HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ - EMANCIPAÇÃO?
Quase uma cidade (2)
Do antigo bairro de Itapema ao Distrito de Vicente de Carvalho, esse núcleo situado no município de Guarujá vem se fortalecendo economicamente e
na política, sonhando com o dia em que surgirá uma nova cidade na Baixada Santista, talvez retomando o primitivo nome. Sobre essa área, registrou em reportagem especial o jornal santista Diário do Litoral, na edição de 12 de agosto de 2013,
páginas 4 e 5:
Imagem: reprodução parcial da primeira página do jornal de 12/8/2013
Câmara reacende chama da emancipação de Vicente de Carvalho
Projeto que permite a criação de 400 novos municípios foi aprovado pela Câmara dos Deputados; comunidade se organiza para realizar sonho antigo
Imagem: reprodução parcial da página 4 do jornal
EMANCIPAÇÃO
Vicente de Carvalho volta a sonhar
Emancipação do Itapema ganha força com recente aprovação de lei em Brasília
Carlos Ratton
A aprovação no início de junho, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que permitirá a criação de 400 novos municípios no Brasil reacendeu uma antiga chama na
região: a possibilidade de Vicente de Carvalho, com seus quase 150 mil habitantes, se tornar a 10ª cidade da Região Metropolitana da Baixada Santista.
O texto, que regulamenta a Constituição ao estabelecer regras de incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios, determina que distritos poderão se emancipar após a realização de um
plebiscito. O projeto foi proposto em 2008 pelo Senado, mas como foi alterado pelos deputados, volta agora para revisão final dos senadores. Se aprovado, segue para sanção ou veto da presidente Dilma Roussef.
A matéria aprovada é um substitutivo, com várias alterações no projeto original de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). As modificações atendem a reivindicações pautadas nas assembleias
legislativas dos estados e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) que, em 2011, apontava 807 iniciativas de criação de novos municípios no País.
CÂMARA DOS DEPUTADOS |
Projeto de lei permitirá a criação de 400 novos municípios no Brasil |
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Em terras regionais, a iniciativa já se encontra em andamento com a recente criação do Movimento para Emancipação de Vicente de Carvalho (MEVC), entidade que [tem] diretoria formada por empresários,
comerciantes e profissionais liberais, entre eles o consultor de imóveis e presidente da entidade, Clayton César Leite Rodrigues.
"Existe viabilidade econômica e política para Vicente de Carvalho se emancipar. Vamos tentar aproveitar a aprovação do projeto de lei para concretizar esse sonho. Estamos recolhendo assinaturas em
uma petição, inclusive eletrônica no Distrito e em Guarujá, para que essa iniciativa popular seja vitoriosa", afirma Rodrigues, alertando que a proposta é apartidária.
O presidente da MEVC afirma que a proposta de emancipação já está na "boca do povo" e vem "tomando corpo" pelas redes sociais e por intermédio dos recentes movimentos populares que tomaram as ruas
nos últimos meses. "Nossa entidade já foi fundada. Vamos registrá-la e depois iniciaremos uma ampla campanha. Estamos há mais de 30 anos estagnados. Vicente de Carvalho sofre com a indiferença do poder público há décadas. Só se tornando cidade é
que o distrito vai progredir", acredita.
MOVIMENTO |
MEVC irá providenciar um estudo de viabilidade econômica para agilizar processo |
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O consultor afirma que a entidade também irá se adiantar no sentido de providenciar o estudo de viabilidade econômica, necessário par que o projeto se torne realidade. "Diferente das iniciativas
anteriores, esse movimento não tem fins políticos, mas sim libertários. O morador do Itapema (nome popular do distrito) não quer atravessar duas pontes sobre rios para buscar benefícios para seu bairro", revela, alertando que o Itapema é quem
elegeu todos os políticos de Guarujá e boa parte dos atuais vereadores são oriundos do distrito.
Acompanhando o presidente, o também membro da MEVC, o advogado Airton Sinto, que vem cuidando da parte jurídica da entidade, afirma que a ideia de emancipação vem desde o tempo do ex-presidente da
Câmara, Francisco Figueiredo. "Vamos aguardar a aprovação do Senado e sanção da lei pela presidente, que já sabemos que ela é favorável. Depois, vamos pleitear a emancipação na Assembleia Legislativa de São Paulo. Estamos nos organizando
administrativa e juridicamente para sair na frente".
PRAÇA 14 BIS - Maior praça do Município (14 Bis) fica no distrito
Foto: Matheus Tagé/DL, publicada com a matéria
O advogado afirma que, atualmente, 50% da arrecadação do Município (cerca de R$ 650 milhões) vêm do Itapema. "Será que essa porcentagem é devolvida em serviços ao Distrito? Se o Itapema fosse
independente, jamais a Rua do Adubo por exemplo, seria um problema crônico. Já teríamos um hospital e várias obras de infraestrutura entregues. Não estamos promovendo um movimento separatista, mas emancipacionista, em que Vicente de Carvalho
vai poder explorar suas reais vocações, que são portuária e comercial".
