Cidadania
CEV apura lesão
a direito do consumidor
Relatos revelam ação
combinada entre companhias e oficinas credenciadas
A Comissão
Especial de Vereadores (CEV) das Seguradoras realizou audiência pública
no dia 16/3/2004, na Câmara de Santos, dando seqüência
a apuração de denúncias de que as companhias continuam
a impor aos segurados que os reparos só sejam feitos em oficina
credenciada, criando situações de fraude e flagrante desrespeito
ao Código de Defesa do Consumidor. A audiência foi presidida
pelo vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB), e contou com a
presença do presidente do Sindicato da Indústria de Funilaria
e Pintura do Estado de São Paulo (Sindifupi), Ângelo José
Coelho, do vice Miguel Fonseca, Ênio Bianco, advogado da entidade,
além de proprietários de oficinas e segurados vítimas
de seguradoras.
Audiência
pública foi presidida pelo vereador Banha Foto: Luiz
Carlos Ferraz
O vereador Banha informou que a ata
da audiência pública foi encaminhada ao promotor Edson Corrêa
Batista, e serve de subsídio para a instauração de
ação civil pública. Há algum tempo o MP tem
conhecimento do comportamento abusivo de algumas seguradoras, tendo inclusive
já formalizado termo de compromisso com algumas delas (conforme
informou o Jornal Perspectiva na edição de maio de
2002). Apesar disso, como volta a ser denunciado, empresas do mercado
segurador continuam a impor que o reparo seja feito em oficina credenciada,
obrigando a utilização de peças genéricas ou
recondicionadas, em vez das genuínas, com o objetivo de tornar o
reparo menos oneroso para a seguradora.
Os relatos apresentados durante a
audiência pública indicam que existe uma ação
combinada entre as seguradoras e as oficinas credenciadas, que culmina
com a fraude ao segurado. Luiz José de Souza Neto, por exemplo,
contou que levou o veículo Astra para vistoria na Itaú Seguros
e, após inspeção, foi informado que o serviço
teria um custo pouco acima da franquia de R$ 1.200,00. Desconfiado, levou
o carro para uma oficina de confiança, que deu orçamento
em torno de R$ 3.700,00, detalhando a substituição de todas
as peças danificadas por peças originais. Ficou caracterizado
que a oficina credenciada iria consertar algumas peças.
Depois de vários contatos
com a Itaú, que tiveram a interferência da oficina mecânica
indicada por Luiz, a credenciada acabou apresentando outro orçamento,
de cerca de R$ 2.500,00, onde, assim mesmo, revela-se a inclusão
de peças genéricas, como faróis e componentes do ar
condicionado. O segurado enviou e-mail para a GM, solicitando informações
sobre as peças genéricas, e obteve a resposta de que o fabricante
só recomenda peças genuínas.
Para o segurado Luiz José
de Souza Neto, contudo, não importa que a Itaú Seguros chegue
a um orçamento que demonstre que sua oficina credenciada fará
a substituição das peças avariadas por originais –
o que, conforme tudo indica, poderá vir a acontecer. "Quero, tão-somente,
exercer meu direito de consumidor e escolher a oficina de minha confiança",
frisou Luiz, que, até o final dessa edição, aguardava
autorização da Itaú para fazer o serviço, ou
mesmo a ordem judicial no mesmo sentido, com base na denúncia apresentada
ao MP. |