O serviço é ininterrupto e essencial ao porto
Foto: Antonio Moreira, publicada com a matéria
A atuação marcante do Semafórico
Todas as entidades que estão de alguma
forma ligadas às atividades portuárias certamente pelo menos uma vez já precisaram de informações do Serviço Semafórico de Santos. Nenhum navio
entra ou sai do porto sem que ele tome conhecimento e, assim que os navios surgem ao largo, o posto de observação instalado no Monte Serrat registra
a presença: dia e hora com precisão britânica.
Embora seja uma empresa particular que obteve licença do Ministério da Marinha para operar em
1921, o Semafórico tornou-se uma instituição. Como atua 24 horas, sábados, domingos e feriados inclusive, a Delegacia da Receita Federal passou-lhe
a atribuição (através de portaria) de conceder o número de manifesto dos navios que passam pelo porto santista. Esse número é essencial para a
documentação que a Receita fornece à embarcação.
Aparentemente, o Serviço é simples: assim que o navio entra na barra, o Semafórico anota o horário
exato para fornecer à agência e a todos os interessados (praticagem, Capitania etc.). Lá estão registrados em livros todos os navios que passaram
pelo porto de Santos: basta dar a data correta, que a embarcação será localizada. Assim como o nome da agência que a representa em Santos naquela
viagem.
Só para ser ter uma idéia da importância desta atividade, há pouco tempo uma armadora estava em
litígio com a seguradora. O juiz solicitou então as informações ao Semafórico, que ao dar o dia e a hora em que o navio se encontrava no porto
possibilitou que o magistrado constatasse quem estava com a razão. Quem ganhou, o funcionário do Serviço não sabe, mas ele lembra que essa
solicitação oficial da Justiça demonstra a credibilidade que tem o Semafórico.
Como começou - O Serviço foi criado pelo sr. Waldemar Dias Martins, em 1921, e ganhou esse
nome - Semafórico - porque funcionava através de sinais, que eram balões onde se viam estampadas as bandeiras dos países a que pertenciam os navios.
Com o desenvolvimento tecnológico, a popularização do telefone, os balões foram aposentados e o nome permaneceu.
Como a comunicação é o forte do pessoal do Semafórico, eles criaram depois o boletim, distribuído
aos assinantes todas as manhãs e onde se encontra todo o movimento de navios: procedência, destino, consignação e o telefone das agências que os
representam. Entradas, saídas e as esperadas. O passo seguinte foi a criação do serviço de rádio, que agilizou ainda mais as atividades. Ele entrou
em operação em novembro passado e já está operando o sistema de informações do porto por telex também.
Curiosidades - Nesses 64 anos de existência, muita coisa curiosa acontece, mas o pessoal
pouco guarda na memória porque as atividades são contínuas e não dá tempo para nada. Mesmo assim, um deles conta que o maior problema que eles
encontram diz respeito ao nome dos navios estrangeiros. Esquisitos, como classifica um dos funcionários do Semafórico, mas na verdade não deixam de
ostentar nomes feios - pelo menos na forma de pronunciá-los.
Ou então, como aconteceu certa ocasião em que uma pessoa ligou querendo informações sobre um "navio
rodoviário". "Se a gente não tivesse prática, acabava fazendo uma tremenda confusão; mas felizmente, numa consulta desse tipo, vale a
experiência. E eu logo percebi que se tratava do Autoestrada (do Lloyd)". Coisas como essas acabam quebrando a rotina.
Assim, o pessoal mantém uma familiaridade com o nome dos navios. Eles sabem tudo a respeito e não
há possibilidade de engano. Do alto do Monte Serrat ou do posto da Ponta da Praia - de onde têm uma privilegiada visão do que ocorre na entrada do
canal, o Serviço Semafórico de Santos executa um serviço de utilidade pública, na medida em que atende não apenas a entidades usuárias do porto,
assinantes, mas todos os que necessitam de informações sobre o movimento do Porto. |