Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0058f1.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/30/07 16:41:15
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PIONEIROS DO AR
Um vôo pioneiro (2)

Leva para a página anterior

Um ano depois de seu histórico vôo Santos-São Paulo, o jornal santista A Tribuna registrava, em 4 de março de 1913 (página 3 - ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Edu Chaves

O valente aviador brasileiro chegará hoje

A bordo do Avon, chega hoje a este porto o bravo aviador brasileiro Eduardo chaves, que ainda há poucos meses realizou com o seu colega francês Roland Garros o raide aéreo Santos-São Paulo e dias depois, sozinho, a viagem de S. Paulo ao Rio.

Edu Chaves vem ao Brasil disposto a instalar aqui uma escola de aviação, para o que traz consigo oito aeroplanos de diferentes tipos.

Segundo declarou a um redator da Gazeta de Notícias, do Rio, Edu Chaves pretende tentar aqui em Santos obter o recorde da altura, de que é detentor o aviador francês Legagneux, que elevou-se em um monoplano a 5.860 metros.

O destemido aviador paulista fará também em aeroplano a viagem aérea de Santos ao Rio, pelo mar junto à costa e do Rio a S. Paulo, por cima da Estrada de Ferro Central do Brasil.

De S. Paulo e daqui irão a bordo receber o bravo sportman inúmeros admiradores seus.

No dia seguinte, 5 de março de 1913, o mesmo jornal A Tribuna registrou (página 5 - ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página seguinte da série

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Dois aviadores brasileiros

Edu Chaves e Cícero Marques chegaram ontem pelo Avon

O Avon, da Mala Real Inglesa, entrou ontem, como de costume, muito cedo.

Entre os seus inúmeros passageiros se achavam os nossos patrícios Edu Chaves e Cícero Marques, o primeiro, aviador de nome feito nas rodas esportivas da Europa e o segundo, recém-diplomado pela escola de aviação de Etampes.

Quando chegamos a bordo do Avon, a fim de dar as boas vindas a Edu e Cícero, já os dois rapazes haviam desembarcado.

Encontramo-los em um auto que os conduzia ao armazém de bagagens.

Os srs. comendador João Manoel Alfaya Rodrigues, 1º tenente Barreto e professor Paulo Crocius, diretores da escola de aviação recentemente fundada em Santos, cumprimentavam nessa ocasião os dois valentes aviadores patrícios e ofereceram a Edu o diploma de sócio honorário da escola.

O vencedor do raide S. Paulo-Rio agradeceu a gentileza e prometeu auxiliar em tudo quanto pudesse a nova escola, que vai ser em breve inaugurada aqui, graças aos esforços dos seus diretores.

Edu Chaves, confirmando o que já disseram os jornalistas cariocas, vem ao Brasil fundar uma escola de aviação, em S. Paulo ou no Rio.

Para esse fim trouxe 8 monoplanos, entre os quais alguns próprios para aprendizagem, para o que são construídos com asas pequenas e munidos de motor de 25 cavalos apenas.

Traz também o bravo aviador paulista um aero-plage para passeios a vela nas nossas pitorescas praias.

Cícero Marques, que realizou em França ótimas performances, trouxe um Bleriot 50 HP, no qual pretende voar aqui, em S. Paulo e no Rio.

Uma vez fundada a escola de aviação, Cícero auxiliará Edu na direção dos trabalhos a ela atinentes.

Os aeroplanos adquiridos na Europa por Edu devem chegar por estes dias ao nosso porto, a bordo de um vapor belga.

Edu Chaves e Cícero Marques seguiram ontem mesmo para S. Paulo, devendo regressar em breve a esta cidade, a fim de aqui realizarem alguns vôos.

A propósito do regresso do festejado aviador patrício, escreveu a Gazeta de Notícias:

"Edu Chaves, o glorioso aviador brasileiro, chegou ontem ao Rio. O paquete da Mala Real tinha um adiantamento de 24 horas, de modo que Edu teve de responder a menor número de indagadores repórteres. O aviador paulista vem admiravelmente bem disposto. A saúde dá-lhe a satisfação de viver.

