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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/23/01 10:52:39
Edição 103 - DEZ/2001 

Editorial

Rever o vestibular

Luiz Carlos Ferraz

Num País em que o índice de analfabetismo o classifica como potência de Terceiro Mundo, com taxas a partir de 37,7 % na melhor avaliação, entre homens de 25 a 39 anos, a mercantilização da Educação continua gerando situações esdrúxulas, a mais recente no episódio em que um analfabeto foi aprovado no exame vestibular, em 9º lugar, numa faculdade carioca. 

Em que pese a estratégia de sucesso do candidato, que repetiu as respostas de apenas duas letras, demonstrando que apesar de analfabeto não é burro, mais uma vez revelou-se a discutível utilidade do exame vestibular, muitas vezes confundido com um instrumento caça-níquel a engrossar a receita de final de ano das universidades – embora algumas, como a Unip, tenha instituído a inscrição grátis aos que prestaram o Enem. 

O vestibular, da forma como é utilizado, significa um desvio que merece estudo do ministro Paulo Renato Souza. Que se acabe com este funil, hoje aparentemente útil apenas nas universidades públicas, já que é inócuo na rede particular, em face da ampla oferta de vagas nos cursos pagos devido a proliferação, até certo ponto saudável, ocorrida nos últimos anos. Tanto que há universidades que se obrigam a um segundo vestibular para preenchimento de vagas. 

A questão hoje não é mais saber como entra o secundarista na faculdade, o que o Enem cuida de avaliar e corrigir, mas como está sendo formado o bacharel, o que o Provão busca fiscalizar e qualificar. Sem barreiras fictícias, com as portas abertas à universidade, teremos a perspectiva de formar cidadãos cada vez mais conscientes para o exercício de seu papel na sociedade.