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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Monte Rosa

1931-1954 - Outro nome: Empire Windrush

Foi o último da série de cinco transatlânticos construídos por ordem da Hamburg-Sudamerikanischen D.G. (Hamburg-Sud) entre meados e fins da década de 20 para o lucrativo tráfego de passageiros da Rota de Ouro e Prata. Os precedentes quatro navios haviam recebido os nomes de Monte Sarmiento, Monte Olivia, Monte Cervantes e Monte Pascoal.

Eram todos de construção similar e só pequenos detalhes os diferenciavam entre si, como, por exemplo, a extensão existente, nos dois últimos da série (Monte Pascoal e Monte Rosa), na parte situada logo adiante da ponte de comando, na altura do convés dos botes e que formava, por ser coberta, mais um espaço no navio.

O Monte Rosa tinha 152 m de comprimento e navegava para a armadora alemã Hamburg-Sud

Imagem: reprodução de cartão postal da coleção de Laire José Giraud, publicada com a matéria

População flutuante - Tal como os precedentes irmãos gêmeos, o Monte Rosa possuía grande capacidade de passageiros, podendo transportar cerca de 2,5 mil pessoas, que, somadas aos 300 tripulantes, compunham uma verdadeira população viajante.

A classe turística (ou terceira) dispunha de cabinas confortáveis, com dois, quatro ou seis lugares, enquanto que na classe emigrante os passageiros eram acomodados em vastos dormitórios múltiplos, de simplicidade espartana, porém relativamente higiênicos e ventilados.

Este quinteto de navios mistos revelou-se ser de excelente desenho e construção: eram navios sólidos, com linhas compactas e aproveitamento máximo do espaço; eram relativamente velozes, com grande capacidade de carga (oito mil toneladas) e constituíram um grande sucesso comercial.

 

Todos os outros 3 navios gêmeos da série

haviam sido destruídos durante o conflito

 

Lotação total - Viajavam quase sempre com lotação máxima, os preços das tarifas eram generosamente populares e os navios da Hamburg-Sud viviam apinhados, sobretudo de cidadãos espanhóis e portugueses, que trafegavam de e para a América do Sul.

Condizente com a classe de passageiros que transportava, a decoração interna do Monte Rosa, assim como a dos outros quatro da série, era sem luxos ou sofisticações; os enorme salões de estar possuíam quase uma centena de pequenas mesas de madeira redondas e cadeiras não estofadas.

Os salões de festas tinham pequenas mesas de madeira redondas e cadeiras não estofadas

Imagem: reprodução de cartão postal da coleção de Laire José Giraud, publicada com a matéria

Os dois grandes salões de refeição, dotados de mesas retangulares com 16 lugares cada um, mais se pareciam com os grandes restaurantes populares de Hamburgo do que salões de bordo.

A única concessão decorativa estava no espaço quadrado de uma pista de dança de madeira envernizada, com desenho de mosaicos, que se encontrava na entrada do salão de refeição da proa. O Monte Pascoal e o Monte Rosa entraram em serviço respectivamente em janeiro e março de 1931, ligando os portos cabo-de-linha de Hamburgo e Buenos Aires, via escalas intermediárias geralmente em Vigo, Leixões ou Lisboa, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu.

Durante toda a década de 30 foram usados frequentemente (sobretudo na estação estival do Hemisfério Norte) como navios de cruzeiro de classe única com viagens aos fiordes noruegueses e cruzeiros mediterrâneos, onde a escala em Veneza era praticamente obrigatória.

Alguns poucos cruzeiros de verão foram realizados com destino as ilhas atlânticas da Madeira e das Canárias e outros tiveram como destino, ou o Rio Amazonas, ou o Sul da Argentina, levando a bordo uma clientela predominantemente alemã.

Os refeitórios lembravam os restaurantes populares de Hamburgo

Imagem: reprodução de cartão postal da coleção de Laire José Giraud, publicada com a matéria

Encalhe - Foi um uma dessas viagens extraordinárias em 1930 que o Monte Cervantes encalhou em um recife (não assinalado nos mapas), nas águas da Terra do Fogo, afundando alguns dias depois.

Tal acontecimento significou que, na verdade, o quinteto de navios da série Monte da Hamburg-Sud nunca foi operacional contemporaneamente, pois o Monte Pascoal e o Monte Rosa começaram a navegar somente em 1931.

 

A capacidade de transporte de passageiros do Monte Rosa era de 2.408 em duas classes, 3ª e emigrante

 

Zepelim - Uma das imagens mais sensacionais desse transatlântico resultou de uma série de fotografias feitas de bordo do Graf Zeppelin em novembro de 1936.

O Monte Rosa aparece, em imagem do alto, navegando à sua velocidade máxima, com seus conveses apinhados de curiosos, a olhar a aeronave que sobrevoava o Atlântico.

A guerra - Três de setembro de 1939. Início das hostilidades na Europa e o destino de milhões de homens ficaria transformado para sempre. O destino dos trágicos acontecimentos de então levaram o Monte Rosa (que se encontrava em águas alemãs quando do começo da guerra) a ser transformado pela Marinha do III Reich em navio-hotel para a acomodação de seus homens, no Porto de Stettin (Szecin ou Sternberk, na Polônia).

A este serviço seguiu-se outro, como navio-transporte de tropas (a partir de 1942), sobretudo no Mar Báltico. Em outubro de 1943, novo emprego: navio-oficina durante as trabalhos de reparação do gigantesco couraçado de batalha Tirpitz, danificado nas águas de Tromsö (Noruega) por mini-submarinos britânicos.

Explosão - A partir de abril de 1944, torna a ser empregado como transporte de tropas no Báltico, porém em uma de suas viagens é danificado pela explosão de uma mina naval.

