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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CINEMA
O cinema em Santos (8)

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Os amantes do cinema-cultura também têm seu espaço, na Cinemateca de Santos, criada pelo francês Maurice Legeard em 1990. Sua história e as suas atividades são descritas nesta matéria do jornal semanário Boqueirão News, edição de 7 a 13 de dezembro de 2002:
 


ESPAÇO DE RARIDADES - A Cinemateca, ...
Foto: Fábio Peres Passos, publicada com a matéria

CINEMATECA
Reduto de cultura

Fábio Peres Passos (*)
Colaborador

Equipamentos projetores poloneses e alemães, de 8, 9 e 16 mm, datados de 1920, filmadoras antigas raras, um extenso arsenal de discos e trilhas sonoras famosas, uma biblioteca que engloba livros de diferentes vertentes culturais, com mais de dois mil volumes, de origem inglesa, húngara, checa, soviética, búlgara e italiana. E mais, produções cinematográficas representativas do cinema mundial, que atualmente somam mais de dois mil títulos, para o qual existe uma bancada especial de filmes brasileiros. Esta é apenas uma parte do acervo da Cinemateca de Santos, fundada em 1980 pelo francês Maurice Armand Marius Legeard, após o fim do primeiro Clube de Cinema de Santos, uma extinta criação também advinda da mente deste grande agitador cultural e amante da sétima arte, falecido em 1997.

Ao longo de todos os anos de sua vida, totalmente dedicados a iniciativas culturais, Maurice foi colecionando este material, que entre documentos históricos de conteúdo indelével, destacam-se obras como Hollywood, de David O. Selnick's, um dos únicos livros originais de 1980 no mundo, com o convite da estreia do filme de King Kong somente reservado à imprensa, e a coleção A Cena Muda, uma série de enciclopédias sobre cinema da década de 40 até os anos 60.

Uma outra gama de relíquias está à disposição para consulta na Cinemateca, em diversas pastas, com fotografias originais de filmagens, que inclui uma coleção raríssima de O Pagador de Promessas; recortes, publicações, cartazes, críticas e pôsteres, num total de 14.000 itens.

Procurada principalmente por aficionados do cinema de arte e estudantes universitários, a Cinemateca sobrevive de doações de terceiros e com uma pequena verba remetida pela Secretaria de Cultura Municipal, que também empresta o projetor para a realização de sessões de cinema.

Atualmente nas mãos de Patrícia Legeard e Renato Oliveira, filha e genro de Maurice, este antro de cultura continua seguindo os mesmos postulados básicos e objetivos de sua criação: entreter, conscientizar e valorizar a arte, através dos debates e discussões que seguem à exibição dos filmes, no qual já participaram conhecidos atores, críticos e diretores nacionais, como Ozuald Candeias e Carlos Reichenbach.

As dificuldades enfrentadas, no entanto, ainda são muitas, se não maiores do que em outros tempos. Contudo, a herança deixada por Maurice tem um valor incalculável e importância eterna aos olhos das diversas pessoas que ajudaram a construir a história do local. "No passado pensamos em nos desfazer da Cinemateca pelos vários problemas administrativos que tínhamos, devido à situação financeira difícil. Hoje temos plena certeza de que isto tudo não tem preço e vamos continuar levando este espaço à frente, custe o que custar", desabafa Patrícia.

Recentemente a Prefeitura de Santos avaliou o valor do material da Cinemateca, assim como o fez uma universidade. Porém, o tratamento dado a todo o acervo não agradou a Patrícia e Renato. "Soubemos que a Prefeitura iria promover um desmanche em tudo isso, distribuindo o material por diversos lugares. Os livros iam para a biblioteca, as fitas para a Videoteca Municipal e assim fariam com o resto do acervo", afirma Renato.

A persistência em seguir os passos do pai, desde então, tem recompensado o esforço para manter a Cinemateca em posse da família. Os ciclos e mostras de cinema continuam a existir, com grande aceitação do público, e o sucesso dos debates tem proporcionado aos frequentadores uma noção maior dos assuntos que refletem a atual situação da nossa sociedade.


...fundada em 1980 por Maurice Legeard, ... 
Imagem: Fábio Peres Passos, publicada com a matéria

Filmes de loucura - Mesmo a duras penas, Patrícia continuará com seus projetos no ano de 2003. "Já em janeiro pretendemos fazer uma mostra sobre filmes antimanicomiais, um assunto bastante polêmico, pois os métodos de correção destes lugares são violentíssimos", afirma indignada.

Neste ano já foram realizados ciclos de bastante relevância para a formação e discussão de opiniões, como a última mostra de cinema marginal americano, no mês de setembro, no qual os assuntos tratados ajudaram os participantes a compreender melhor questões como a dos alimentos transgênicos, clonagem, racismo, alcoolismo e sindicalismo.

"O espaço que temos aqui não é o ideal e as discussões poderiam abranger muito mais idéias; porém, só podemos receber no máximo 50 pessoas. O mais importante, contudo, é que todos possam refletir e tomar consciência da vida em sociedade", justifica Renato, com um sorriso estampado no rosto.

A dificuldade de atingir a um grande público se dá também pelo fato do projetor ser emprestado. Patrícia lamenta ter que marcar as mostras de cinema de acordo com a disponibilidade do aparelho. "A prefeitura às vezes aluga o equipamento para outras pessoas e nós dependemos do dia da devolução para utilizá-lo". Com isso, cria-se um grande empecilho para a feitura destes ciclos em outros lugares, a pedidos de sindicatos, universidades, instituições, empresas, entre outros, que costumam agendar eventos deste porte com a proprietária.

Para quem deseja participar dos ciclos de cinema ou pesquisar todo o material à disposição na Cinemateca, basta fazer um cadastro ao preço de R$ 5,00 mensais. O número de locações e consultas a serem feitas é ilimitado e a receptividade da casa é a melhor possível. Todo o acervo fica localizado na rua Xavier de Toledo número 42, no Campo Grande. O telefone para contato é 3251-1613. Colabore, a arte agradece!


... reúne um acervo raro dos cinemas brasileiro e internacional
Foto: Fábio Peres Passos, publicada com a matéria

(*) Fábio Peres Passos, aluno do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação de Santos (Facos). Convênio Boqueirão News/Unisantos


Jornal-programa da Cinemateca de Santos, de abril de 1997

(uma folha de papel A4 dobrada ao meio e impressa dos dois lados)
Exemplar no acervo do falecido jornalista e historiador Paulo Matos

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