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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/23/01 10:52:43
Edição 103 - DEZ/2001 

Opinião

VLT: indutor de desenvolvimento

João Paulo Tavares Papa (*)

A inauguração da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes representa uma grande oportunidade de retomada de desenvolvimento da Baixada Santista. Isto pode ser concretizado se realizados investimentos em infra-estrutura para requalificar as cidades no atendimento às necessidades de empresas e pessoas que tendem a instalar-se aqui pela maior facilidade de ligação com o Planalto e reconhecida qualidade de vida da região.

É com esse enfoque, de desenvolvimento econômico da região, que deve ser analisada a implantação do projeto de Veículos Leves sobre Trilhos- VLT, na antiga linha férrea da Fepasa. Esse projeto pode representar um vetor de desenvolvimento sob vários aspectos.

O primeiro é o urbanístico. Por ser elétrico e integrar-se completamente à malha viária, o VLT permite a abertura de novas integrações entre os dois lados da linha e a reurbanização completa de toda a faixa, com jardins e ciclovia. Isto representaria valorização dos terrenos de uma área estratégica nas cidades, que foi degradada nos últimos 80 anos.

O segundo ponto é a acessibilidade nas cidades. Condições mais adequadas de circulação de passageiros e cargas são requisitos fundamentais para atrair novos empreendimentos e investimentos, pois a perda econômica e humana nos congestionamentos é enorme. Esta posição é defendida pelos urbanistas e especialistas em transportes da Associação Nacional de Transportes Públicos e consta explicitamente da Agenda 21. 

Em nossa região, alguns municípios apresentam os índices mais alarmantes de concentração de veículos por habitante e por metro quadrado do país. Para atrair novos usuários, que hoje circulam de carro, um sistema de transporte com conforto, confiabilidade e segurança é essencial. 

O terceiro ponto é a capacidade do sistema. O VLT é um sistema de média capacidade, adequado a servir como estruturador, integrando-se às linhas de ônibus metropolitanas e municipais. As análises realizadas até agora somente consideraram a demanda das linhas metropolitanas. É preciso considerar um cenário com os passageiros das linhas municipais, os usuários dos carros que serão atraídos ao VLT e os novos moradores que chegarão com a segunda pista da Imigrantes.

Quanto aos recursos, é necessário que o Estado de São Paulo participe, pois nenhum projeto de transporte no mundo é viabilizado apenas com a participação da iniciativa privada. Uma análise mais ampla, prazo de concessão adequado e a decisão política resultará na atração de interessados a viabilizar o empreendimento. 

O projeto do VLT não pode ser analisado apenas sob a ótica de transportes. Precisa ser encarado como um indutor de desenvolvimento regional. É com esta visão ampla sobre o projeto e de quem conhece e sempre lutou pelo desenvolvimento da região, que o Governador Mário Covas foi um defensor do VLT. E a Prefeitura de Santos e o Condesb o aprovaram.

(*) João Paulo Tavares Papa é engenheiro, vice-prefeito e secretário de Planejamento de Santos.