Para exemplificar ainda mais, o advogado lembra Bertioga que, em termos econômicos e populacionais - arrecada R$ 360 milhões e tem 48 mil habitantes - é
inferior ao Itapema e, no entanto, se tornou independente de Santos e sobrevive satisfatoriamente.
Sinto faz questão de desmentir a história que Guarujá sustenta Vicente de Carvalho, em função dos imóveis de alto padrão que geram impostos altos. "Sabemos que
a inadimplência em Guarujá é de quase 50%. Em Vicente de Carvalho é 5%. E isso porque muitas áreas não são regularizadas", revela.
Sinto finaliza esperançoso: "a emancipação é uma questão histórica e de visão de progresso. Mais do que política, ele é social. Em termos comerciais, o distrito empata e até supera São Vicente e, em
termos portuários, vislumbra grande expansão. A hora é agora e vamos aproveitar essa oportunidade. Vamos para o plebiscito. Itapema já é uma cidade extraoficialmente. Vamos oficializar a situação", afirma.
COMÉRCIO - Itapema possui economia forte
PORTO - Área portuária também é fonte de arrecadação
Fotos: Luiz Torres/DL, publicadas com a matéria
Distrito precisa somente de 20% de adesão
Vale ressaltar que os distritos que desejam se emancipar dependem da nova lei porque uma emenda constitucional aprovada em 1996 proibiu a criação de novos municípios por leis estaduais e definiu que
isso só pode ser feito por meio de autorização em lei complementar federal.
A primeira etapa para a criação de um município é a apresentação, na Assembleia Legislativa, de um pedido assinado por 20% dos eleitores residentes na área geográfica diretamente afetada, no caso da
criação ou desmembramento. Se a situação for de fusão ou incorporação, o requerimento de criação deverá ser subscrito por 10% dos eleitores residentes em cada uma das cidades envolvidas.
Após o pedido, a Assembleia Legislativa deverá coordenar um "estudo de viabilidade" do novo município, que deverá abranger as áreas econômica, ambiental e política. Concluída essa etapa, o relatório
será divulgado aos cidadãos, que poderão analisá-lo e impugná-lo durante um prazo mínimo de 120 dias.
Se não houver impugnação e o estudo respeitar as regras previstas em lei, a Assembleia Legislativa deverá homologá-lo em 180 dias. Em seguida, será realizado um plebiscito que envolverá a população
do distrito interessado em se emancipar e a do município ao qual o distrito pertence.
Se no plebiscito vencer a opção "sim", a Assembleia Legislativa terá de votar uma lei estadual autorizando a criação do novo município. Se a população rejeitar a nova cidade, não poderá haver novo
plebiscito com a mesma finalidade no prazo de 10 anos.
Após a aprovação da lei pela Assembleia, a escolha de prefeito, vice e vereadores do novo município deverá ocorrer na eleição municipal imediatamente subsequente.
TURISMO - O Distrito também tem atrativos históricos, como o Forte Itapema
Foto: Luiz Torres/DL, publicada com a matéria
É preciso ainda que
1 |
Os novos municípios tenham população igual o u maior que o mínimo regional, calculado conforme a média aritmética da população dos municípios médios brasileiros |
2 |
Tenham núcleo urbano consolidado e dotado de edificações para abrigar famílias em número resultante da divisão de 20% da população da área que se pretende emancipar, pelo
número médio de pessoas por família, calculado pelo IBGE de cada estado. |
3 |
Tenham receitas de arrecadação própria, considerando apenas os agentes econômicos já instalados. |
4 |
Indicação, diante das estimativas de receita e despesas, da possibilidade de cumprir a aplicação dos recursos mínimos, previstos na Constituição, nas áreas de educação e saúde. |
6 |
(N. E.: SIC - correto é 5) - Área não pode estar situada em reserva indígena, área de preservação ambiental ou área
pertencente à União. |
SINTO E CLAYTON - Airton Sinto e Clayton Rodrigues acreditam na separação
Foto: Jonas de Morais/DL, publicada com a matéria
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PRAÇA 14 BIS - Maior praça do Município (14 Bis) fica no distrito
Foto: Matheus Tagé/DL, publicada com a matéria, na versão
digital
TURISMO - O Distrito também tem atrativos históricos, como o Forte Itapema
Foto: Luiz Torres/DL, publicada com a matéria, na versão
digital
COMÉRCIO - Itapema possui economia forte
Foto: Luiz Torres/DL, publicada com a matéria, na
versão digital |
O tema foi tratado também pelo jornal Costa Norte, de Bertioga, na edição de 17 a 23 de agosto de 2013, páginas 1 e 7:
VICENTE DE CARVALHO JÁ NASCE PODEROSO - Um antigo projeto de emancipação político-administrativa do distrito de Vicente de Carvalho, pertencente a Guarujá, ganhou força nos últimos meses.