A Kriegsmarine (Marinha da Alemanha) decide então transformá-lo em navio-hospital e é esta a quarta função do Monte Rosa desde o início do conflito. Entra nesta nova atividade em janeiro de 1945, porém logo no mês seguinte é novamente danificado por uma outra mina. O Monte Rosa navegava na ocasião ao largo de Hela, na costa da Prússia Ocidental, e a explosão provocou a inundação de vários compartimentos.

Os passageiros podiam relaxar nas cadeiras do convés de passeio ou simplesmente apreciar o horizonte marítimo

Imagem: reprodução de cartão postal da coleção de Laire José Giraud, publicada com a matéria

Refugiados - O navio-hospital foi então rebocado para o Porto de Gotenhafen e provisoriamente reparado; pôde retornar ao serviço parcial, sendo levado a cabo de reboque para Copenhague tendo a seu bordo cinco mil refugiados, que escapavam do avanço das tropas soviéticas.

A assinatura da capitulação das forças nazistas e o consequente término da guerra na Europa, aconteceu em maio de 1945.

Na ocasião, quase por verdadeiro milagre, pois os bombardeiros aéreos aliados haviam se sucedido sobre os portos alemães, o navio-hospital Monte Rosa ainda estava intacto, atracado no Porto de Kiel (Alemanha). Todos os outros três navios gêmeos da série haviam sido destruídos durante o conflito.

Reparação bélica - Iniciou-se então a última fase da carreira do Monte Rosa. Em novembro de 1945, saiu de Kiel com destino ao Rio Tyne, para ser consignado como reparação de guerra às autoridades britânicas do Ministério do Transporte de Guerra.

Após um período de inatividade, ancorado às margens desse rio próximo à localidade de Jarrow, o Monte Rosa foi finalmente deslocado para o Estaleiro A. Stephen & Sons, no Rio Clyde, para total reforma e transformação em navio-transporte de tropas.

Saiu do estaleiro em março de 1947, rebatizado com o nome de Empire Windrush e pintado inteiramente em cor cinza naval.

Sete anos de transporte - Durante os sete anos que se seguiram, o troopship (navio de transporte de tropas) viajou incessantemente pelos mares do planeta, mas sobretudo nos oceanos Índico e Pacífico, levando a bordo dezenas de milhares de soldados, refugiados, funcionários, emigrantes, todo este mundo movimentando-se incessantemente, em um mundo deslocado pelo violento conflito internacional que tanta dor e mortes havia provocado.

Seu inesperado fim acontece em uma manhã de domingo, em 28 de março de 1954, provocado por uma violenta explosão na sala de máquinas, que deu início a um incêndio. O colapso do sistema elétrico do navio impediu o uso das mangueiras de água e assim o fogo foi tomando conta do navio.

 

Seu inesperado fim acontece numa manhã de domingo,

em 28 de março do ano de 1954

 

Com exceção de quatro tripulantes, todos que estavam a bordo conseguiram salvar-se, recolhidos por outros navios. A bordo havia 1.487 pessoas, no total. O sinistro ocorrera quando o Empire Windrush encontrava-se em navegação a cerca de 30 milhas a Noroeste de Argel (Argélia), no Mediterrâneo.

Apesar da tentativa de rebocá-lo até o Porto de Gibraltar, feita pelo contratorpedeiro Saintes, o navio-transporte acabou por soçobrar, nas coordenadas aproximadas de 37º Norte de latitude e 2º 11' Leste de longitude.


"O navio Monte Rosa, mostrado neste belo cartão-postal dos anos de 1930, ficou famoso entre os milhares de alemães que foram transportados para o Brasil e outros países sul-americanos antes da Segunda Guerra Mundial. Pertencia à armadora alemã Hamburg-Sud. Tinha 13.882 toneladas e 152,48 metros de comprimento, com duas chaminés e dois mastros. Foi construído em 1930 no estaleiro Blohm & Voss, em Hamburgo. Suas acomodações permitiam transportar 1.372 passageiros em classe turística e 1.036 em terceira classe. No dia 26 de janeiro de 1931 iniciou a rota entre Hamburgo e Buenos Aires, incluindo os portos de Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu. Eventualmente fazia cruzeiros marítimos pelo Mediterrâneo. Em janeiro de 1940, já em plena guerra, foi transformado em navio de transporte de tropas alemãs. Em fevereiro de 1945 foi atingido por uma mina marítima e teve que ser rebocado para a Polônia. Após os reparos, foi conduzido até Copenhague, levando 5.000 refugiados a bordo. Nesse mesmo ano foi aprisionado pelos britânicos. Em 1946 foi vendido a uma companhia da Nova Zelândia e teve o nome alterado para Empire Windrush. Fez durante alguns anos a rota entre portos neozelandeses e a Europa. No dia 28 março de 1954 foi atingido por uma explosão a bordo e pegou fogo, no Mediterrâneo. No dia seguinte acabou afundando em meio a uma tentativa frustrada de reboque até um estaleiro de Gibraltar".

Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso: 7/7/2013)

Monte Rosa:

Outros nomes: Empire Windrush
Bandeira: alemã
Armador: Hamburg-Sudamerikanischen D. G. (Hamburg-Sud)
País construtor: Alemanha
Estaleiro construtor: Blohm & Voss

Porto de construção: Hamburgo

Viagem inaugural: 1931

Comprimento: 152 m

Boca (largura): 20 m

Arqueação bruta: 13.382 t

Velocidade: 14 nós (26 km/h)

Propulsor: turbinas a vapor com potência de 14.000 HP

Passageiros:          2.408

              3ª classe: 1.372

classe emigrante: 1.036

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 14/4/1996