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site Afinsophia
(consulta em 2/7/2010)
Companheiros e companheiras,
Trabalhadores e trabalhadoras de
São Paulo e do Brasil,
É uma alegria dupla estar neste 1º
de Maio, este 1º de Maio que alguns vão dizer agora, este ano, que ele é político porque eu vim. Mas nos sete que eu não vim e
que os outros vieram, não foi considerado político. Não existe problema. Nós, com a mesma tranqüilidade que vamos a outros
atos, eu venho ao ato do companheiro Paulinho e do companheiro Neto, da Força Sindical e da CGTB, para dizer aos trabalhadores
de São Paulo que faltam apenas nove… oito meses para terminar o meu mandato – oito meses –, e eu duvido que em alguma parte do
mundo, muitos Presidentes, depois de sete anos, tiveram coragem de vir a um ato de trabalhadores e encarar os trabalhadores
cara a cara. Porque normalmente os Presidentes entravam com muita popularidade e saíam pela porta dos fundos porque não tinham
cumprido aquilo que prometeram para os trabalhadores.
Para as pessoas mais novas que
estão aqui – Paulinho, companheira Dilma, companheiro Aloizio, companheiro Temer, minha querida companheira Marisa,
companheiros da Força Sindical e da CGTB –, eu fui um dirigente sindical importante neste país nos anos 70. Participei e
organizei as greves mais importantes deste país num tempo em que a inflação era [de] 80% ao ano, no tempo em que a inflação
era [de] 40% ao mês, no tempo em que a gente fazia greve e voltava a trabalhar sem receber absolutamente nada, com os
trabalhadores sendo mandados embora, e o regime militar obrigando a gente a voltar a trabalhar, numa justiça até então pouco
democrática. E nos meus sete anos de governo, é com muito orgulho que eu posso olhar na cara de cada trabalhador, na cara de
cada dirigente sindical, na cara de cada companheiro e dizer: em todos os anos do meu governo, 90% dos reajustes salariais
foram aumentos reais, ganho real para a classe trabalhadora brasileira.
É com muito orgulho, Paulinho, e
com muito orgulho, companheiro Neto, que eu estou aqui para dizer aos trabalhadores de São Paulo que na crise econômica dos
países ricos, em 2008, a crise que mandou 7 milhões de trabalhadores embora nos Estados Unidos, a crise que mandou mais de 7
milhões de trabalhadores embora na Europa, a crise que foi o ato da especulação financeira, de banqueiros que em vez de
investirem no trabalho, investiram na especulação, banqueiros que davam palpite sobre o Brasil, banqueiros que davam palpite
sobre o México, banqueiros que davam palpite sobre a crise de todos os países pobres. Olharam tanto para o Brasil e para os
países pobres que esqueceram de olhar para o que estava acontecendo nos seus próprios bancos. Foi a maior crise dos últimos 80
anos.
E é com muito orgulho, Paulinho,
que o Brasil foi o último país a entrar na crise e o primeiro país a sair da crise, e quem sustentou a economia brasileira não
foram os banqueiros nem os empresários. Foi o povo pobre deste país que sustentou a economia. Você está lembrado, Paulinho,
que eu fui, no dia 23 de dezembro de 2008, para a televisão, em rede nacional, pedir para o povo brasileiro consumir porque se
o povo não consumisse, as empresas não iam produzir, o comércio não ia vender e, portanto, ia ter mais desemprego. Eu fui para
a televisão dizer: o povo tem que comprar o mínimo necessário para a roda gigante da economia continuar girando. E, graças a
Deus, o Brasil, que só era conhecido no mundo por causa do Carnaval do Rio de Janeiro, que só era conhecido no mundo por causa
da morte de meninos e meninas, que só era conhecido no mundo por causa de futebol, hoje o Brasil é um país respeitado porque é
o maior exemplo de economia séria, de estabilidade financeira, de controle do sistema financeiro.
Eu lembro – eu era dirigente
sindical, Paulinho – quando eu vivia nas ruas gritando: "Queremos um salário mínimo de US$ 100, queremos um salário mínimo de
US$ 100". Hoje o salário mínimo é de US$ 300 e nós vamos continuar a política de aumentar o salário mínimo para que a gente
possa fazer as mulheres e os homens deste país, que ainda não têm uma profissão e que ganham salário mínimo, poderem viver com
dignidade neste país. Já aumentamos 74% e, certamente, os aumentos vão continuar porque o povo brasileiro quer que continue.
Eu era dirigente sindical,
Paulinho, quando você, eu e tantos outros, Neto e tantos outros, andávamos pelas ruas deste país com uma placa ou com uma
faixa, dizendo “Fora daqui o FMI”. Eu ganhei as eleições e mandei o FMI embora, e hoje o Brasil empresta dinheiro para o FMI.
Não é que o Brasil toma dinheiro emprestado do FMI.