Acontece que a Câmara Federal aprovou, em junho, projeto que permitirá a criação de 400 novos municípios em todo o Brasil. A partir daí renasceu o sonho na antiga Itapema: foi criado o Movimento de Emancipação de Vicente de Carvalho e até a Câmara
já monta comissão para assuntos relevantes para estudar a proposta. O advogado Airton Sinto é um dos favoráveis à emancipação. Para que pedido seja protocolado na Assembleia, o MEVC precisa de, pelo menos, 20.643 assinaturas de moradores do
distrito
Imagem: reprodução da página 1 com a matéria
GUARUJÁ
Vicente de Carvalho retoma expectativa de ser o 10º município da Baixada Santista
Movimento emancipacionista precisa de 20% de assinaturas dos moradores do distrito para encaminhar proposta à Assembleia Legislativa
Antonio Pereira
Um antigo projeto de emancipação político-administrativa do distrito de Vicente de Carvalho, pertencente a Guarujá, ganhou força nos
últimos meses. Acontece que a Câmara Federal aprovou, no último mês de junho, o Projeto de Lei Complementar 416/2008, que permitirá a criação de 400 novos municípios em todo o Brasil. O PLC, de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), foi
proposto em 2008, mas como foi alterado pelos deputados, retorna este mês ao Senado para revisão final e, uma vez aprovado, seguirá para sanção ou veto da presidente Dilma Roussef.
Segundo o advogado Airton Sinto, membro do Movimento de Emancipação de Vicente de Carvalho (MEVC), cuja entidade tem diretoria formada por empresários, comerciantes e profissionais liberais, o sonho
emancipacionista existe há pelo menos 65 anos e ganhou novo alento devido ao crescimento populacional do distrito e à força das redes sociais na Internet. O antigo sonho, no entanto, foi colocado de lado em 1996, quando uma emenda constitucional
proibiu a criação de novos municípios no Brasil.
Sinto falou sobre o assunto, que "ganhou corpo" essa semana, durante entrevista na TV Costa Norte - Canal 48 UHF, na quarta-feira (14).
Com a separação, Vicente de Carvalho seria formado pelos bairros Vila Zilda, Cachoeira, Conceiçãozinha, Itapema, Jardim Boa Esperança, Jardim Progresso, Morrinhos, Pae Cará, Parque Estuário, Porto,
Crumaú e Vila Áurea. Já Guarujá ficaria com Astúrias, Enseada, Centro, Guaiúba, Guararú, Jardim Acapulco, Jardim Virgínia, Mar e Céu, Marinas e Perequê.
"Hoje, Vicente de Carvalho tem um apelo maior para a emancipação porque existe um adensamento populacional, um comércio forte e grandes empresas instaladas no distrito, a maioria delas do setor
portuário", destacou Sinto, lembrando que, sem o projeto, o distrito continuaria estagnado, como, segundo ele, já acontece há mais de 20 anos.
O advogado acredita ainda que o distrito tenha números mais expressivos em relação ao restante do Guarujá, no que diz respeito à arrecadação de impostos como IPTU e IPVA. "Atualmente, pelo menos 50%
da arrecadação do município vêm de Vicente de Carvalho. Será que essa porcentagem é devolvida em serviços ao distrito? Se o Itapema fosse independente, jamais a Rua do Adubo, por exemplo, seria um problema crônico", ressaltou ele, que ainda lança
um desafio à prefeita Maria Antonieta de Brito. "Se ela me provar que a arrecadação de Vicente de Carvalho é investida no próprio distrito eu desisto do projeto de emancipação".
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"Não tenho dúvida de que Vicente de Carvalho sairia ganhando. Essa bandeira eu pego, tenho certeza que vai ser muito bom" |
Vereador Givaldo dos Santos Feitosa (PSD) |
Caminhos opostos - Para o jornalista especializado em finanças públicas Rodolfo Amaral, a separação pode ser vista de forma drástica, levando os dois municípios para caminhos opostos.
"Enquanto Vicente de Carvalho surgiria com uma arrecadação de uma cidade de médio porte do estado de São Paulo, com orçamento girando em torno de R$ 400 milhões, alavancada pelo porto e pelo comércio, Guarujá quebraria, uma vez que sua arrecadação
ficaria ligada exclusivamente ao turismo", afirmou.
