Opinião
O dilema das drogas em horário
nobre
José Antonio Marques Almeida
(Jama) (*)
O país
vem acompanhando pela TV, através da novela “O Clone”, da autora
Glória Perez, o dilema de uma adolescente, de classe alta, que se
vê envolvida com as drogas. As situações vividas pela
garota chegam a incomodar alguns telespectadores, que ainda vêem
o problema com certo preconceito. Mas as cenas, apesar de serem mera ficção,
estão presentes no dia-a-dia de muitos jovens na vida real.
Os episódios mostram que os
roteiristas estão tratando o problema com bastante seriedade. Alguns
capítulos expõem jovens ainda em tratamento, relatando suas amargas
experiências com o uso das drogas. As declarações chegam
a comover o telespectador. O ponto forte dessa questão é
que a novela mostra que o uso de drogas não ocorre simplesmente
porque existem traficantes que abastecem o mercado. São muitos os
motivos que levam as pessoas a experimentarem os tóxicos, independente
de sua condição financeira.
Uma coisa é o dependente químico,
outra coisa é o traficante inserido no crime organizado. Longe de
paternalismo, defendo uma política diferenciada para os usuários.
Está na hora de o Brasil concluir o quanto antes a sua política
de prevenção às drogas. É sabido que os índices
de violência urbana têm como causas principais as drogas. As
estatísticas são preocupantes. Em 2000, os assassinatos chegaram
a 40 mil, contra 10 mil ocorridos em 1980. As campanhas contra as drogas
têm se mostrado eficazes na medida em que levam a sociedade a uma
reflexão, fazendo-a separar o traficante do usuário.
Pesquisas revelam que na maioria
dos casos, o uso de drogas lícitas e ilícitas entre os adolescentes
tem início na escola. Por isso, é preciso atacar o problema
com sabedoria. Independe do Governo Federal apresentar em definitivo uma
ação preventiva contra as drogas, cabe aos municípios
fazer a sua parte. Sou autor de uma lei que incluiu o estudo da dependência
química na grade curricular e que vem obtendo resultados bastante
positivos em Santos.
O tema droga está sendo abordado
de maneira interdisciplinar e, para isso, os educadores tiveram que passar
por treinamento. O programa, desenvolvido na rede municipal de ensino atinge
42 mil estudantes de 62 escolas do ensino Médio e Fundamental. Os
jovens estão se deparando com o problema e descobrindo as causas
sem traumas e muito menos sem preconceito.
Em “O Clone”, Glória Perez
tem propagado os males da dependência química através
do núcleo de personagens jovens interpretados por Débora
Falabella e Thiago Fragoso. A autora faz com que os personagens dêem
uma boa contribuição à sociedade quando expõem
os seus dramas sob os efeitos da dependência química. Resta
aos telespectadores torcerem para que os personagens envolvidos, tenham
um final feliz, o que nem sempre ocorre com boa parte dos dependentes químicos.
(*) José
Antonio Marques Almeida (Jama) é vereador do PPS e preside a Câmara
de Santos. |