Construção
Mutirão contra o déficit
habitacional
CDHU vai realizar em Santos
o primeiro empreendimento do Programa Paulista de Mutirão
A Companhia
de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo
(CDHU) está programando para 7/2002 a inauguração
do Programa Paulista de Mutirão (PPM) na Baixada Santista, com a
construção de 85 apartamentos populares no Conjunto Habitacional
Ana Nery, em terreno localizado no Bairro Chico de Paula, em Santos. Desde
1995, os programas que envolvem o sistema de mutirão promovidos
pela CDHU já entregaram 17.825 unidades em todo o Estado.
O PPM integra a estratégia
da empresa para minimizar o déficit habitacional no Estado
de São Paulo, calculado em 1,2 milhão de unidades. Desde
a implantação do escritório que atende a Baixada Santista
e o Vale do Ribeira, em 1995, a CDHU ergueu 8.447 moradias nas cidades
de Santos, São Vicente, Guarujá, Mongaguá, Peruíbe,
Itanhaém, Cajati, Eldorado, Iguape, Itariri, Miracatu, Pedro de
Toledo e Registro. Para 2002, a empresa promete investir cerca de R$ 17
milhões na viabilização de moradias através
de programas desta natureza.
Desenvolvido pela CDHU desde 1995,
o Programa Paulista de Mutirão contempla movimentos populares, sem
fins lucrativos, que já tenham terrenos disponíveis para
a execução do projeto. Ao todo, já foram entregues
102 conjuntos habitacionais em todo o Estado, somando 17.470 unidades.
O programa, contudo, chega à
Baixada Santista sete anos após a sua criação. Isso
se deve às dificuldades encontradas pelas cooperativas e associações
comunitárias na aquisição de terrenos. Para se ter
uma idéia, a Região Metropolitana de São Paulo possui
cerca de 640 associações cadastradas no programa, enquanto
a Baixada conta com apenas uma. “A maioria dos movimentos locais não
possui recursos. Infelizmente não podemos fazer nada”, justificou
o engenheiro João Plínio Paes de Barros Júnior, gerente
regional da CDHU.
A falta de verbas, aliada à
escassez de terrenos nos municípios da região - especialmente
em face das restrições impostas pela legislação
ambiental -, o que resulta no alto preço das áreas ainda
disponíveis, prejudica as associações que pretendem
adquirir um espaço. “Falta incentivo por parte das autoridades para
a comercialização de terrenos na região”, opinou Selma
Santos Arruda, diretora da Associação Habitacional Ana Nery,
que está conseguindo viabilizar o empreendimento em Santos.
Ela contou que a entidade comprou
o terreno junto com duas cooperativas, em 1995. Na ocasião, um arquiteto
foi consultado e constatou que o espaço comportava 200 unidades.
As cotas foram negociadas e o valor do terreno foi quitado em 12 meses.
“A Ana Nery conseguiu vender cotas para todos os 85 associados em apenas
15 dias”, disse a diretora. A área foi então desmembrada
e a associação ficou com 3.018 m².
Para garantir a segurança
dos mutirantes durante o trabalho, a CDHU exige que os participantes do
mutirão façam um curso técnico de 40 horas de duração.
As aulas são gratuitas e acontecem na Escola Técnica Estadual
Aristóteles Ferreira, em Santos. Lá, os alunos têm
instruções sobre cidadania, meio ambiente e mutirão,
enquanto a diretoria da associação recebe aulas de contabilidade
e administração.
“Alguns serviços, como fundações
e terraplenagem, são complexos e precisam ser executados por profissionais”,
afirmou o engenheiro e professor Anderson Luciano do Nascimento Silva.
“As fundações e as estruturas serão executadas pela
Naumitra Engenharia, empresa escolhida por licitação pública”,
revelou. Os mutirantes estão encarregados da execução
de paredes centrais e dos serviços de instalações
e acabamentos, sempre sob a orientação de profissionais experientes,
e o seguro da obra está totalmente incluído no valor do financiamento.
O programa incentiva também
a coletividade dos participantes, a solidariedade e a cidadania entre os
futuros vizinhos. “No curso, eles têm aulas sobre o Código
de Defesa do Consumidor, aprendem a exercer a cidadania e a preservar seus
direitos”, contou o professor. Além disso, o curso é certificado
pelo Instituto de Qualificação e Formação para
o Trabalho (IQFT), e possibilita que os alunos coloquem-se no mercado de
trabalho.
Ele acredita que os apartamentos
serão mais valorizados por terem sido construídos com o esforço
dos futuros moradores. “O mais importante é que os mutirantes estarão
edificando o sonho deles”, avaliou Anderson.
Parceria com a Cohab
Além do Programa Paulista
de Mutirão, a CDHU aposta no Projeto Habiteto, também realizado
em regime de mutirão, em parceria com a Companhia de Habitação
da Baixada Santista (Cohab-Santista). Através do Habiteto, as Prefeituras
ficam encarregadas de doar terrenos para a construção dos
conjuntos. Na Baixada, o primeiro empreendimento viabilizado pelo projeto
é o Conjunto Habitacional Sítio do Campo, na Praia Grande,
com 192 unidades, que se encontra em fase de conclusão.
Em Santos, 260 unidades serão
construídas no Conjunto Habitacional Mário Covas, localizado
no Bairro Saboó, beneficiando moradores da favela Vila Pantanal.
Em Cubatão, está prevista a construção de 620
apartamentos no Bolsão 7. |