O especialista aponta um déficit ligado à folha salarial dos funcionários públicos, o que levaria até mesmo a demissões em massa. "No processo de divisão, o município-sede deve preservar uma
arrecadação de cerca de R$ 500 milhões, porém, não custa lembrar que, no ano passado, sua folha salarial sozinha somou R$ 378,6 milhões, o que faria com que o custo salarial passasse a representar mais de 75% da chamada Receita Corrente Líquida, ou
seja, ficaria bem acima dos 54% permitidos por lei, exigindo a demissão em massa de servidores públicos", explicou.
Amaral lembrou que, apesar de algumas pessoas argumentarem o contrário, as experiências de emancipações pós-Constituição de 1988 demonstraram que os novos municípios não têm interesse em manter os
antigos funcionários da sede, até porque terão a missão de produzir legislações próprias, entre elas, um novo Estatuto de Servidores Públicos.
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"Há muito o que se pensar, há muitas coisas envolvidas; são inúmeras despesas e alguns entraves jurídicos" |
Vereador Toninho Salgado (PDT) |
Assinaturas - Para que o pedido seja protocolado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o MEVC precisa de, pelo menos, 20.643 assinaturas de moradores de Vicente de Carvalho, o que
representa 20% dos 103.219 eleitores.
Esfera política - Na Câmara de Guarujá já tramita um projeto para criação de uma Comissão para Assuntos Relevantes (CAR) para estudar a nova proposta de uma possível emancipação do distrito de
Vicente de Carvalho que, segundo Sinto, poderia ter suas primeiras eleições já em 2016, caso aprovada. O autor do requerimento é o vereador Mário Lúcio da Conceição (PR) e a comissão teria 180 dias para concluir os trabalhos.
Até o momento, os vereadores a favor são: Elias José de Lima (PSB), Givaldo Feitoza (PSD), Walter dos Santos (PSB), Geraldo Soares Galvão (DEM), Jaime Ferreira de Lima Filho (PMDB), Jailton Reis dos
Santos (PPS) e Mário Lúcio da Conceição (PR). Os contra são: Valdemir Batista (PSB) e Toninho Salgado (PDT). E o grupo dos indecisos é formado por: Bispo Mauro Teixeira (PRB), Luciano Lopes da Silva (PMDB), Edilson Dias (PT), Gilberto Benzi (PDT),
Nelsinho Filho (PMDB), Luciano de Moraes Rocha (PMDB), Ronald Nicolaci (PDT) e Marcelo Squassoni (PRB).
A favor: |
"Vai trazer mais benefícios na saúde, na educação, porque aqui está meio precário" |
Lilian Pinheiro, depiladora |
Visão da prefeita - Por meio de nota, a prefeita Maria Antonieta de Brito declarou que a emancipação deve ser apresentada em discussão clara e objetiva à comunidade, quanto às possibilidades
de arrecadação em relação à sede.
"A luta pela emancipação de Vicente de Carvalho é uma bandeira que há décadas habita o imaginário político de nossa cidade. Porém, emancipação significa, em última análise, independência, não só
política, mas, sobretudo, orçamentária.
"No passado, quando o Brasil assistiu à criação de vários novos municípios, que surgiram no calor de discussões alimentadas por disputas regionais e culturais, deixou-se de pensar em questões
fundamentais como o planejamento urbano, o aumento por demandas de saúde, educação e infraestrutura.
"E, hoje, vários destes municípios sofrem com orçamentos absolutamente precarizados, frente às necessidades de custeio de políticas públicas que exigem dos gestores cada vez mais, e que, às vezes,
vêm fundamentalmente de repasses do Fundo de Participação dos Municípios e de receitas do governo do estado, através de convênios.
"No caso específico de Vicente de Carvalho, não podemos repetir este equívoco e, portanto, é preciso colocarmos esta discussão para nossa população de forma clara e objetiva, quanto às reais
possibilidades de arrecadação do distrito em relação à sede, que tipo de impostos e tributos serão destinados e o quanto isto será eficaz frente aos grandes desafios que temos e que estamos enfrentando juntos".
Contra: |
"Acho que os políticos de Guarujá têm que pensar mais em Vicente de Carvalho, mas não à emancipação" |
Cristina Viana, professora |
Particularidades emancipacionistas
Para o jornalista especializado em finanças públicas Rodolfo Amaral, esta situação envolvendo Guarujá e seu distrito é muito semelhante ao que ocorreu com a criação do município de Hortolândia,
emancipado de Sumaré, que, na época, ficou com a parte do polo industrial que gerava boa parte da arrecadação do município-sede.
Tais particularidades revelam que o tema em debate é bem mais complexo do que parece e não se limita à conclusão se Vicente de Carvalho possui ou não condições financeiras para conquistar sua
autonomia. Uma discussão mais aberta, mais transparente e, especialmente, mais responsável, deve balizar os debates futuros das comunidades envolvidas.