"Após o primeiro shake-ande (N.E.: shake-hands, aperto de mãos), o repórter da Gazeta tratou de inquiri-lo.

"- Trago para mais de 150 mil francos de aparelhos, alguns dos quais já chegaram a Santos. Trago também pessoal, mecânicos etc. O meu desejo é fundar a Escola de Aviação, cuja falta me parece grande no Brasil.

"- E vai fundá-la em S. Paulo?

"- Desejava fundá-la no Rio. Estas coisas devem ter a proteção do governo, e depois há também a questão de local.

"- Aqui, o local seria...

"- Em Santa Cruz, como parece ser desejo dos que se interessam por aviação no Rio. O terreno presta-se magnificamente. E, como é um terreno militar, creio que o governo devia cedê-lo.

"- Mas sabe que o governo contratou.

"- Não sei nada. Há três semanas, isto é, há um mês, por conseqüência, que não leio jornais do Rio. Aliás, o meu desejo seria instalar a escola no terreno cedido, ensinar algum tempo e entregá-la depois. Mas agora não trato disso. Sigo, no Avon, para Santos, demoro-me em S. Paulo uns quatro dias. Então voltarei ao Rio a ver o que se pode fazer. É certo, entretanto, uma coisa.

"- Qual?

"- É que eu fundo a Escola de Aviação no Brasil e com uma instalação que raras escolas da Europa têm.

"Quem conhece a tenacidade, a coragem de Edu Chaves, que é desses que quando querem, querem mesmo, deve ter a certeza de que, enfim, a Escola de Aviação será uma realidade. Apesar da campanha verdadeiramente frenética dos nossos colegas da Noite, campanha que todos os jornais acompanharam, o nosso governo é de uma tal lentidão, que nada de sério tem sido feito em aviação, quando a Argentina demonstra os seus progressos em aviação militar, de dia para dia.

"Edu pergunta sobre os vôos de Rapini.

"- O nosso sistema, dizemos nós, é dar prêmios aos aviadores que chegam, mais ou menos forçados pelos jornais. Mas, como não temos uma escola, não temos aviação militar, não temos, enfim, um meio próprio, esses prêmios não nos servem de nada. Não acha?

"Edu respondeu com esta frase:

"- Dar prêmios aos aviadores - acho bem. Eu faria um vôo diário, segundo o itinerário marcado, se tivesse um prêmio todos os dias.

"E riu boamente.

"- A propósito de vôos, quais os seus projetos?

"- Trouxe um aparelho para ter o recorde da altitude na América. Na Europa o recorde pertence a Garros, com 5.800 metros. Na América, pertence a um argentino, Mathias, com 3.000 metros. Subirei, em Santos, a 5.000, a 6.000, até onde puder.

"É inútil pedir prudência a Edu. Não caímos nessa sentimentalidade. Edu não admite tais conselhos.

"- E depois?

"- Farei, então, o raide Santos-Rio, Rio-S. Paulo.

"- Como assim?

"- Virei de Santos ao Rio, seguindo a costa, e sem descer. Essa viagem deve ser feita em quatro horas. Depois seguirei por dentro, pela linha férrea, para S. Paulo. Também sem descer. Trouxe aparelhos especiais para isso. A viagem do Rio a S. Paulo deve ser feita em 4 ½ horas.

"- Este mês?

"- Este mês ou em princípios de abril.

"E Edu Chaves tornou a apertar-nos a mão. Ia passear. Esteve no caminho aéreo do Pão de Açúcar, esteve no Leme, esteve, à noite, no teatro."

