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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/10/02 19:14:24

Edição 108 - MAI/2002 


Construção

Imigrantes:
obras da segunda pista na fase final

Governador Geraldo Alckmin vistoriou as obras e acionou o detonador para implosão da última rocha que estava no percurso

A duplicação da Rodovia dos Imigrantes entrou em 5/2002 na sua fase final. A obra, que aumentará a capacidade de tráfego de 8,5 mil para 14 mil veículos/dia na descida do Planalto para a Baixada Santista, será entregue em 12/2002. O último obstáculo natural que existia no novo percurso – uma rocha de aproximadamente 5 metros de largura – foi implodida para dar lugar ao Túnel 3/4, na altura do quilômetro 56 da Imigrantes.

O acionamento do detonador foi feito pelo governador Geraldo Alckmin, que em seguida vistoriou o túnel até o local em que ocorreu a explosão. Alckmin ressaltou a necessidade desta segunda pista para o desenvolvimento e para a economia do Estado de São Paulo. Ele lembrou que o trecho que liga a Capital e o ABC paulista com o Porto de Santos é um grande corredor de importação e exportação. “É a obra rodoviária mais importante do país”, defendeu.

Alckmin comemora o sucesso da operação no interior do túnel T3/4 da Imigrantes (Foto: Eliana Rodrigues)

A nova pista vai vencer um desnível de 730 metros entre a cidade de São Paulo e a Baixada. A estrada terá 21 quilômetros de extensão, sendo 5 quilômetros no trecho de Planalto, 11,5 na Serra do Mar e 4,5 quilômetros na Baixada Santista.

Os trabalhos estão sendo feitos com a utilização de equipamentos de alta tecnologia, que contaram com investimentos de R$ 800 milhões. Serão três novos túneis com comprimento total de 8,2 quilômetros. O processo de escavação dos túneis foi finalizado no final de 5/2002.

Para o presidente da empresa Ecovias, que administra o sistema Anchieta-Imigrantes sob concessão do Governo do Estado, Irineu Meirelles, agora será iniciada a etapa de acabamento da duplicação. “O processo mais complexo foi a escavação deste túnel, pois grande parte dele estava localizada em uma geologia atípica”, explicou. A empresa também está tendo cuidados com a preservação ambiental. “Somos a única empresa no mundo deste setor que conta com o ISO 14001 de gestão ambiental”, comentou o presidente.

Obras complementares - Alckmin também observou de perto o restante da duplicação. Disse que o Governo do Estado vai concluir as obras complementares à segunda pista da Imigrantes até o mês de dezembro. Ele se refere à interseção da nova Imigrantes com a Rodovia Anchieta e também à ponte sobre o Rio Laranjeiras. “Estas duas obras são obrigações do Estado. Hoje pude analisar que elas estão bastante adiantadas e estarão prontas no mesmo período que a estrada for entregue”, anunciou.

Sobre a interseção das duas rodovias, o governador informou que no local não será construído um viaduto comum. “Optamos pela implantação de uma ponte estaiada. Será a segunda ponte do Estado neste estilo arquitetônico. Terá 28 metros de largura, com cinco faixas e acostamento. Será um cartão postal para quem chegar a Baixada”, disse. A ponte estaiada é sustentada por cabos de aço. A primeira deste estilo no Estado de São Paulo está localizada na marginal do Rio Pinheiros, na Capital, por onde passa a Linha 5 do Metrô.

Além do benefício para a economia, a duplicação vai ajudar os turistas a chegarem mais rápido às praias paulistas. Segundo o secretário dos Transportes, Michael Zeitlin, os congestionamentos vão diminuir inclusive nas épocas de pico, como os feriados de Natal e Reveillon. Zeitlin citou o Programa de Recuperação de Rodovias, que está sendo firmado entre o Governo do Estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Diversas estradas do Estado serão inteiramente restauradas.

“A Piaçaguera-Guarujá e todo o trecho entre Bertioga e Ubatuba serão restaurados, com terceira faixa, acostamento e obras de segurança. Já o ponto entre São Sebastião e Caraguatatuba será todo duplicado”, adiantou o secretário. O Estado já está realizando a duplicação da estrada que liga os municípios de Itanhaém e Peruíbe, no Litoral Sul.

Túnel T3/4: vazamento foi feito com a detonação de explosivos (Foto: Eliana Rodrigues)

Processos modernos e equipamentos de alta tecnologia

Para o desenvolvimento do projeto, a Ecovias contratou o consórcio internacional denominado Ecoenge, formado por Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia, empresa nacional com mais de meio século de experiência e responsável por significativos projetos, entre eles a própria Rodovia dos Imigrantes e a linha 3 do metrô paulista; In.co., empresa italiana especializada em projetos de pontes e viadutos; e Geodata, empresa italiana especializada em projetos de túneis e geotecnia.

Para a execução da obra, a Ecovias escolheu um consórcio construtor capaz de utilizar as melhores técnicas e metodologias construtivas, com equipamentos e tecnologia de ponta. Fazem parte deste consórcio, denominado “Imigrantes”, as empresas: CR Almeida Engenharia e Construções, que tem em seu acervo de obras a rodovia expressa Porto Alegre/Osório, o metrô de Brasília e o metrô de Porto Alegre; Impregilo, maior construtora Italiana, e que no Brasil, em parceria com a CR Almeida, construiu a hidrelétrica de São Simão, para a Cemig, e o Canal de Pereira Barreto, para a Cesp.

Os túneis estão sendo escavados utilizando-se os mais modernos processos e equipamentos. Os emboques foram executados em “falsos túneis” - estruturas que substituem grandes escavações -, ou muros de contenção, minimizando o impacto ambiental.

Nos viadutos estão sendo utilizadas duas diferentes metodologias. O sistema de estrutura celular por deslocamentos progressivos será utilizado nos viadutos 8, 9 e 10 e consiste na concretagem, em uma das cabeceiras do viaduto, de segmentos de tabuleiros completos, com extensão igual à metade do vão, que são posteriormente “empurrados” na direção dos apoios. Tal procedimento não utiliza nenhum tipo de cimbramento, não interferindo com o tráfego, na transposição da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, local onde serão implantados.

Já o sistema de estrutura celular por balanços sucessivos foi adotado nos viadutos 1, 2, 3, 4, 5 e 7. Ele consiste na execução do tabuleiro de concreto em segmentos em balanços, ancorados sempre na estrutura do segmento anterior. Este procedimento é feito sucessivamente em ambos os lados de um pilar, de forma a manter o equilíbrio da estrutura, até que os dois lados se encontrem no meio do vão. As fundações dos viadutos foram executadas com perfuratrizes de diâmetro de 1,5 metro, com equipamento especialmente desenvolvido para a perfuração de solo e rocha.