Outro exemplo citado por Amaral é de quando se emancipou do município-sede de Santos, Bertioga recebia uma pequena parcela de investimentos da cidade-mãe, algo em torno de 3% do orçamento santista,
mas, nos dias atuais, a cidade possui uma receita equivalente a 15% dos valores arrecadados em Santos, muito embora ainda enfrente sérios problemas estruturais.
Números:
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Atualmente |
Pós-emancipação |
|
Guarujá |
Guarujá |
Vicente de Carvalho |
População |
290.752 |
124.745 |
166.007 |
Área Territorial |
143,4 km² |
73,4 km² |
70 km² |
Atividade Econômica |
Turismo, indústria, comércio e atividade náutica |
Turismo, comércio e atividade náutica |
Indústria portuária e comércio |
Orçamento |
R$ 800 mi |
R$ 400 mi |
R$ 400 mi |
Fonte: IBGE Cidades e R. Amaral & Associados |
Imagem: reprodução da página com a matéria
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O jornal santista A Tribuna também tratou do assunto, na página A-12 da edição de 16 de agosto de 2013:
Distrito reúne 166 mil moradores, segundo o Censo, mais que a população de Guarujá, com 124 mil pessoas
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Vicente de Carvalho quer emancipação
Movimento lançado no distrito de Guarujá retoma a discussão e mobiliza os moradores para a criação do município de Itapema
Simone Queirós
Da Redação
Comércio poderoso, porto, indústrias. Uma numerosa população fixa,composta por aproximadamente 166 mil habitantes,
e a perspectiva de implantação de projetos de grande impulso econômico e imobiliário, como aeroporto, túnel intermunicipal e área retroportuária.
Tudo isso faz de Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, uma potência econômica e populacional. Com direito a ser mais numerosa que a sede, que totalizava em 2010 cerca de 124 mil moradores, segundo o último Censo do IBGE.
E agora, com a possível aprovação de uma lei que flexibiliza a criação de novos municípios, volta à tona uma ideia discutida pela primeira vez no final da década de 1950: a emancipação do distrito.
Um grupo de moradores de Vicente de Carvalho criou o Movimento pela Emancipação de Vicente de Carvalho (MEVC), que há cerca de duas semanas começou a coletar assinaturas com o objetivo de trazer autonomia ao distrito.
Para protocolar o pedido de emancipação na Assembleia Legislativa, conforme determina a lei que está em vias de ser aprovada, são necessárias 20.643 assinaturas de moradores de Vicente de Carvalho, o que representa 20% do total de eleitores
(103.219).
Em duas semanas, o MEVC já conseguiu cerca de 480 nomes, sendo a maior parte por meio de abaixo-assinados que estão nas mãos dos 14 membros do movimento. Outras 98 assinaturas já tinham sido coletadas, até ontem, por meio do
www.peticaopublica.com.br.
Momento certo - Um dos idealizadores do movimento é o consultor de investimentos imobiliários Clayton César Leite Rodrigues, de 44anos. Ele esperava desde 2008 para colocar o tema em discussão. "Resolvi aguardar para ver se o assunto iria
vingar e agora é o momento certo".
A lei é originária do Senado, mas sofreu modificações na Câmara dos Deputados. Agora aprovado, o texto segue novamente para os senadores e depois vai à sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff.
Essa norma prevê que os distritos possam se emancipar por meio de legislações estaduais, e não mais por uma autorização em lei complementar federal. "Acredito que até o final do próximo ano poderemos passar pelo plebiscito. E queremos que Vicente
de Carvalho seja rebatizado de Itapema".
Além do abaixo-assinado e do plebiscito, o distrito candidato à emancipação também precisa ser alvo de um estudo de viabilidades econômica, ambiental e política por parte da Assembleia Legislativa.
Comissão - Foi criada na última sessão da Câmara uma Comissão para Assuntos Relevantes direcionada ao tema. Entretanto, Clayton faz questão de afirmar que o MEVC é apartidário.
"Os vereadores estão fazendo o papel deles, que é apoiar a discussão. Mas eles devem participar disso como cidadãos",
Favorável à emancipação, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Vicente de Carvalho (CDL), Olivan Belarmino, diz:"Isso é importantíssimo para o nosso desenvolvimento. Temos aqui duas delegacias, postos de atendimento à saúde que podem se
transformar em um hospital, comércio forte e a maior geração de empregos da Cidade".
O blog dos emancipadores é: http://guaibe.blogspot.com.br.
Já o site para assinar o abaixo-assinado é: www.peticaopublica.com.br.