Depois, em 30 de março de 1913, o mesmo jornal A Tribuna noticiou, na página 5 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página seguinte da série

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Um novo raide de Edu Chaves

O bravo aviador paulista irá hoje de Santos à capital, no seu elegante Bleriot - Ligeira palestra com o destemido aviador - Como se procura desenvolver no Brasi a aviação

Edu Chaves chegou ontem pela manhã a Santos, a fim de retirar de bordo do vapor Liegeoise os seus aparelhos, com os quais pretende fundar no Brasil uma escola de aviação.

Depois de almoçar no Bristol Hotel, em companhia do coronel Eugenio Artigas, Edu partiu para a Alfândega, a fim de desembaraçar os seus aparelhos e retirá-los de bordo.

Cerca de 1 hora da tarde foram conduzidos dois deles para a praia do Gonzaga, onde o valente aviador, auxiliado pelo seu fiel mecânico e dois trabalhadores, começou logo a montagem do monoplano, com o qual pretendia seguir ontem mesmo para S. Paulo, por via aérea.

Infelizmente, esse trabalho não ficou concluído a tempo, de forma que Edu resolveu adiar para hoje a sua arriscada travessia.

Logo às primeiras horas da manhã, Chaves iniciará na praia do Gonzaga as primeiras experiências com o aeroplano, fazendo alguns vôos.

Às 2 horas da tarde pretende ele levantar novamente o vôo, partindo para S. Paulo, onde irá aterrar no prado da Moóca.

O aparelho em que pretende o destemido rapaz efetuar o seu segundo raide pela Serra do Mar é um elegante Bleriot, modelo n. 11, motor Gnome 80 HP, sete cilindros e hélice Chauviére.

É do sistema denominado tandem, pois dispõe de lugares para duas pessoas.

Edu resolveu, porém, retirar ontem o banco destinado ao passageiro, por pretender fazer sozinho a travessia.

Esse monoplano foi adquirido com o produto da subscrição aberta pelo Aero Club de S. Paulo e oferecido a Edu, que em sinal de reconhecimento àquela agremiação mandou pintar no leme de direção o jack do Aero Club, de cores branca e encarnada.

O próprio Edu, auxiliado pelo mecânico, fez a montagem do aparelho, depois de limpar-lhe as peças de aço cuidadosamente com gasolina.

Esse serviço só ficou concluído ontem à tarde, depois de 6 horas da tarde.

Muitos curiosos assistiram a esse trabalho efetuado na praia em frente ao Hotel Parque Balneário.

Aproveitando um momento em que Edu Chaves, sentado na grama, descansava, entabolamos ligeira palestra com o bravo aviador a propósito dos seus projetos de aviação no Brasil.

- Então, sempre seguirá para S. Paulo?

- Assim o pretendo. Pela manhã farei aqui ligeiros vôos a fim de experimentar o aparelho e às duas horas farei rumo para S. Paulo, onde pretendo fazer à chegada algumas evoluções sobre o prado da Moóca. Não lhe posso dizer, porém, a hora certa da partida, pois pode muito bem acontecer que siga logo após os primeiros vôos, de manhã.

- E voltará a voar em Santos?

- Sim, aqui estarei dentro de 15 dias. Tenho ainda 5 aeroplanos para retirar da Alfândega, pois hoje só desembaracei dois. Aqui farei também algumas corridas em aeroplage, pois trouxe dois desses interessantes veículos, próprios para corridas a vela nas praias.

- E quanto à escola de aviação no Rio, pretende fundá-la em breve?

Ouvindo a nossa pergunta, Edu Chaves teve um sorriso triste e respondeu:

- Não sei... Tenho encontrado tanta má vontade, tantas dificuldades, que não sei de levarei a cabo esse meu plano.

- Mas não esteve no Rio, não se entendeu com o ministro da Guerra, a esse respeito?

- Sim, estive. Falei com o general Vespasiano de Albuquerque. S. Ex. declarou-me já ter contratado a fundação da escola com outro. Tudo tão difícil, aqui no Brasil!...