Paulinho, no nosso governo, nesses
sete anos, nós desapropriamos 47 milhões de hectares de terra para a reforma agrária. É 60% de tudo o que foi desapropriado na
história de 500 anos do Brasil. Nós assentamos mais de 570 mil famílias e sabemos que precisamos assentar mais. Paulinho,
quando vocês, do movimento sindical, me apresentaram a proposta do crédito consignado, muita gente dizia: "Não vamos emprestar
dinheiro para o trabalhador quando o trabalhador ganha pouco e não vai pagar". Criamos o crédito consignado. Hoje a carteira
do crédito consignado representa R$ 115 bilhões e a inadimplência é a menor possível porque o trabalhador e a trabalhadora não
dão calote, porque o único patrimônio deles é o próprio nome deles e eles pagam porque têm vergonha na cara, que muita gente
grande neste país não tem.
É por isso, Paulinho, é por isso
que eu estou aqui neste 1º de Maio, com a mesma cabeça erguida que quando fui ao sindicato convidado quando eu era candidato,
para dizer para você, companheiro Paulinho: quando deixar a Presidência, Neto, eu vou mandar registrar em cartório tudo o que
eu fiz. Registrar em cartório para entregar para a imprensa, para entregar para os deputados, senadores, para entregar para
universidades, para entregar para cada sindicato, porque eu quero que quem vier depois de mim – e vocês sabem quem eu quero –
saiba que tem que fazer mais e fazer melhor, e fazer muito mais, porque nós aprendemos, nós preparamos e nós estamos
convencidos…
Eu disse ontem, na posse da
indústria automobilística – o Aloizio estava comigo –: não pensem que por conta das eleições eu vou deixar o Brasil afundar,
não pensem. Eu aprendi a minha seriedade no movimento sindical, eu aprendi a minha seriedade e não vou brincar, porque a
inflação neste país não volta mais, a irresponsabilidade fiscal não volta mais. E é com essa responsabilidade que a gente vai
fazer o Brasil ser a quinta economia até 2016, ser um país grande.
Foi com muito orgulho,
companheiros, que nós ganhamos a Copa do Mundo, lá em Lausanne. Tinha gente que dizia: "O Brasil não pode fazer a Copa do
Mundo, o Brasil é um país pobre". Porque tem gente que é tão azeda, que se levanta de manhã, não acredita nela própria. Tem
gente que só aposta na desgraça e eu aposto é na melhoria deste povo. Quando nós fomos disputar com o companheiro Obama, com o
companheiro Zapatero e com o companheiro Hatoyama, as Olimpíadas, eu cheguei em Copenhague e muita gente dizia: "Esse Lula é
metido a besta. O cara sai lá de Pernambuco para não morrer de fome, vem para São Paulo, vira Presidente e pensa que vai
derrotar o Obama, que vai derrotar a Espanha, que vai derrotar o Japão". Pois bem, nós derrotamos os três e trouxemos as
Olimpíadas para este país. Foi a maior votação, foi a maior votação que um país já teve nas Olimpíadas: 66 votos de diferença.
Pois bem, companheiro Paulinho,
olho os trabalhadores e trabalhadoras com a convicção de quem viveu 27 anos dentro de uma fábrica, de quem sabe o que é o
desemprego porque fiquei, em [19]75, um ano e meio desempregado, porque já fiquei sentado na porta da minha casa vendo a água
bater no teto, porque já fiquei na porta da minha casa sentado sem ter o que comer dentro de casa.
E eu tenho a convicção, e você tem,
de que este país mudou. É só ir para o Nordeste brasileiro para ver como o povo está melhorando, é só ir para o interior deste
país para ver como o povo está melhorando. O Lupi falou que nós vamos criar 14 milhões e 500 mil empregos. Ah, eu fico feliz,
eu fico feliz, companheira Dilma, quando a revista Time, a revista Time diz que eu sou a pessoa mais
influente do mundo, porque a elite brasileira dizia que eu não tinha competência para governar porque eu não sabia falar
inglês. Eu não falo inglês, mas meu coração pensa brasileiro, meu coração pensa o povo brasileiro, a minha consciência pensa o
povo brasileiro. Eles ficam ofendidos quando o principal jornal, o Le Monde, me coloca como Homem do Ano; eles
ficam infelizes da vida quando o El Pais, o principal jornal da Espanha, me escolhe como Homem do Ano; eles
ficam doidos da vida quando o Brasil se mete a negociar a paz de Israel, quando eu digo que vou ao Irã, quando eu digo que vou
à Palestina.
Este país é soberano, este país
conquistou a sua independência quase 200 anos atrás, este país tem um povo feito de homens e de mulheres que aprenderam a
andar de cabeça erguida, e quem decide o nosso destino somos nós, quem decide aonde vamos e quando vamos somos nós.
Portanto, companheiros e
companheiras, eu quero dizer para vocês que espero, que não sendo Presidente da República em maio do ano que vem, que os
companheiros se lembrem do Lula ex-presidente, porque ex-presidente sem mandato, nem vento bate nas costas, nem vento. Mas eu
espero ser convidado para falar bem do próximo Presidente, que eu tenho certeza, certeza absoluta que o povo quer que continue
o mesmo programa de governo para cuidar do povo pobre deste país. Durante cinco séculos os ricos ganharam. Agora chegou a vez
do povo trabalhador ganhar a sua fatia na riqueza nacional.
Viva os trabalhadores brasileiros!
Viva os trabalhadores de São Paulo! E até o ano que vem, se Deus quiser. |