Opiniões
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"Sou contra. Acho que se mexer no que está quieto vai ser pior. Aqui já é um lugar carente e poderia se tornar ainda mais. Vamos deixar como está"
Rosa Maria da Silva, 41 anos, dona de casa, Prainha, Vicente de Carvalho |
"A emancipação iria beneficiar tanto os moradores de Guarujá quanto os de Vicente de Carvalho. Os prefeitos poderiam cuidar melhor de cada cidade"
Maria da Glória Nascimento dos Santos, 48 anos, doméstica, Vila Zilda, Guarujá
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Fotos: Walter Mello, publicadas com a matéria |
Futuro município pode ser o 5º mais populoso da BS
Foi em 30 de dezembro de 1953 que um decreto elevou Vicente de Carvalho à condição de distrito de Guarujá, mudando o nome até então utilizado, Itapema.
Caso consiga a emancipação, o futuro município seria o 5º mais populoso da Baixada Santista, ficando atrás de Santos (421.896 habitantes), São Vicente (339.955), Guarujá (298.169) e Praia Grande (278.727).
Bertioga, então, deixaria o posto de caçula da região. Sua emancipação data de 19 de maio de 1991, quando 3.925 munícipes compareceram às urnas para o plebiscito que decidiu sobre a autonomia da cidade, até então distrito de Santos. Ao todo, 3.698
foram favoráveis à independência e 179 disseram não. Houve 21 votos em branco e 27 nulos.
Mas Bertioga poderia ter sido considerada Município pelo menos três décadas antes. Apenas dois anos depois de ser transformada em distrito, em 1946, a Cidade teve seu primeiro movimento pró-emancipação.
Um grupo de moradores estava insatisfeito com a estagnação da cidade, que tinha acabado de ser transformada em subprefeitura. Alguns anos se passaram e, em 1958, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcou um plebiscito para 7 de dezembro. Dos 256
eleitores, 163 votaram pelo não e 56 pelo sim.
Bairros
Quantidade de moradores de Vicente de Carvalho |
Vila Zilda |
9.551 |
Cachoeira |
14.324 |
Conceiçãozinha |
2.532 |
Itapema |
26.070 |
Jardim Boa Esperança |
20.753 |
Jardim Progresso |
6.576 |
Morrinhos |
24.387 |
Pae Cará |
26.054 |
Parque Estuário |
8.238 |
Porto |
12.012 |
Crumaú e retroporto |
1.170 |
Vila Áurea |
14.340 |
Total |
166.007 |
Fonte: Censo de 2010, IBGE |
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A Tribuna voltou à questão, na página A-6 da edição de 20 de agosto de 2013:
"Recebemos ISS do porto (situado no distrito), mas tudo o que se arrecada de imposto federal (com a atividade portuária) vai para Santos"
Foto: Alexsander Ferraz, em 8/9/2011, publicada com a matéria
ENTREVISTA - Maria Antonieta de Brito - Prefeita de Guarujá (PMDB)
"Emancipação pressupõe independência, o que Vicente de Carvalho ainda não tem"
Simone Queirós
Da Redação
O Brasil tem hoje 5.570 municípios. Cinco, até o ano passado, ainda eram distritos: Pescaria Brava e Balneário
Rincão (SC); Mojuí dos Campos (PA); Pinto Bandeira (RS); e Paraíso das Águas (MS). O mais populoso deles, Mojuí, tem 15.018 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população aprovou o desmembramento desses distritos, em alguns casos, há quase 15 anos. Entretanto, eles só foram emancipados porque conseguiram esse direito na Justiça. E tiveram sua primeira eleição no ano passado, sendo instalados a partir de
1º de janeiro deste ano. Até 1996, os critérios para a emancipação eram estabelecidos pelas assembleias legislativas. Depois, uma emenda constitucional determinou que as exigências deveriam constar em lei federal.
A discussão volta à tona no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá: está em vias de ser aprovada uma lei que prevê que os distritos possam se emancipar por meio de leis
estaduais. Mas o processo seria rigoroso. Para se tornar município, o distrito precisaria que 20% de seus eleitores (20.643, no caso de Vicente de Carvalho) assinassem esse pedido, que deveria ser protocolado na Assembleia Legislativa.
Seria necessário obedecer a condições, como ter população igual ou maior que o mínimo regional; núcleo urbano consolidado; arrecadação própria e indicação, com base em estimativas e receitas, da possibilidade de cumprir a aplicação dos recursos em
educação e saúde. Após o pedido, a Assembleia elaboraria, em 180 dias, um estudo de viabilidade do novo município. Concluída essa etapa, seria aberto um relatório à população, que teria 120 dias para analisá-lo e impugná-lo. Se isso não
acontecesse, a Assembleia iria homologá-lo. Em seguida, seria realizado um plebiscito envolvendo toda a população da sede e do distrito. Se a maioria votasse pelo ‘sim’, a lei deveria ser aprovada pela assembleia.