- Imagine - continuou - que eu, depois de muito trabalho, consegui obter do ministro da Fazenda isenção de direitos para os aparelhos que importei. Julguei que obtido esse favor do ministro, bastaria aqui chegar e retirar os monoplanos sem mais gastos e demoras. Pois bem: sabe quanto paguei, de "expediente", na Alfândega, por cada um dos aeroplanos?

- ?

- Cerca de 1:500$000! E olhe que trouxe comigo sete máquinas de voar!... Imagine agora as despesas que terei caso pretenda insistir em fundar a escola de aviação. Às vezes dá-me vontade de ir ao Rio e expor à venda, por qualquer preço, os meus sete monoplanos, e regressar à Europa - concluiu tristemente o bravo e distinto rapaz, o primeiro aviador brasileiro, o único que como tal já se revelou, e a quem o nosso governo nega o seu apoio para dá-lo a mercenários estrangeiros, que não têm a quarta parte do seu merecimento.

Edu tinha razão; é para desanimar.

Em outro qualquer país o governo daria a um homem como Edu todo o auxílio de que necessitasse, a fim de realizar o seu patriótico projeto.

No Brasil, não, opõem-se-lhe obstáculos insuperáveis, nega-se-lhe todo apoio oficial e até se lhe cobra quantia exorbitante pela introdução de aparelhos que, um dia, poderão servir para defesa da Pátria.

Decididamente, ninguém é profeta em sua terra.

No dia 1º de abril de 1913, na página 5, o mesmo A Tribuna registrava (ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página seguinte da série

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Raide aéreo Santos-S. Paulo

O bravo aviador paulista Edu Chaves fez ontem em 35 minutos o percurso de Santos à capital

Pela segunda vez, o destemido aviador paulista Edu Chaves transpôs ontem, em monoplano Blériot, os alterosos píncaros da Serra do Mar.

Edu resolvera ir de Santos a S. Paulo em aeroplano e realizou mais uma vez essa façanha com a mesma calma, a mesma perícia com que a levara a efeito há meses, em companhia do seu valente colega francês Roland Garros.

Para Edu, essa viagem aérea não passava de um simples passeio, tão senhor é ele dos segredos da aviação, tão consciente do seu próprio valor.

Apesar de conhecermos e admirarmos as grandes qualidades de Edu como piloto aéreo, devemos confessar que temíamos um insucesso nesta sua segunda passagem pela Serra do Mar.

É que Edu tripulava ontem um aparelho retirado poucas horas antes da Alfândega e que por isso mesmo não tivera tempo de experimentar suficientemente.

O poderoso Gnome 80 HP, de que é dotado o elegante Blériot de Edu, ainda anteontem, na primeira prova a que foi submetido, mostrou-se rebelde ao trabalho, falhando repetidas vezes, demonstrando com isso não estar perfeitamente regulado.

Não seria, pois, para admirar que o motor pregasse ontem alguma peça ao destemido aviador, o que felizmente não sucedeu, com grande gáudio para nós e para todos os inúmeros admiradores de Edu Chaves.

Outro aviador que não fosse Edu Chaves seria incapaz de tentar essa perigosa travessia em um dia como o de ontem, ameaçando temporal, e com um aparelho ainda não suficientemente experimentado.

Haja vista as cautelas que teve aqui Roland Garros, quando estava para realizar esse mesmo percurso que ontem levou a efeito o nosso valoroso patrício. Garros só realizou o raide aéreo quando se julgou completamente seguro da vitória. E Garros era Garros, o celebrado virtuose do aeroplano, o acrobata do ar, consoante o qualificam nos grandes centros europeus de aviação.

A vitória ontem obtida pelo nosso destemido patrício avulta, portanto, de valor, e nos deve encher de justo orgulho patriótico.

Edu Chaves levantou-se ontem muito cedo e providenciou para que o seu monoplano fosse abastecido de essência e óleo a fim de transpor a distância de setenta e tantos quilômetros existente entre Santos e S. Paulo.

Robert, o seu dedicado mecânico, avisou-o, às dez horas, que podia empreender o vôo, pois o monoplano estava preparado para isso.

