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Duas glórias literárias do Brasil
D. Julia Lopes d'Almeida e Filinto d'Almeida
Pedem-me os Serões um artigo sobre a obra literária desse encantador casal de artistas que o Brasil se orgulha de possuir na
romancista d. Julia Lopes de Almeida e no poeta Filinto de Almeida. Um artigo, meu Deus! E que artigo? Um estudo analítico como os do sr. Brunetière? Uma crítica profunda e grave como as do seu nobre antecessor, o sr. de Sainte-Beuve? Seria
demais, para um pobre correspondente...
Ainda, porém, que a tanto me ajudasse engenho e arte, do mesmo modo me recusaria, por uma questão de principio, de coerência. Em geral, detesto as críticas; a sua autoridade me revolta, me dá
sono a sua erudição, os seus comos e porquês me trazem sempre ao espírito um grande cansaço e um grande tédio.
Vejo o crítico no seu gabinete revolvendo as páginas dum livro, como um químico no seu laboratório, farejando as composições duma droga; acompanho o desesperado esforço com que ele cata a razão
de ser duma obra através dos seus capítulos, como o algebrista procura a sua incógnita, acastelando cálculos e multiplicando caracteres gregos. E, quase sempre, de tão humana tragédia ou de tão límpido poema, a ideia que ele me transmite é duma
aflitiva complicação e duma inextrincável confusão.
Leio um novelista ou um poeta e os entendo perfeitamente, sinto-os, escalda-me a febre dos seus arrebatamentos, deslumbra-me a resplandecência dos seus ideais; consulto depois um crítico, a ver
se compreendi a obra - e não compreendo o crítico.
Ah, não! Nessa especialidade literária de falar dos outros, retratar e refletir o gênio alheio, um só escritor, um só me soube dar, até hoje, uma grande noção de beleza e um gozo intelectual
completo - Paul de Saint-Victor. Mas eis que esse, exatamente, não fazia crítica...
Em suma, deixemos o artigo e fiquemos antes na carta. Sentir-nos-emos muito mais à vontade, meus amigos, e conversaremos muito mais alegremente. O próprio assunto nos recomenda simplicidade,
familiaridade; porque, se vos abrisse aqui uma preleção pedantesca sobre A família Medeiros e A falência, os dois grandes romances de d. Julia Lopes, certamente me falharia o propósito de vo-los fazer "ler" através das minhas
impressões; ao passo que, palestrando singelamente convosco acerca da insigne prosadora e de seu marido, o autor laureado da Lírica, contando-vos alguma coisa da sua vida íntima, do seu lar tão cheio de encantos e tão impregnado de
felicidade, do seu peregrino afeto e dos seus quatro filhos, talvez consiga vos interessar com a história singela do mais venturoso par de almas que o destino já reuniu à mesma mesa de trabalho e debaixo do mesmo teto.
João de Deus tinha bem razão em afirmar que "Deus fez as almas aos pares". A desgraça existe porque nem sempre, raras vezes até, elas se encontram. Estas se viram e se amaram, como na velhíssima
canção; tinham caminhado uma para a outra, enlevados na mútua admiração das novelas e dos poemas, pela lei duma irresistível atração.
Assim, em tempo, se vieram a adorar Maria Amalia e Gonçalves Crespo. Julia decorava os versos de Filinto, e Filinto, nos seus folhetins, louvava a prosa de Julia. Faltava apenas um episódio
casual e simples que os pusesse em frente um do outro e, sobre a concordância dos espíritos, estabelecesse a concordância dos corações; e esse episódio veio um belo dia, naturalmente, oferecendo-se por si àquela lei comum que regulava os dois
destinos.
Valentim Magalhães, que então dirigia a Semana e tinha em Filinto, além do seu melhor amigo, o seu mais querido e fiel camarada de armas, ia à casa do visconde de S. Valentim, pai de d.
Julia Lopes, agradecer à escritora uns trabalhos enviados àquele periódico. Convidou FIlinto a acompanhá-lo, nessa visita da Semana à sua preciosa colaboradora. Filinto foi.
Conversou-se de mil coisas, havia outras senhoras em casa, os rapazes fizeram espírito, o visconde sorria a toda essa literatura e a toda essa mocidade... E, assim, como as coisas mais simples do
mundo, nasceu o amor e se firmou para sempre, absoluta e suprema, a concordância.
E como eles concordam, como eles se entendem, mesmo nas coisas em que inteiramente divergem e se separam! Assim, pode muito bem suceder que o autor que, a ele, o fanatize, mal lhe mereça, a ela,
uma vaga consideração. Ideias trocadas, opiniões defendidas - e, ao cabo dum momento de discussão, cada qual cede ao outro o direito que, aliás, não lhe poderia negar, de admirar ou desprezar.
Mas a grande prova dessa harmonia de sentimentos, feita, às vezes, dos sentimentos mais desencontrados, está neste caso, único talvez em duas criaturas tão superiores: ela é religiosa, ele é
ateu; nos romances da esposa, a ideia de Deus aparece não raro, como um conforto, ou uma esperança, ou uma resignação; nos versos do esposo, só se fala em Deus, ao cabo dum soneto lançado ao papel numa hora de desespero
Só me pesa não crer que Deus exista
Para poder odiá-lo, com razão!
Tão flagrante divergência provocaria decerto, em espíritos menos bem casados, uma constante rixa ou, pelo menos, um mútuo ressentimento. Eles não pensam sequer em apurar esse assunto melindroso.
