Arquitetura
Criatividade e imaginação
geram a identidade visual
Programas com mais recursos
trazem novos desafios aos profissionais
Carlos Pimentel Mendes
Cada vez
mais, as grandes cidades estão parecidas: um caixote de concreto
de vários andares ao lado de outro. Apenas pelo perfil da cidade
ao longe, você já não distingue São Paulo de
Tóquio, Los Angeles de New York, talvez nem Durban na África
do Sul ou alguma cidade australiana. Em todas, predominam os mesmos padrões
construtivos, tanto que se por algum capricho alguém resolvesse
transplantar um edifício de uma dessas cidades para outra, é
bem possível que ninguém percebesse a alteração.
Para alguém que não
seja santista ou carioca, qual a diferença entre a fileira de prédios
na orla da praia de uma ou de outra dessas cidades? Ou de uma vista de
Maceió, até mesmo Salvador ou Vitória? Pois é,
salvo as exceções de praxe, a Arquitetura se torna globalizada,
padronizada e sem identidade.
Qual a característica arquitetônica
que melhor define Santos? Que se pode dizer que seja exclusiva dessa cidade,
marca registrada de seus arquitetos? Vale a pena pensar um pouco sobre
isso, pois se tudo for feito da mesma forma em todo o mundo, logo o serviço
será assumido por uma máquina: por um lado entram os dados
referentes ao solo, metragem, limites construtivos e objetivo da obra,
pelo outro sai a planta prontinha, até com o cálculo detalhado
de quantos sacos de cimento e litros de água serão consumidos
na construção.
Ora, o que salva o emprego dos arquitetos
locais é a capacidade de imaginar soluções inovadoras
para os mesmos problemas. Que venham não prontinhas dos centros
internacionais, mas de sua capacidade de usar a cultura local, de forma
criativa, gerando produtos que comporão uma identidade arquitetônica
própria dessa região. Ainda que depois sejam adaptadas para
uso em outros países.
Criatividade – Comentava um
articulista, em publicação especializada sobre desenho auxiliado
por computador (CAD), que recentemente um professor foi demitido de uma
faculdade brasileira justamente por romper a inércia, ensinando
aos alunos maneiras novas de usar os recursos de informática existentes
e empregando novos programas de computador, com características
ainda não dominadas por seus colegas de magistério.
Em outra matéria, a revista
mostrava como o uso da criatividade permite suprir deficiências dos
programas de computador empregados em Arquitetura e Decoração.
Por exemplo, falta um conjunto de instruções que gere a imagem
tridimensional de uma tampa de mesa, ou da porta de um armário?
Sem problema: adapte para essas finalidades o programinha que gera uma
laje de telhado. Precisa de uma telha ondulada? Talvez o arquivo de comandos
para representar papelão corrugado possa resolver. Quem sabe, o
comando para gerar perfilados permita desenhar molduras de gaveta ou bordas
de balcão...
Comentam vários arquitetos
que os desenhos obtidos por computador ainda são muito rígidos,
dificultando ao profissional passar as idéias para o papel. O domínio
das técnicas de edição dos desenhos e de computação
gráfica, aliado à atualização constante do
profissional em relação aos novos produtos oferecidos pela
informática, abrem o caminho para que, cada vez mais, o arquiteto
possa soltar sua imaginação.
Nessa hora, ganha mercado quem souber
usar todos os recursos disponíveis para criar uma identidade própria,
em obras que sejam reconhecíveis em qualquer lugar do mundo. Como
a Ópera de Sidney; o museu espanhol Guggenheim... ou os palácios
de Brasília. |