Opinião
Persistir na reforma tributária
Alberto Goldman (*)
Há
uma imensa frustração quanto ao andamento da reforma tributária.
Porém, é preciso colocar as coisas como elas são,
para não nos deixarmos levar nem pelo pessimismo, nem pelo otimismo
irrealista.
Nessa questão que envolve
todos os agentes, públicos e privados, pessoas físicas e
jurídicas, produtores e consumidores, contratantes e contratados,
cada um pensa em si próprio. Vale dizer, todos entram na discussão
pensando em obter algum benefício.
Em 1995, o Poder Executivo Federal
remeteu ao Congresso a proposta de emenda à Constituição
que iniciou o processo. Porém, até 1999, ele não caminhou,
em virtude da falta de visibilidade dos conflitos que geraria e dos interesses
que afetaria. Somente no último ano é que estes emergiram
e se chocaram. Somente agora, com essa clareza e transparência, criam-se
as condições de superação das dificuldades,
da busca de um mínimo consenso que construa uma maioria capaz de
produzir resultados no Congresso.
Objetivos - É preciso
voltarmos às razões iniciais da reforma pretendida e mantê-las
em evidência: a simplificação do sistema, o impedimento
à sonegação, a busca dos milhões de potenciais
contribuintes que conseguem fugir da tributação e a melhor
distribuição da carga tributária, isto é, maior
justiça fiscal.
Também é preciso ter
em vista alguns princípios que devem nortear a reforma: União,
Estados e Municípios não podem perdem a condição
de cumprir com suas obrigações legais; os impostos devem
ajudar a alavancar investimentos, aumentar a produtividade e incentivar
as exportações; os que podem mais devem contribuir mais e
a guerra fiscal deve ser abolida.
Por aí entende-se os conflitos
que a reforma gera. É a União versus Estados e Municípios,
Estados versus Estados, governos versus contribuintes, produtores versus
consumidores, exportadores versus importadores, e daí por diante;
estas são as dificuldades que devem ser superadas.
O fato é que, pela primeira
vez, estes conflitos são transparentes. E esta é a base real
para que se possa chegar a uma reforma que não vai beneficiar ninguém
em particular, mas deve ajudar o Brasil a tomar o caminho do desenvolvimento,
sustentado pela estabilidade da moeda, e a diminuir as imensas desigualdades
que caracterizam a sociedade brasileira.
Com persistência chegaremos
lá.
(*) Alberto
Goldman é deputado federal pelo PMDB-SP. |