Editorial
Corações e mentes
Luiz Carlos Ferraz
editor
Ao se
advertir que jamais o profissional de Imprensa poderá se referir
a este ou àquele fato como indescritível - como a admitir
não haver signo que possa expressar a realidade, ainda que uma versão,
seja meramente informativa -, está-se apenas querendo repelir o
iminente fracasso do jornalismo. E sem Imprensa, só para continuar
o raciocínio, não se sustenta um governo democrático.
Parte-se daí para enfatizar
que a Imprensa tem o direito-dever de manter-se atuante, apesar de não
ter encontrado palavras que pudessem qualificar o atentado terrorista articulado
contra os EUA, que, é forçoso reconhecer, supera a série
de atentados que acontece no dia-a-dia, na forma de guerra civil, nos diferentes
cantos do mundo, seja nas colinas de Golan, nas favelas do Rio e São
Paulo, no deserto afegão, ou nas matas da Colômbia.
Se tão semelhantes nos resultados,
com milhares de mortos, não são tão diferentes no
animus,
já que, em síntese, traduzem a insuperável polaridade
entre as energias do Universo, o positivo e o negativo, a riqueza e a miséria,
a opressão e o oprimido, o capital e o trabalho, o yin e
o yang.
É neste sentido que não
é possível considerar que o atentado foi só contra
os EUA, como aliás quer convencer, no que obtém sucesso,
a principal vítima. Assim, na mesma linha lógica, não
seria possível classificar como autor tão-só a quem
se pretende imputar – o que denota sofisma.
O ignóbil atentado, como repetem
inúmeras autoridades internacionais - dentre as quais o ministro
brasileiro das Relações Exteriores, Celso Lafer -, ao procurar
fontes de comparação, tem significado maior que a derrubada
do Muro de Berlim e outros ícones dos passos da Humanidade. Neste
sentido, estão longe de esgotados ou tornados claros os efeitos
que continuará produzindo em corações e mentes no
Terceiro Milênio. |