Opinião
VLT: indutor de desenvolvimento
João Paulo Tavares Papa
(*)
A inauguração
da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes representa uma grande oportunidade
de retomada de desenvolvimento da Baixada Santista. Isto pode ser concretizado
se realizados investimentos em infra-estrutura para requalificar as cidades
no atendimento às necessidades de empresas e pessoas que tendem
a instalar-se aqui pela maior facilidade de ligação com o
Planalto e reconhecida qualidade de vida da região.
É com esse enfoque, de desenvolvimento
econômico da região, que deve ser analisada a implantação
do projeto de Veículos Leves sobre Trilhos- VLT, na antiga linha
férrea da Fepasa. Esse projeto pode representar um vetor de desenvolvimento
sob vários aspectos.
O primeiro é o urbanístico.
Por ser elétrico e integrar-se completamente à malha viária,
o VLT permite a abertura de novas integrações entre os dois
lados da linha e a reurbanização completa de toda a faixa,
com jardins e ciclovia. Isto representaria valorização dos
terrenos de uma área estratégica nas cidades, que foi degradada
nos últimos 80 anos.
O segundo ponto é a acessibilidade
nas cidades. Condições mais adequadas de circulação
de passageiros e cargas são requisitos fundamentais para atrair
novos empreendimentos e investimentos, pois a perda econômica e humana
nos congestionamentos é enorme. Esta posição é
defendida pelos urbanistas e especialistas em transportes da Associação
Nacional de Transportes Públicos e consta explicitamente da Agenda
21.
Em nossa região, alguns municípios
apresentam os índices mais alarmantes de concentração
de veículos por habitante e por metro quadrado do país. Para
atrair novos usuários, que hoje circulam de carro, um sistema de
transporte com conforto, confiabilidade e segurança é essencial.
O terceiro ponto é a capacidade
do sistema. O VLT é um sistema de média capacidade, adequado
a servir como estruturador, integrando-se às linhas de ônibus
metropolitanas e municipais. As análises realizadas até agora
somente consideraram a demanda das linhas metropolitanas. É preciso
considerar um cenário com os passageiros das linhas municipais,
os usuários dos carros que serão atraídos ao VLT e
os novos moradores que chegarão com a segunda pista da Imigrantes.
Quanto aos recursos, é necessário
que o Estado de São Paulo participe, pois nenhum projeto de transporte
no mundo é viabilizado apenas com a participação da
iniciativa privada. Uma análise mais ampla, prazo de concessão
adequado e a decisão política resultará na atração
de interessados a viabilizar o empreendimento.
O projeto do VLT não pode
ser analisado apenas sob a ótica de transportes. Precisa ser encarado
como um indutor de desenvolvimento regional. É com esta visão
ampla sobre o projeto e de quem conhece e sempre lutou pelo desenvolvimento
da região, que o Governador Mário Covas foi um defensor do
VLT. E a Prefeitura de Santos e o Condesb o aprovaram.
(*) João
Paulo Tavares Papa é engenheiro, vice-prefeito e secretário
de Planejamento de Santos. |