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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/31/03 19:23:08
Edição 122 - JUL/2003 

Editorial

Efeitos do cartel

Luiz Carlos Ferraz

A figura da ponta visível do iceberg não é nova, mas se adequa perfeitamente ao que está acontecendo na indústria da construção civil no Brasil, com as recentes investigações sobre a cartelização em diferentes segmentos que envolvem o fornecimento de insumos, como aço, areia e brita. O assunto foi capa da edição de junho do Perspectiva e registrou número recorde de cartas e e-mails à redação. 

O que esperamos é a ação enérgica do governo, através da Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça – seja através de iniciativa própria, seja impulsionada por denúncias de sindicatos de construtores, como a feita pelo SindusCon-SP –, para não deixar dúvidas de que não serão toleradas práticas desleais no mercado, como a manipulação na distribuição e nos preços de matéria-prima, que impedem a livre concorrência num setor que é fundamental para o desenvolvimento do País. 

Além de desafiar a autoridade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois há um flagrante boicote aos programas oficiais que visam debelar problemas sociais, por inviabilizar a produção de moradias, encarecer obras de infra-estrutura e impedir a geração de empregos, a estratégia desse tipo de empresário que é investigado, sobre o qual paira a pecha de criminoso, deve ser repudiada por toda a sociedade, especialmente pela mídia. 

Dia desses, por exemplo, um dos citados de envolvimento no cartel do aço apareceu impávido na Imprensa, criticando os juros altos e a política econômica do governo, sem que, pelo menos, fosse contextualizada sua situação. Entendemos que tal cidadão é inocente, até prova em contrário. Na mesma medida, que sejam ouvidos Fernandinho Beira-mar sobre a violência urbana; o outro Fernando sobre a ética na gestão pública; o Nicolau sobre a reforma da Previdência...