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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/12/01 16:47:46
Edição 093 - FEV/2001 

Arquitetura

O arquiteto de Bill Gates 

Ele sabe usar como ninguém as novas tecnologias, mas sempre mantém o seu olhar voltado para a preservação ambiental. A mansão de US$ 60 milhões do James Cutlerpresidente da Microsoft, Bill Gates, o homem mais rico do mundo, é apenas um exemplo dos seus diversos projetos arquitetônicos. Seu nome: James Cutler. Aos 51 anos de idade e pela primeira vez no Brasil, Cutler fez uma palestra e até a primeira quinzena de março estará mostrando os seus principais trabalhos no piso superior do Shopping Iguatemi, na sala 3 do Cine Alvorada, em São Paulo, durante o lançamento do primeiro condomínio hi-tech da América Latina, no bairro do Morumbi. 

James Cutler é o consultor da I-House (The Innovative House), a empresa responsável pelo empreendimento. O seu talento e a sua experiência com projetos de alta tecnologia foram determinantes para que os empresários Leonardo Senna e Claive Vidiz Júnior, sócios da I-House, fizessem o convite e o trouxessem para o evento.

Natural da Pensilvânia (EUA), casado, pai de duas filhas adolescentes (15 e 17 anos), Cutler diplomou-se mestre em arquitetura em 1974 na University of Tendência ecológica é marcante, com muito uso de madeiraPennsylvania. Em 1977, montou um escritório com o sócio Peter Bohlin. Profissional conceituado, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais durante toda a sua carreira e, atualmente, está desenvolvendo projetos de residências que serão construídas em Majorca, em Napa Valley, na Califórnia; New Jersey e em Montana. 

Defensor da natureza, Cutler usa principalmente a madeira em seus trabalhos, por ser um bem renovável, que economiza energia e não agride a biosfera. Outro material bastante utilizado por ele é o concreto. Várias das casas projetadas por Cutler têm paredes de concreto de formato irregular, com aparência de ruínas, o que dá a impressão de total harmonia com a natureza. 

Além disso, aplica gesso acartonado nas paredes e no teto de suas construções, proporcionando acabamento de primeira, facilidade de manutenção e excelentes desempenhos acústico e térmico. O sistema, conhecido como composite wall, é uma mistura de areia e água, acrescida de fibra, deixando o material mais sólido e, portanto, ideal para a forração. Conhecido como o profissional que transforma ecologia em arte, Cutler é contra escavações e destruição das paisagens e a favor do reflorestamento. 

“Sinto sérios enjôos 
quando vejo construções que ‘devoram’ a terra”
Com trabalhos bem-sucedidos espalhados pelos Estados Unidos, Austrália e Alasca, James Cutler e o sócio, Peter Bohlin, evoluíram muito durante todos esses anos. Mas foi a partir da construção da mansão dos Gates, concluída em novembro de 1998, que o trabalho prosperou.

Construída às margens do Lago Washington, perto de Seattle, a mansão de sete Projeto de Cutler tem paredes de concreto de formato irregularquartos, 24 banheiros, seis cozinhas e seis lareiras ocupa uma área de cerca de 40 mil metros quadrados, incluindo a casa de hóspedes, quadras esportivas, jardins e garagens. Um teatro particular com 20 lugares e uma piscina de 18,3 metros de comprimento, com alto-falantes embutidos para transmitir música embaixo d’água são alguns dos lugares mais encantadores da mansão. Mas o local mais atraente e que Bill Gates prefere é a biblioteca. Três salas amplas ligadas entre si por arcos acomodam centenas de livros. Nas estantes, podem ser encontradas edições raras, e num canto especial, um dos objetos mais valorizados pelo multimilionário: um caderno de anotações científicas de Leonardo da Vinci, que vale cerca de US$ 30,8 milhões.

Cutler - que dedica até seis horas seguidas em um mesmo projeto, desenhando todos os detalhes, inclusive a mobília da casa - diz ter aprendido muito com esse trabalho. “A experiência de Gates deu-nos, para mim e para o Peter, uma visão melhor dos negócios”, declara. Atualmente, faz diversas casas nos Estados Unidos, duas na Austrália, um hotel no Alasca e outros voltados para o ecoturismo. Sobre o Brasil, afirmou: “Gosto de conhecer lugares novos e fora dos Estados Unidos. É mais uma oportunidade para aprender a cultura das pessoas e a arquitetura de outros países.”