A escolha de prefeito, vice e vereadores ocorreria na eleição imediatamente subsequente. As cidades instaladas este ano no País têm orçamentos que giram em torno de R$ 12 milhões anuais. No caso de Vicente de Carvalho, com seus mais de 166 mil
moradores, esse valor seria muito maior. Para o consultor econômico Rodolfo Amaral, da R. Amaral & Associados, Vicente de Carvalho já nasceria entre os 25 principais municípios do Estado de São Paulo, com um orçamento estimado em aproximadamente R$
450 milhões em impostos.
"Não tenho dúvidas de que a emancipação é viável do ponto de vista econômico". A prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB) refuta essa afirmação, dizendo que Vicente de
Carvalho ainda depende orçamentariamente da sede. E Guarujá fica com apenas com 25% do que arrecada, afirma. "De tudo que entra de receita no Município, mais de 70% são repassados para Governo do Estado e Governo Federal". Ela, entretanto, não é
contra a emancipação. Mas acredita que deve haver uma ampla discussão antes que isso de fato aconteça. Confira os principais trechos da entrevista, concedida, por telefone, a A Tribuna.
Maria Antonieta de Brito, prefeita de Guarujá
Foto: Alexsander Ferraz, em 4/7/2013, publicada com a matéria
Voltou à tona a discussão em torno da emancipação de Vicente de Carvalho e há um grupo se articulando para isso. Qual sua opinião sobre essa possibilidade?
Este é um sonho antigo e temos que ver isso com muita responsabilidade. Hoje eu represento mais de 5.500 prefeitos brasileiros, de municípios de pequeno, médio e grande portes. O que tenho percebido é que a questão de emancipação em um determinado
período foi uma festa. Emancipava-se pela força política ou pela regional, ou pela cultura de querer emancipação. Hoje há municípios que não se mantêm, que estão passando por situação difícil. Porque emancipação não é você simplesmente se livrar da
dependência política do outro ente, é você ter independência política e orçamentária. É o que hoje o distrito ainda não possui.
Sou favorável à discussão, mas que seja feita com grande responsabilidade junto à população. Vejo que as pessoas despertam essas discussões antes de momentos eleitorais. Ou
geralmente quem coordena é quem está à frente desse processo eleitoral. Mas a população tem que ser conscientizada. Não acho difícil conseguir 20% do número de assinaturas necessárias em termos de eleitores do distrito. Mas vejo que a questão
orçamentária precisa ser tratada com responsabilidade, para não criar no imaginário das pessoas uma condição que não seja possível.
A sra. citou que, hoje, o distrito depende da sede. Como é essa dependência? Porque se fala em um orçamento que passaria de R$ 400 milhões.
Não é verdade. Essa é uma grande irresponsabilidade de quem não sabe ler os números e não sabe qual é a composição dos tributos. Por isso eu falo que isso tem que ser feito com transparência, responsabilidade e diálogo com a sociedade.
De tudo que entra de receita no Município, mais de 70% são repassados para Governo do Estado e Governo Federal. O que volta de receita é com o que eu mantenho folha de
pagamento, os 25% da Educação, os 15% da Saúde.
O Município vive exatamente com 20 a 25% de tudo o que ele arrecada. Por isso a gente precisa ter as contas em ordem, as certidões para conseguir fazer convênios, receber
repasses. Sou favorável à emancipação de Vicente de Carvalho? A princípio, sempre fui. Agora, a emancipação pressupõe independência política e financeira.
Vicente de Carvalho tem o Porto...
Recebemos de lá o ISS (Imposto sobre Serviços), mas os recursos ainda não são suficientes para dar autonomia financeira para o Município. Estamos trabalhando, inclusive, para ter a parte alfandegada no Guarujá. É uma luta desde que eu assumi o
governo. Porque tudo o que se arrecada de imposto federal vai para Santos.
Do orçamento, quanto de fato é fruto do distrito e quanto volta para o distrito?
Não estou com minhas planilhas neste momento e não tenho como responder (ela estava em um compromisso fora do gabinete no momento da entrevista). Mas é só você pensar em quantas escolas eu tenho em Vicente de Carvalho, quantas creches, unidades de
saúde, pronto atendimento, secretarias. Hoje eu tenho secretarias instaladas em Vicente de Carvalho: as de Serviços Públicos e Cultura (que está desde 2010). E tenho, na sede do distrito, serviços de assistência social, cidadania, desenvolvimento
econômico e finanças.
São muitos servidores e também despesas que a gente tem. Fora a parte de obras, infraestrutura, transporte público. Tenho metade da população em Vicente de Carvalho e a outra
metade na sede.
E os recursos acabam sendo investidos nesta mesma proporção?
