Editorial
A vez dos sem-teto
Luiz Carlos Ferraz, editor
Deixando
de apenas informar sobre os conflitos sociais, há vezes em que a
Imprensa exacerba o seu papel na sociedade e passa a prescrever condutas,
atuando mesmo como poder legiferante, tal qual o Legislativo, ou mesmo
o Judiciário, que ao sentenciar faz lei entre as partes no processo.
Assim é que, tamanho o grau de persuasão da Imprensa, não
é de hoje que, de forma anômala, a qualificam de quarto poder;
ou talvez, após a Constituição Federal de 88, quinto
poder.
Exageros à parte, a reflexão
vem a propósito do alerta que o Perspectiva faz na matéria
principal desta edição, quanto à necessidade de se
definir uma política habitacional viável, que solucione de
vez o crescente déficit de moradias e paralise a favelização
das cidades.
Trata-se de um fenômeno que
se nota claramente nos Municípios da Região Metropolitana
da Baixada Santista - hoje unida por um cinturão de miséria
que invade os manguezais com barracos sem a mínima infra-estrutura.
Caminhamos para uma situação
limite, e que já produz nos centros mais politizados do País
reações organizadas através do Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto, a versão urbana do MST. Para o modelo de desenvolvimento
que se quer para Santos e metrópole vislumbra-se tudo aquilo que
não precisamos e devemos reagir para que não aconteça. |