A embarcação foi entregue em 1951 Após os catastróficos acontecimentos relacionados com a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), na qual a Alemanha do III Reich fora aniquilada, a Hamburg-Sudamerikanische D.G., possuidora de uma grande frota de navios antes da eclosão da guerra, encontrou-se praticamente sem nenhuma embarcação oceânica.
Sob a magistral direção de Rudolf August Oetker, presidente da empresa a partir de 1944, iniciou-se, ao findar a guerra, o gigantesco trabalho de reconstrução das unidades da armadora.
Foi somente a partir de 1950 que a Hamburg-Sud pôde voltar a ordenar novos navios e naquele ano foram construídos os dois primeiros da série Santa, destinados a iniciar o serviço de linha entre a nova Alemanha e os
países da costa Leste da América do Sul.
O Santa Elena conheceu o seu fim com o nome de Austral: ele sofreu um incêndio no porto de Santos em 2 de janeiro de 1967
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Dupla - Apareceram, assim, o Santa Ursula e o Santa Elena, lançados ao mar respectivamente em dezembro de 1950 e fevereiro de 1951.
A este par de navios gêmeos seguiram-se, em 1951, outros dois de desenho e prancha também similar, constituindo-se assim um quarteto de navios a motor de capacidade maior (de cargas e passageiros).
Os dois últimos receberam os nomes de Santa Catarina e Santa Isabel.
Eram navios de linhas clássicas, do tipo pure-island, e superestrutura centralizada, três porões de carga e alojamentos para somente duas dezenas de passageiros em primeira classe.
Viagens inaugurais - Entraram em serviço pela ordem citada em março, maio e outubro de 1951 e janeiro de 1952, realizando suas viagens inaugurais entre Hamburgo e os portos do Brasil e do Prata.
Durante mais de dez anos, o quarteto serviu regularmente a Rota de Ouro e Prata, escalando nos tradicionais portos brasileiros e platinos e realizando entre oito e dez viagens redondas (de ida e volta) por
ano.
No início dos anos 60, a Hamburg-Sud colocou na linha sul-americana um quinteto de novos navios cargueiros, que compuseram a famosa série Cap San (Cap San Nicolas, Cap San Marco, Cap San Lorenzo, Cap San
Augustin e Cap San Antonio).
Navios à venda - A entrada em linha dessa magnífica série permitiu a venda do quarteto da série Santa. Assim, o primeiro a ser negociado foi o Santa Ursula, seguido do Santa Elena, ambos no
decorrer de 1964.
Este último foi adquirido pela Compañia Chilena de Navegación Interoceanica, que lhe deu o novo nome de Austral e o utilizou durante três anos nas principais linhas entre Valparaíso (Chile) e os portos
platinos, brasileiros e europeus, exclusivamente como navio cargueiro.
Foi durante uma de suas inúmeras escalas em Santos (seja como Santa Elena, seja como Austral), que o navio chegou ao seu fim.
Há quase 30 anos - O navio a motor Austral atracou em Santos no dia 27 de dezembro de 1966, procedente do Chile, via Rio da Prata, com carga geral e 3.109 toneladas de salitre.
Levava a bordo também uma partida de moedas divisionárias cunhadas pela Casa da Moeda do Chile para o governo da República Oriental do Uruguai, acondicionadas em 950 caixas, que seriam desembarcadas na viagem Sul,
em Montevidéu.
Depois de descarregar o salitre, o Austral deveria zarpar para o Rio de Janeiro e proceder à descarga de vários gêneros.
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O navio Santa Elena tinha 146 metros de comprimento e 18 de largura |
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Fogo a bordo - Às 14h28 do dia 2 de janeiro de 1967, uma segunda-feira, irrompeu um incêndio no porão 4 do navio, atracado junto ao Armazém 25.
O fogo teve início em uma lingada de sacos de salitre do Chile que estava sendo descarregada.
Alguns sacos em chamas caíram no interior do porão, alastrando-se assim o fogo por toda a carga.
Labaredas de 30 metros - Em poucos minutos, as labaredas atingiam cerca de 30 metros de altura, ultrapassando mesmo a extremidade dos mastros e paus-de-carga do navio e, como fosse impossível extingui-las, o
Austral foi desatracado e rebocado até Conceiçãozinha, na outra margem do estuário, à altura do Armazém 29.
Sucessivas explosões fizeram com que as chamas se propagassem, atingindo o porão 5 e a casa das máquinas, situada anexa ao porão onde o sinistro se iniciou.
Por determinação da Capitania dos Portos, o canal do estuário foi imediatamente interditado, enquanto os rebocadores Saturno, Saboó e Sabre combatiam o incêndio, lançando também jatos de água
contra a superestrutura do cargueiro, que, devido à alta temperatura, ameaçava desintegrar-se.
Rebites soltam-se - O incêndio só foi totalmente debelado por volta das 6 horas do dia 3 de janeiro e, devido às explosões ocorridas na altura da casa das máquinas, quando o fogo lavrava mais intensamente,
soltaram-se dezenas de rebites do casco, possibilitando a entrada de água nos porões.
Com isso, o Austral adernou consideravelmente para bombordo (lado esquerdo).
Na manhã do dia 4 de janeiro, o fogo voltou a arder na altura da casa das máquinas e os bombeiros foram obrigados a retornar ao navio para o combate; no final da tarde do mesmo dia, o adernamento acentuava-se e a
popa (ré) já estava no nível da água.
Feridos - Três tripulantes ficaram feridos na fuga precipitada de todos, quando irrompeu o incêndio. A tripulação total era de 45 homens, comandados por Umberto Cárdenas Hurriaga.
O Austral ficou praticamente destruído, dele restando somente o casco e um monte de ferros retorcidos e enegrecidos.
As origens do incêndio foram atribuídas à combustão espontânea.
O inquérito foi aberto no dia 3 de janeiro.
As caixas contendo as moedas uruguaias foram retiradas dias após, felizmente intactas, e o Austral, posteriormente, desmontado em Santos pela empresa de Wladimir Grievs. |