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HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE - FOLCLORE
Folclore e suas manifestações locais (3)

Ritos da pesca marcaram a região. Deles, restam os cartões postais antigos
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Este material foi publicado em junho de 1979, no número 19 (ano VII) do Informativo Cultural, boletim informativo da Associação Centro de Estudos Amazônicos de Praia Grande:
 


Nos anos 30 e 40, se fossem feitos cartões postais, os bois seriam imagem obrigatória,
pois, com suas ilhargas e trações, ajudavam a puxar redes repletas de peixes
Foto publicada com a matéria

PRAIA GRANDE E SUA HISTÓRIA
O Arrastão

José Carlos de Oliveira, mais conhecido por Peludo, era o responsável pela tradicional rede puxada por bois chamada também pelos caiçaras de arrastão, que deslumbravam os olhos dos turistas.

A rede puxada a boi tinha 200 braças e se utilizava de 48 bois (no trabalho, intercalava-se 24 bois) e 40 empregados.

Peludo tinha sete barcos, e o primeiro radar marítimo vindo ao Brasil foi para um de seus barcos. Contava ainda com 2 aviões, sendo posteriormente os peixes levados para São Paulo.

Além de Peludo, Zé da Rede, Molinaro, Belmiro, Vilela, Diogo Alberto, Antenor, e entre os pescadores a figura popular de Manoel dos Santos (Nézinho), que em 1910 viera a nado de São Vicente sem vintém para pagar o batelão que fazia a travessia, pois a Ponte Pênsil só ficaria pronta em 1914.

Viera fugindo de uma surra prometida pela mãe. Depois de ter atravessado o rio, fora dar no Porto das Naus, onde começava um caminho que diziam que eram os índios e os soldados que fizeram, em companhia e um índio chamado Juá; veio até a praia, levando uma tarde inteira a pé.

Admirou-se da imensidão da praia, pois a de São Vicente era pequena, e - encantado - ficou morando à beira-mar; juntou-se aos pescadores que na época puxavam rede.

Alguns cantavam, mas só à noite, porque de dia eles acreditavam que espantavam os peixes. Outros acreditavam que só deviam lançar as redes às 5 horas da tarde, pois a essa hora, se os homens já estavam cansados, os peixes também.


Na década de 1940, bois disputavam o uso da praia com os primeiros turistas
Foto: Informativo Cultural nº V, março de 1978, Associação Centro de Estudos Amazônicos de PG

Com o seu tchá característico, contando suas histórias e estórias que se passaram em Praia Grande, das quais [em] muitas ele foi personagem principal, como a do leão-marinho que, ao enfrentar-lhe, o leão mordeu sua mão (1948).

As festas de Folias de Reis que ele organizava, as festas de São Gonçalo e as procissões de São Pedro e de Santana, que acompanhava, na Capelinha do Boqueirão.

O peixe era tanto que metade era vendida em São Vicente e Santos e outra parte dividida entre os que ajudavam a pescaria.

Hoje já não existe o arrastão e, com seus barcos modestos, fazendo frente à tecnologia dos grandes pesqueiros, os pescadores de Praia Grande continuam indo ao mar, buscando o seu sustento, mas sem a poesia e o lirismo do arrastão ou picaré.

Chico Pescador - Desprezando a tecnologia, usando a mesma prancha que usava 22 anos atrás (N.E.: em 1957, portanto), Francisco Conrado Filho (Chico Pescador) continua indo ao mar. Em junho de 79, de um lance só pescou 600 tainhas, e a Festa da Tainha, que realiza anualmente no dia de seu aniversário, dia 23, foi das mais movimentadas.


Na década de 1940, bois disputavam o uso da praia com os primeiros turistas
Foto: Informativo Cultural nº V, março de 1978, Associação Centro de Estudos Amazônicos de PG

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