Arquitetura
Feng Shui, arquitetura com harmonia
Falta porém harmonizar
as opiniões dos diferentes mestres
Carlos Pimentel Mendes
"Vento e
água” é o significado literal da técnica milenar chinesa
de harmonização ambiental Feng Shui (os chineses pronunciam
como fong suei), que nos últimos anos vem ganhando cada vez
mais adeptos entre arquitetos e decoradores. Nada de transformar o apartamento
num templo oriental, o objetivo é usar elementos simples para criar
uma atmosfera de harmonia, melhorando a qualidade de vida do habitante
desse imóvel.
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No Japão, a cidade de
Kioto, que já foi capital do país, foi escolhida com base
nos princípios dessa ciência para ser o local concentrador
dos templos de orações e peregrinações japonesas
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Em alguns casos, é uma simples
questão de equilíbrio e senso comum, como orientar portas
e janelas da construção de forma a obter maior iluminação
solar, ou distribuir as cores do ambiente de forma harmônica e combinando
com o uso de cada dependência da casa. Em outras situações,
o Feng Shui está bem próximo de uma religião, com
normas e práticas para melhorar os fluxos energéticos e permitir
que a energia vital (chi) flua sem obstáculos, predispondo o local
para a vinda das energias positivas.
Na verdade, existem argumentos lógicos
para normas às vezes tão próximas das superstições:
usar sempre a porta social melhora a auto-estima das pessoas, pois se mantiverem
o hábito de usar a porta de serviço estarão praticamente
se igualando ao lixo que deixa a casa por essa passagem. Os vazamentos
de água, para o Feng Shui, devem ser evitados, pois levam consigo
a riqueza e a prosperidade. Quem duvida que a água seja o símbolo
do dinheiro, é porque nunca pagou a conta do fornecimento desse
“precioso líquido” no fim do mês...
Objetos fora de uso devem ser removidos
do local, pois entravam o fluxo da energia vital. Em palavras leigas, estorvam
o caminho, atrapalhando a atividade das pessoas. Elementos vivos como plantas
e animais, ao contrário, melhoram o astral do ambiente.
Ciência – Segundo seus
praticantes, o Feng Shui é uma ciência que trata do equilíbrio
energético dos ambientes em que o ser humano passa a maior parte
do tempo (geralmente sua casa e seu local de trabalho). Na forma tradicional,
é um conjunto de conhecimentos elaborado a partir da observação
da Natureza, não estando ligado a qualquer religião. Baseia-se
no I Ching, na Astrologia Chinesa e nos conceitos filosóficos taoístas
sobre a estrutura e organização da Natureza e do Universo
(Chi, Yin/Yang e a Teoria das Cinco Transformações da Energia).
Alguns o definem como a Acupuntura da casa, não sem razão,
pois na China antiga havia uma profunda ligação entre a cura
das pessoas e de seu habitat – geralmente feita pelo mesmo profissional.
Dentro do objetivo de harmonizar
a energia da residência ou do local de trabalho com as energias dos
seus ocupantes e do Universo, a consulta de Feng Shui leva em conta as
características físicas do local e da construção,
seu formato, insolação, ventos, geografia, vizinhança;
e seu interior, cores, distribuição, objetos de decoração.
A relação do imóvel com as energias universais é
determinada com base na sua orientação e data de construção.
Esses elementos são comparados com os dados pessoais, obtidos através
da data e hora de nascimento, e com os comentários feitos durante
a entrevista, sejam eles os aspectos físicos, emocionais e financeiros
- negativos ou positivos - observados pelos usuários do local.
Exemplos – Segundo Maria Elena
Passanesi (chilena de Viña Del Mar que também usa o nome
oriental Sati), presidente da Sociedade
Brasileira e Latino-Americana de Feng-Shui, toda a projeção
urbanística atual da cidade de Cingapura foi baseada em princípios
de Feng Shui.
No Japão, a cidade de Kioto
(que já foi capital do país) foi escolhida com base nos princípios
dessa ciência para ser o local concentrador dos templos de orações
e peregrinações japoneses. Em Tóquio, o Jardim do
Imperador e outros monumentos seguem esses princípios, bem como
grande parte dos centros empresariais e financeiros. Parte do centro comercial
subterrâneo de Kobe também respeita esses princípios.
Outro exemplo por ela pesquisado
é Hong-Kong, “centro cultural de Feng Shui, onde os empreendimentos
imobiliários têm como componente de preço as suas características
de Feng Shui.” Ela também realizou pesquisas sobre o lado místico
e religioso do Feng Shui em Taiwan (Formosa), especialmente no Memorial
a Chan-Kai-Shek, uma das maiores referências à aplicação
dessa técnica, e esteve na Malásia, onde pesquisou um templo
dentro da montanha que representa um dos quatro animais sagrados do Feng
Shui, o Dragão.
Veja também: Feng
Shui no espelho
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