Política
Limitar MPs: um conflito desnecessário
Alberto Goldman (*)
A emenda
constitucional que limita a edição de Medidas Provisórias
volta a ser tema no cenário nacional e gerando um conflito desnecessário
entre o Governo e Congresso, uma vez que a maioria dos parlamentares tem
a convicção de que a sua limitação é
importante e necessária.
Em 1995, fui radical quando apresentei
um projeto de emenda constitucional - PEC - que eliminava totalmente o
uso das medidas provisórias. Hoje reconheço que não
podemos de fato eliminar totalmente o conceito das medidas provisórias,
até porque o Congresso Nacional não funciona na velocidade
em que o País necessita e a economia freqüentemente exige.
O Legislativo é um poder que,
pela sua estrutura, nem sempre pode resolver as questões com rapidez.
Tem diferentes partidos políticos, com divergências e opiniões
mais diversas, onde o jogo de interesses nem sempre está abaixo
dos interesses da sociedade. As matérias urgentes e consideradas
relevantes não podem esperar tanto tempo para serem votadas. O País
precisa ter um sistema ágil, rápido, para que o Poder Executivo
possa enfrentar necessidades que são prementes.
Estamos discutindo uma questão
institucional que é crucial para o conjunto do País. A Câmara
tem que, no momento certo, tomar uma decisão porque o governo não
pode ficar reeditando várias vezes uma MP, o que cria, às
vezes, complicações do ponto de vista jurídico.
Uma das grandes deficiências
da MP, hoje, é a reedição com alterações
freqüentes. Do ponto de vista dos Tribunais deve ser muito difícil
trabalhar, inclusive porque nem sempre uma medida transmite a confiança
e estabilidade necessária como norma jurídica. Do ponto de
vista do cidadão, é uma insegurança brutal, porque
o governo pode a cada 30 dias mudar leis, através de um simples
ato publicado no Diário Oficial, sem nenhuma participação
do Congresso, e essas leis podem vigorar durante anos, e não exatamente
da forma como foram emitidas no começo, mas mudando a cada período.
A Emenda Constitucional vai ser votada
e cabe à Câmara dos Deputados acompanhar a decisão.
O governo já aceitou uma série de limitações,
como, por exemplo, a perda da eficácia da medida, desde a edição,
se não for convertida em lei no prazo de 60 dias, prorrogáveis
por mais 60; ou seja, a existência de uma só reedição
da MP, entre outros conceitos. Alguns parlamentares insistem levar isso
mais adiante, querem impedir o governo de emitir medidas provisórias
em uma série de matérias. Acho que já se chegou a
um ponto de equilíbrio bom e aceitável. Não é
uma questão de oposição e situação.
Até porque a oposição hoje, pode ser situação
amanhã.
A sistemática de edição
de medidas provisórias tem que ser mudada, levando em conta que
ainda é um instrumento eficaz, mas não se pode admitir a
sua eliminação simples porque seria muito ruim para o País.
(*) Alberto
Goldman é deputado federal pelo PSDB/SP. |