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BONDES NO BRASIL
Petrópolis/RJ

Inauguração da linha em 1912

Foto de autoria desconhecida/Coleção Allen Morrison/EUA

Foi bastante curta a história dos bondes em Petrópolis, interior do estado do Rio de Janeiro: começou em 1912, já com veículos elétricos, como se vê na foto acima, de autor desconhecido, tomada na inauguração da via.

Abaixo (em imagem da coleção do pesquisador Allen Morrison, de New York), a Rua Dr. Porciúncula Aguiar, em frente à Estação Ferroviária da Leopoldina Railways (no centro), ponto inicial de todas as linhas de bondes de Petrópolis:

Foto de autor não identificado/Coleção Allen Morrison/EUA

Segundo o petropolitano Luiz de Lucca, o sistema foi desativado 27 anos depois, em 1939. Restam as imagens...

Bonde na Av. Barão do Rio Branco, na linha de Cascatinha

Foto: autor não identificado/Coleção Allen Morrison-EUA

O melhor o tempo esconde
Longe muito longe
Mas bem dentro aqui
Quando o bonde dava a volta ali
No cais de Araújo Pinho
Tamarindeirinho
Nunca me esqueci
Onde o imperador fez xixi
Cana doce Santo Amaro
Gosto muito raro
Trago em mim por ti
E uma estrela sempre a luzir
Bonde da trilhos urbanos
Vão passando os anos
E eu não te perdi
Meu trabalho é te traduzir
Rua da Matriz ao Conde
No trole ou no bonde
Tudo é bom de ver
São Pópó do Maculelê
Mas aquela curva aberta
Aquela coisa certa
Não dá pra entender
O Apolo e o rio Subaé
Pena de pavão de Krishna
Maravilha, vixe Maria, mãe de Deus
Será que esses olhos são meus?
Cinema transcendental
Trilhos urbanos, Gal
Cantando o balancê
Como eu sei lembrar de você
(Trilhos Urbanos, lançada por Caetano Veloso 
em novembro de 1979)

Bonde elétrico Birney na Praça da Liberdade, em Petrópolis, cerca de 1920

Foto: autor não identificado/Coleção Allen Morrison-EUA

Petrópolis nunca teve bondes de tração animal sobre trilhos, mas comprou 12 veículos usados pela companhia Carris Urbanos no Rio de Janeiro em 1885, usando-os com rodas de madeira até cerca de 1900, segundo o pesquisador estadunidense Allen Morrison.

Em 1911, a Companhia Brasileira de Energia Eléctrica encarregou Eduardo Guinle de construir uma linha de bondes elétricos e encomendou 12 bondes fechados à indústria  J. G. Brill. Parte da rota Cascatinha foi inaugurada em 13/12/1912 e o restante em 1913, usando bitola métrica, em apenas um lado do canal, com os bondes circulando pela bela rota, entre o rio e a via pavimentada. Mesmo esse pequeno tráfego criava problemas com os automóveis, pois os bondes trafegavam nos dois sentidos pelo mesmo trilho, segundo o pesquisador português Emidio Gardé.

Carro produzido pela J.G.Brill Company usado em Petrópolis

Foto: autor não identificado/Coleção Allen Morrison-EUA

Dois bondes Birney foram adquiridos em 1920 e mais dois em 1922, e em 1927 a empresa estadunidense Electric Bond & Share assumiu as instalações.

Conta Emídio Gardé que à meia noite de 15/7/1939 o bonde nº 3, da linha do Alto da Serra, humoristicamente decorado pelos petropolitanos com cartazes onde se pode ler "Caju" (um cemitério do Rio de Janeiro), "Resquiecat in pace...", "...e assim acaba um grande amor...", "Amanhã não tem mais", "Pode entrar! É de beiço..." e "É de colher...", fez a última viagem dos bondes elétricos de Petrópolis, deixando a cidade sem transportes públicos. Esta foi a primeira cidade brasileira a ficar sem bondes! Aqueles veículos foram vendidos para o sistema de bondes da cidade de Campos, onde operaram até 1964.

A construção de um sistema de trólebus em Petrópolis começou em 1952, mas o projeto foi abandonado e os veículos, que tinham sido construídos na França pela empresa Vetra, foram remanejados para Niterói.

E a ferrovia  - pioneira no Brasil - inaugurada em 30/4/1854 pelo Barão de Mauá para ligar a Baía de Guanabara até Petrópolis (situada a 840 metros de altitude), foi encerrada em 5/11/1964.

A viagem pelos trilhos do Brasil continua...

Carlos Pimentel Mendes