A essa hora, Edu subiu para a nacela do aeroplano e às 10.5 o elegante velívolo perdia o contato com o solo, erguendo-se serenamente pelos ares.

Edu efetuou sobre a praia do Gonzaga, de onde levantara vôo, algumas evoluções, a fim de se orientar, e tomou em seguida rumo de S. Paulo, passando sobre o centro da cidade.

Momentos depois, voando sempre sobre a linha férrea da Inglesa, o arrojado aviador perdia-se no horizonte, rumo à Serra do Mar.

Na praia do Gonzaga muitas pessoas assistiram à partida do valente aviador, aplaudindo-o entusiasticamente.

Damos abaixo o telegrama do nosso dedicado correspondente em S. Paulo, no qual é descrita a chegada de Edu à capital.

Na mesma edição, porém na página 3, A Tribuna de 1º de abril de 1913 registrou, na seção de telegramas de última hora (ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página seguinte da série

Imagem: reprodução parcial da matéria original

 

S. PAULO

A chegada de Edu Chaves

S. PAULO, 31 - Às 10 e 40 da manhã de hoje aterrou no gramado do Jockey Club o aviador Edu Chaves, vindo de Santos.

Edu Chaves fez o percurso em 35 minutos, mantendo-se numa altura média de 900 metros, tendo, porém, chegado a atingir a altitude de 1.700 metros ao transpor a Serra.

Antes de aterrar no prado do Jockey Club, evolucionou por sobre a cidade, tendo passado pelos bairros do Braz, Luz, Campos Elíseos, Higienópolis e Avenida Paulista. Descreveu ainda algumas curvas por sobre o Teatro Municipal, e, atravessando finalmente o triângulo, dirigiu-se diretamente para o campo de aterrissagem.

Aí era o aviador esperado por uma grande multidão, entre a qual estavam alguns membros de sua família e amigos íntimos, que lhe fizeram calorosa ovação, apenas Edu Chaves abandonou a barquinha.

O aparelho comportou-se admiravelmente durante a viagem, tendo o motor marchado com toda a regularidade.

Conforme já se disse, este aparelho pertence ao grupo de oito Blériots que Edu Chaves trouxe da Europa, tipos militares, munidos todos eles de motores Gnome e hélices normais Charviére.

Edu declarou aos representantes da imprensa que fez a viagem nas melhores condições possíveis, tendo sido incomodado unicamente pela densa neblina que envolvia toda a Serra e que lhe dificultou um pouco a marcha regular, pois tinha de vir devagar, a fim de não se extraviar.

Quanto ao mais, foi tudo admiravelmente bem e está satisfeitíssimo com este seu aparelho.

A viagem de Edu Chaves impressionou muito bem toda a população paulista, que há cerca de três semanas aguardava os anunciados vôos do nosso destemido patrício, retardados unicamente pelas formalidades morosas da nossa Alfândega, requerimentos de dispensa de direitos aduaneiros e montagem dos aparelhos, aí.

Edu Chaves demonstrou hoje que é o mesmo intimorato e arrojado aviador que tentou estabelecer o recorde de S. Paulo ao Rio e que, se o não conseguiu levar a cabo, foi unicamente pela falta de pontos de referência no seu caminho e pela falta de auxílio oficial, que não cuidou de, no percurso, lhe estabelecer fogueiras de madeira verde, cujo fumo serve de sinal (como em toda a parte se faz para os grandes percursos), meio indispensável de guia, mormente em nosso país, onde quase não existem estradas de rodagem, que são também um esplêndido indicador da direção a seguir, pois com grande facilidade se distinguem da grandes altitudes, o que se não dá com as estradas de ferro, que só são visíveis quando se voa numa altitude relativamente pouco elevada.

Edu Chaves, que hoje pode, sem favor, merecer um lugar na primeira linha dos aviadores de maior renome, deveria ser especialmente encarado como um aviador de coragem inquebrantável.

Leva para a página seguinte da série