Arquitetura
O arquiteto de Bill Gates
Ele sabe
usar como ninguém as novas tecnologias, mas sempre mantém
o seu olhar voltado para a preservação ambiental. A mansão
de US$ 60 milhões do presidente
da Microsoft, Bill Gates, o homem mais rico do mundo, é apenas um
exemplo dos seus diversos projetos arquitetônicos. Seu nome: James
Cutler. Aos 51 anos de idade e pela primeira vez no Brasil, Cutler fez
uma palestra e até a primeira quinzena de março estará
mostrando os seus principais trabalhos no piso superior do Shopping Iguatemi,
na sala 3 do Cine Alvorada, em São Paulo, durante o lançamento
do primeiro condomínio hi-tech da América Latina, no bairro
do Morumbi.
James Cutler é o consultor
da I-House (The Innovative House), a empresa responsável pelo empreendimento.
O seu talento e a sua experiência com projetos de alta tecnologia
foram determinantes para que os empresários Leonardo Senna e Claive
Vidiz Júnior, sócios da I-House, fizessem o convite e o trouxessem
para o evento.
Natural da Pensilvânia (EUA),
casado, pai de duas filhas adolescentes (15 e 17 anos), Cutler diplomou-se
mestre em arquitetura em 1974 na University of Pennsylvania.
Em 1977, montou um escritório com o sócio Peter Bohlin. Profissional
conceituado, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais
durante toda a sua carreira e, atualmente, está desenvolvendo projetos
de residências que serão construídas em Majorca, em
Napa Valley, na Califórnia; New Jersey e em Montana.
Defensor da natureza, Cutler usa
principalmente a madeira em seus trabalhos, por ser um bem renovável,
que economiza energia e não agride a biosfera. Outro material bastante
utilizado por ele é o concreto. Várias das casas projetadas
por Cutler têm paredes de concreto de formato irregular, com aparência
de ruínas, o que dá a impressão de total harmonia
com a natureza.
Além disso, aplica gesso acartonado
nas paredes e no teto de suas construções, proporcionando
acabamento de primeira, facilidade de manutenção e excelentes
desempenhos acústico e térmico. O sistema, conhecido como
composite
wall, é uma mistura de areia e água, acrescida de fibra,
deixando o material mais sólido e, portanto, ideal para a forração.
Conhecido como o profissional que transforma ecologia em arte, Cutler é
contra escavações e destruição das paisagens
e a favor do reflorestamento.
“Sinto
sérios enjôos
quando vejo
construções que ‘devoram’ a terra”
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Com trabalhos bem-sucedidos espalhados
pelos Estados Unidos, Austrália e Alasca, James Cutler e o sócio,
Peter Bohlin, evoluíram muito durante todos esses anos. Mas foi
a partir da construção da mansão dos Gates, concluída
em novembro de 1998, que o trabalho prosperou.
Construída às margens
do Lago Washington, perto de Seattle, a mansão de sete quartos,
24 banheiros, seis cozinhas e seis lareiras ocupa uma área de cerca
de 40 mil metros quadrados, incluindo a casa de hóspedes, quadras
esportivas, jardins e garagens. Um teatro particular com 20 lugares e uma
piscina de 18,3 metros de comprimento, com alto-falantes embutidos para
transmitir música embaixo d’água são alguns dos lugares
mais encantadores da mansão. Mas o local mais atraente e que Bill
Gates prefere é a biblioteca. Três salas amplas ligadas entre
si por arcos acomodam centenas de livros. Nas estantes, podem ser encontradas
edições raras, e num canto especial, um dos objetos mais
valorizados pelo multimilionário: um caderno de anotações
científicas de Leonardo da Vinci, que vale cerca de US$ 30,8 milhões.
Cutler - que dedica até seis
horas seguidas em um mesmo projeto, desenhando todos os detalhes, inclusive
a mobília da casa - diz ter aprendido muito com esse trabalho. “A
experiência de Gates deu-nos, para mim e para o Peter, uma visão
melhor dos negócios”, declara. Atualmente, faz diversas casas nos
Estados Unidos, duas na Austrália, um hotel no Alasca e outros voltados
para o ecoturismo. Sobre o Brasil, afirmou: “Gosto de conhecer lugares
novos e fora dos Estados Unidos. É mais uma oportunidade para aprender
a cultura das pessoas e a arquitetura de outros países.” |