Política
O verdadeiro embate
Alberto Goldman (*)
As próximas
eleições para a Presidência da República e Congresso
Nacional serão decisivas para a definição dos rumos
do país nas próximas décadas.
Em 1986, com a Constituinte, as eleições
realizaram-se sob a definitiva superação do autoritarismo
e a transição para um regime constitucional. Em 1989 e 1990
deram-se sob a emoção das liberdades conquistadas e a crença
em um salvador da pátria. Em 1994 o entusiasmo da vitória
sobre a inflação prevaleceu. E em 1998 o eleitorado decidiu
por garantir a estabilidade como um bem indispensável.
Diferentemente das anteriores, as
eleições de 2002 dar-se-ão sob a égide da discussão
de um projeto nacional, a definição do país que queremos
e dos caminhos que deveremos trilhar para alcançá-lo a médio
e longo prazo.
Estão enganados os que pensam
que personalidades, imagens ou carismas possam apenas por si, conquistar
os corações e as mentes das pessoas. Agora, o que vale, são
propostas realistas, consistentes, viáveis e que apontem para a
construção de um futuro melhor.
As próximas eleições
vão requerer candidatos equilibrados, organização
partidária e alianças que tenham compromissos claros com
programas imediatos e projetos e objetivos estratégicos. Concretamente,
somente duas forças políticas têm condições
e liderança para se qualificar a estas eleições e
apresentar projetos apoiados em forças sociais e partidárias
consistentes.
De um lado, a oposição
tradicional, ainda presa a dogmas e compromissos com o passado: o Estado
todo poderoso que tudo resolve, o voluntarismo, o corporativismo imobilizador,
o partidarismo que se sobrepõe à sociedade e, em nome dela,
emitirem sentenças dentro de uma visão tacanha da democracia
como tática política apenas. Tudo envolto em um discurso
moralista que não vai às raízes sociais, políticas
e culturais da corrupção.
De outro lado, o projeto iniciado
pelas forças que atualmente governam o país, até agora
limitado pela falta de hegemonia de um agrupamento claramente reformista,
obrigado à composição com forças conservadoras
que não poucas vezes, se aliaram às oposições
para barrar transformações mais avançadas. O mesmo
projeto que terá que deixar claro o livre jogo das forças
de mercado, submetido porém aos interesses da sociedade e por isso
mesmo, regulado por regras claras e estáveis emanadas pelo Estado.
Enfim, um projeto com hegemonia social
democrata capaz de ser apoiado por amplo arco de forças políticas
e sociais, em condições de construir uma maioria estável
no Congresso. A democracia é e será a referência estratégica
deste projeto e a vitória sobre a corrupção será
resultante das reformas no Estado na sociedade, e fruto das transformações
culturais na sociedade brasileira.
(*) Alberto
Goldman é deputado federal pelo PSDB/SP. |