Editorial
Síndrome do ceticismo
Luiz Carlos Ferraz, editor
Apenas por
ser humano, é exagerado exigir-se que o comportamento das pessoas,
diga-se quaisquer pessoas, seja linearmente imutável, como se não
houvesse sofrer influências por inúmeras variantes, a ponto
de admitir-se inverter opiniões, emoções, divergir
de si próprio neste ou naquele assunto, com o passar de meses ou
apenas horas. Tratamento diferente, contudo, deverá merecer outra
classe de pessoas, não se frisaria quaisquer pessoas, mas aquelas
de caráter público, cuja repercussão de seus atos
ainda estão a desafiar as teorias da Comunicação,
tais como políticos, autoridades, jornalistas. Estes estão
obrigados pela coerência.
Ao manifestar sua opinião,
estas pessoas, especialmente o profissional de Imprensa, deve buscar balizamento
idôneo para que, de forma ética, ou seja, conjugando liberdade
com responsabilidade, não influencie a opinião pública
levando-a a erro, seja ingênua ou dolosamente, devendo responder,
naturalmente, pelo excesso.
O que se observa nos órgãos
de comunicação, contudo, especialmente nos pequenos centros
urbanos, onde o monopólio da informação é exercido
de forma abusiva, pois sem controle, afronta o mínimo padrão
lógico. Assim, é possível que o leitor, ou ouvinte,
receba uma notícia de uma forma, aqui, e a mesma notícia
de outra forma, acolá – ainda que em veículos do mesmo grupo
econômico, ou através do mesmo profissional que, por questões
econômicas, atua em variadas publicações.
E daí? O descrédito,
que não é mais virtude de políticos e autoridades,
atinge inapelavelmente o jornalista, gerando a síndrome do ceticismo,
pois a opinião pública, hoje, está atenta e tende
a repudiar os que tentam manipulá-la. |