Recursos são transformados em serviços. E tenho escolas, saúde, assistência social, todas as áreas da minha gestão.
Minha pergunta é porque várias pessoas de Vicente de Carvalho reclamam que os recursos são investidos mais na sede do que no distrito.
Mas não é verdade. Se você pegar a quantidade de investimento que eu consegui para Vicente de Carvalho, hoje ele supera o que eu consegui para a sede. Em termos de obras, de infraestrutura. Se eu pegar recursos estaduais e federais, onde estamos
fazendo o maior aporte? Em Vicente de Carvalho. É onde está a maior necessidade. Seja para urbanizar, seja para melhorar a questão da moradia. Tudo isso tem custo.
Muita gente do distrito costuma reclamar que Vicente de Carvalho está abandonado. E isso não é de agora.
Para recompor Vicente de Carvalho, assim como a sede do Município, não é de uma hora para a outra. Não esquecendo que ficamos 2009, 2010, eu só tive minha primeira obra no Município em 2011. Porque não tinha certidão, repasses financeiros e não
podíamos fazer nada. Não tinha dinheiro, só endividamento. Então, de 2011 para cá, nós iniciamos uma série de investimentos.
Consegui do Dade (Departamento Estadual de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias) cerca de R$ 9 milhões para fazer Boa Esperança, Monteiro da Cruz, Esplanada do Castelo e
parte da Vila Áurea. Isso está em curso. As obras da Perimetral, nós conquistamos. Para a primeira fase, são R$ 80 milhões. A segunda fase já vai entrar em licitação no ano que vem. São mais de R$ 200 milhões. Na Santos Dumont, cada um desses
contratos é na faixa de R$ 2 milhões. A Oswaldo Cruz vai dobrar o valor, porque encontramos problemas ao longo da obra. Fizemos a Mário Daige.
São investimentos que Vicente de Carvalho não via há muito tempo e foram conquistados no meu governo. Se a gente for colocar isso na ponta do lápis, o distrito recebeu muito
mais recursos desses investimentos que a gente está buscando do que mesmo a sede. Porque eram recursos que não recebia há muitos anos.
Então essa impressão que algumas pessoas têm, de que não houve muito investimento em Vicente de Carvalho, estaria errada?
Vou pontuar algumas obras estratégicas, importantes e caras: Joana de Menezes Faro, que ainda não acabou porque eu vou fazer as calçadas; a obra da Mário Daige, da qual faltam 150 metros; Oswaldo Cruz, Av. Santos Dumont, Thiago Ferreira, Santo
Amaro. Vão começar agora quase 100 ruas no Pae Cará, R$ 9 milhões para ruas no Jardim Boa Esperança, e por aí vai. É bastante investimento em um curto espaço de tempo.
Uma coisa que a população pede muito no distrito é um hospital. Existe alguma articulação para que saia logo do papel o Hospital Santos Dumont?
Ele foi comprado por um grupo de médicos e vai ter uma parceria com o Hospital Santo Amaro. Isso é iniciativa privada. Nós fazemos muito esforço que isso aconteça logo, porque vamos fazer contrato com eles. O Município não tem dinheiro para
construir hospital. Com a história que temos, falar em construir hospital seria uma loucura. Já tenho o Hospital Ana Parteira (dentro do Santo Amaro), que eu tenho que manter. E custa muito caro.
No caso de uma eventual emancipação, Guarujá teria que exonerar os funcionários que hoje trabalham em Vicente de Carvalho? Como ficaria a máquina administrativa?
Não sei, porque nunca foi necessário pensar nisso. E são questões que precisam ser pensadas. Orçamentariamente, como é que fica? Quem vai manter? Como manter? É possível migrar no caso de uma emancipação? É preciso pesquisar essas coisas.
Mais alguma coisa que a sra. gostaria de acrescentar sobre esse assunto?
Entendo que, superada essa condição orçamentária, acho que no futuro será possível que Vicente de Carvalho possa se emancipar. Mas as pessoas têm que estar atentas para não serem envolvidas no canto da sereia de quem quer apenas se aproveitar desse
tema para o processo eleitoral.
Ponto e contraponto
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"Acho que a emancipação pode acabar prejudicando a população de Guarujá. Só para começar, teremos que começar a pagar passagem de ônibus intermunicipal para ir até Vicente de Carvalho"
Solange Nascimento, 48 anos,ajudante, Vila Edna, Guarujá |
"Sou a favor da emancipação. Com um prefeito próprio, a população daqui teria mais investimento em saúde, educação e segurança. Teríamos muito mais melhorias"
Maria Rosemeire da Silva, 34 anos, doméstica, Prainha, Vicente de Carvalho
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Fotos: Alexsander Ferraz, publicadas com a matéria |
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