Economia
Perspectivas turísticas
Goiaci Alves Guimarães
(*)
Com o
fechamento do espaço aéreo nos EUA, as vendas de passagens
para os vôos internacionais despencaram. Entretanto, tão logo
os aeroportos voltaram a operar, os aviões que partiram dos EUA
rumo ao Brasil chegaram lotados, retornando com taxas de ocupação
que variam entre 20% a 30%.
Com precisão, ainda é
cedo para avaliar quais efeitos os atentados terroristas ocorridos nos
EUA terão sobre a movimentação aérea no Brasil,
a médio e longo prazo. Mas, nos próximos 60 dias, o cenário
deverá estar mais definido. Acredito na tendência de incremento
das vendas de passagens aéreas para vôos domésticos,
como aliás já vem sendo observado nos últimos cinco
anos, por conta dos investimentos privados realizados no setor.
Mais de U$ 6,5 bilhões foram
investidos no Turismo Nacional, envolvendo a construção de
300 novos hotéis e o lançamento de 10 parques temáticos,
além das obras de reforma e ampliação realizadas em
oito aeroportos do Nordeste. No primeiro semestre de 2001 observamos crescimento
de 13% nas vendas de passagens aéreas nas linhas domésticas
e queda de 5,8% nas linhas internacionais (as mais de 2.800 agências
de viagens associadas ABAV respondem por 68% das vendas de passagens aéreas
no Brasil, incluindo os vôos com destinos nacionais e internacionais).
Para o segundo semestre de 2001 esperamos um crescimento mínimo
de 20% no mercado interno.
Com referência às vendas
de passagens aéreas para os vôos internacionais, é
possível haver queda de até 40%. Contudo, é importante
salientar que a quantidade de cancelamentos tem sido mínima. Os
turistas brasileiros, a rigor, bem orientados por seus agentes de viagens,
têm preferido adiar a data de seu embarque para o exterior ou optado
pela mudança de destinos. Com maior freqüência, as opções
recaem em favor de alguns países da América do Sul, da Europa
e das diferentes regiões brasileiras.
A desvalorização do
real, embora seja um fator inibidor para o segmento emissivo, no âmbito
do turismo internacional, atua como um fator de estímulo às
viagens de negócios, que são demandadas por executivos e
empresários que atuam em setores econômicos voltados à
exportação de produtos fabricados no Brasil. Do mesmo modo,
a crise cambial favorece a entrada de turistas estrangeiros no país,
gerando ingresso de divisas e criando novas e promissoras oportunidades
de negócios para os profissionais especializados no segmento do
Turismo Receptivo Internacional.
Enfim, as dificuldades existem, mas
a Indústria do Turismo no Brasil tem dado provas de sua capacidade
para enfrentar e vencer desafios.
(*) Goiaci
Alves Guimarães é presidente nacional da ABAV, Associação
Brasileira de Agências de Viagens. |