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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/10/00 20:51:36
Edição 091 - NOV/2000 

Arquitetura

Criatividade e imaginação geram a identidade visual

Programas com mais recursos trazem novos desafios aos profissionais

Carlos Pimentel Mendes
 

Cada vez mais, as grandes cidades estão parecidas: um caixote de concreto de vários andares ao lado de outro. Apenas pelo perfil da cidade ao longe, você já não distingue São Paulo de Tóquio, Los Angeles de New York, talvez nem Durban na África do Sul ou alguma cidade australiana. Em todas, predominam os mesmos Arquitetura regional está perdendo sua identidade com a globalizaçãopadrões construtivos, tanto que se por algum capricho alguém resolvesse transplantar um edifício de uma dessas cidades para outra, é bem possível que ninguém percebesse a alteração.

Para alguém que não seja santista ou carioca, qual a diferença entre a fileira de prédios na orla da praia de uma ou de outra dessas cidades? Ou de uma vista de Maceió, até mesmo Salvador ou Vitória? Pois é, salvo as exceções de praxe, a Arquitetura se torna globalizada, padronizada e sem identidade. 

Qual a característica arquitetônica que melhor define Santos? Que se pode dizer que seja exclusiva dessa cidade, marca registrada de seus arquitetos? Vale a pena pensar um pouco sobre isso, pois se tudo for feito da mesma forma em todo o mundo, logo o serviço será assumido por uma máquina: por um lado entram os dados referentes ao solo, metragem, limites construtivos e objetivo da obra, pelo outro sai a planta prontinha, até com o cálculo detalhado de quantos sacos de cimento e litros de água serão consumidos na construção.

Ora, o que salva o emprego dos arquitetos locais é a capacidade de imaginar soluções inovadoras para os mesmos problemas. Que venham não prontinhas dos centros internacionais, mas de sua capacidade de usar a cultura local, de forma criativa, gerando produtos que comporão uma identidade arquitetônica própria dessa região. Ainda que depois sejam adaptadas para uso em outros países.

Criatividade – Comentava um articulista, em publicação especializada sobre desenho auxiliado por computador (CAD), que recentemente um professor foi demitido de uma faculdade brasileira justamente por romper a inércia, ensinando aos alunos maneiras novas de usar os recursos de informática existentes e empregando novos programas de computador, com características ainda não dominadas por seus colegas de magistério.

Em outra matéria, a revista mostrava como o uso da criatividade permite suprir deficiências dos programas de computador empregados em Arquitetura e Decoração. Por exemplo, falta um conjunto de instruções que gere a imagem tridimensional de uma tampa de mesa, ou da porta de um armário? Sem problema: adapte para essas finalidades o programinha que gera uma laje de telhado. Precisa de uma telha ondulada? Talvez o arquivo de comandos para representar papelão corrugado possa resolver. Quem sabe, o comando para gerar perfilados permita desenhar molduras de gaveta ou bordas de balcão...

Comentam vários arquitetos que os desenhos obtidos por computador ainda são muito rígidos, dificultando ao profissional passar as idéias para o papel. O domínio das técnicas de edição dos desenhos e de computação gráfica, aliado à atualização constante do profissional em relação aos novos produtos oferecidos pela informática, abrem o caminho para que, cada vez mais, o arquiteto possa soltar sua imaginação. 
Nessa hora, ganha mercado quem souber usar todos os recursos disponíveis para criar uma identidade própria, em obras que sejam reconhecíveis em qualquer lugar do mundo. Como a Ópera de Sidney; o museu espanhol Guggenheim... ou os palácios de Brasília.