agora, a curiosidade do fato: o síndico sr. Ventriglia fez um contrato com um dos credores da massa - a Paramount Films - para explorar o cinema, mesmo durante o período da falência, em benefício exclusivo dele contratante!

Aí, porém, não esbarra a originalidade dessa falência. Há outra coisa admirável: o falido José Vetró foi testemunha no contrato firmado entre o síndico e um dos credores da sua própria falência.

E os outros credores? E a massa explorada, não em benefício desses credores, mas do síndico?

Perguntas inocentes, de respostas difíceis.

Sabemos que um dos credores impugnou o contrato audido, mostrando a incompatibilidade moral e jurídica do síndico para explorar, em benefício próprio, a massa que lhe foi confiada.

Sabemos, porém, que o magistrado presidente do feito mantaeve o síndico e o contrato.

Está certo?

Respondam os doutos na matéria...



Nas semanas seguintes ao fechamento, a venda das poltronas e o anúncio do fim do prédio
Jornal A Tribuna: poltronas, em 20/11/1964, página 19 e demolição em 1/12/1964, página 26



Edifício do Cine Paramount, já desativado, na esquina das ruas Visconde de São Leopoldo e Vasconcellos Tavares. O alargamento da São Leopoldo motivaria o desmanche do prédio
Foto: Acervo FAMS.

Leva para a página seguinte da série