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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/08/01 10:06:40
Edição 100 - SET/2001

Editorial

Corações e mentes

Luiz Carlos Ferraz
editor

Ao se advertir que jamais o profissional de Imprensa poderá se referir a este ou àquele fato como indescritível - como a admitir não haver signo que possa expressar a realidade, ainda que uma versão, seja meramente informativa -, está-se apenas querendo repelir o iminente fracasso do jornalismo. E sem Imprensa, só para continuar o raciocínio, não se sustenta um governo democrático. 

Parte-se daí para enfatizar que a Imprensa tem o direito-dever de manter-se atuante, apesar de não ter encontrado palavras que pudessem qualificar o atentado terrorista articulado contra os EUA, que, é forçoso reconhecer, supera a série de atentados que acontece no dia-a-dia, na forma de guerra civil, nos diferentes cantos do mundo, seja nas colinas de Golan, nas favelas do Rio e São Paulo, no deserto afegão, ou nas matas da Colômbia. 

Se tão semelhantes nos resultados, com milhares de mortos, não são tão diferentes no animus, já que, em síntese, traduzem a insuperável polaridade entre as energias do Universo, o positivo e o negativo, a riqueza e a miséria, a opressão e o oprimido, o capital e o trabalho, o yin e o yang

É neste sentido que não é possível considerar que o atentado foi só contra os EUA, como aliás quer convencer, no que obtém sucesso, a principal vítima. Assim, na mesma linha lógica, não seria possível classificar como autor tão-só a quem se pretende imputar – o que denota sofisma. 

O ignóbil atentado, como repetem inúmeras autoridades internacionais - dentre as quais o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Lafer -, ao procurar fontes de comparação, tem significado maior que a derrubada do Muro de Berlim e outros ícones dos passos da Humanidade. Neste sentido, estão longe de esgotados ou tornados claros os efeitos que continuará produzindo em corações e mentes no Terceiro Milênio.