Quando, a meio da palestra, Filinto solta uma frase irreverente e os amigos da casa riem, d. Julia ri também, gozando muito naturalmente o êxito da frase; e quando ele encontra nas novelas da esposa a intervenção divina, a dar maior encanto a
um lance, a iluminar mais vivamente uma paixão, aplaude o trecho, espontânea e sinceramente. Enfim, quem melhor exprime a sutil harmonia desse antagonismo é ele próprio, Filinto, que uma vez me surpreendeu, a meio dum cavaco encantador, com
esta tirada decisiva:
- Ela é religiosa por uma questão de bondade; eu também por simples questão de bondade é que sou ateu. Ela compreende em Deus todos os amores e todas as graças que tornam mais feliz a Humanidade;
eu, se acreditasse nele, lhe atribuiria um sem número de horrores e de crueldades. Não posso detestar Deus, detesto a religião, todas as religiões que através dos séculos têm causado as guerras, as devastações, os incêndios, os suplícios, as
matanças em massa, toda a sorte de atrocidades a que os homens, reduzidos à condição de bestas-feras cegas e dementes, se entregam no seu desgraçado fanatismo. Ainda agora, na Rússia, vinte e cinco mil criaturas trucidadas, retalhadas, pisadas
a pés, entre os uivos e ganidos da multidão alucinada... Por quê? Religião. Ah, não, meu caro! Nunca os homens serão verdadeiramente bons uns para os outros, nunca se congraçarão numa fraternidade perfeita, enquanto no mundo houver religiões!
Entretanto, se na terra existe um lar bem-fadado, uma casa sobre a qual pareça que Deus deixou cair a sua melhor bênção, é a desse ateu que pertence à pior categoria dos ateus, a dos ateus
refletidos, plácidos, a frio.
Sim, ele é um protegido das Alturas; e toda a casa se ilumina dessa magnífica proteção. Entra a gente nela e sente o júbilo íntimo, a paz e o consolo dum refúgio bendito. Ali, aprende-se a viver;
ali, tomam-se lições de felicidade. Ele e a esposa vivem numa recíproca adoração; consideram-se tão feitos um para o outro, tão unidos um ao outro... Eu ia empregar uma imagem infeliz. Filinto resume e define tudo nesta quadra admirável de
sentido e de forma:
As nossas almas já
Se uniram de tal sorte
Que nem mesmo a própria morte
No-las desunirá
A casa deliciosa fica a meio morro de Santa Tereza, bastante perto da cidade para se subir até lá em dez minutos de bonde elétrico, bastante longe da cidade para a dominar inteiramente, sobre um
grandioso panorama que abrange todo o centro urbano, as praças, os jardins, os cais e, no fundo a perder de vista, o mar.
Eles alimentaram, como Balzac, e durante muitos anos, essa aspiração de mandar fazer uma casa sua, segundo o seu gosto, conforme as suas noções de estética e de conforto. Simplesmente, não lhe
deram o risco, à imitação do gênio da Comédia Humana; limitaram-se a explicar o seu desejo a um arquiteto e a passar por lá de vez em quando, a namorar o ninho em construção e a pré-gozar a linda existência que ali dentro lhes ia correr,
estável e segura, cheia de serenidade.
O arquiteto, realmente, fez um brinco: paredes graciosas, largas janelas, respirando por todos os lados o ar fresco das alturas; e em tudo a simplicidade e o aconchego que convidam ao trabalho e
dão às horas de descanso um regalo mais penetrante.
Quando eles se instalaram houve uma festa; cada amigo plantou uma árvore no terreiro, para que mais tarde o seu bem querer estendesse sobre a casa a frescura das vivas recordações e o perfume dos
afetos duradouros; e já ao lado se alinhavam, encosta acima, os taludes dum jardim que hoje se cobre de margaridas e crisântemos, rosas de Alexandria e rosas Paul Neyron, dando a quem passa na estrada a ideia gentil duma escadaria de flores, um
anfiteatro da Primavera!
E não se sabe bem quem trata daqueles canteiros, quem dispensa tal carinho àquela terra exuberante; porque Filinto passa o dia na sua seção da Sul América, companhia de seguros; d. Julia reparte
as horas com a mais escrupulosa exatidão entre os livros e os filhos - e não há, na casa, jardineiro. Esse é outro milagre que só eles, eles só, poderiam explicar.
O marido vem de manhã para a cidade; ela fica, rodeada do seu rancho. São quatro: o Affonso, dezessete anos, acaba os seus preparatórios para se matricular em Direito; o Albano e a Margarida
estão a aprender francês; a Lucia, a mais nova, de cinco anos, começa a penetrar os segredos formidáveis do alfabeto; e todos fazem versos!
D. Julia, depois de lhes dar almoço e de despachar o Affonso para as suas aulas, vendo chegada a hora de escrever a crônica para O Paiz, ou de ajuntar um capítulo ao romance que o editor
reclama, diz-lhes, muito séria e doce:
- Filhinhos, agora vão lá para dentro, brincar com os seus bonecos e deixem-me um momento, com os meus.
E foi assim, dizendo aos filhos que ia brincar com os seus bonecos, que ela escreveu, além dos dois livros de que atrás falei e passam por ser os mais valiosos documentos do seu talento de
romancista, a Viúva Simões e as Memórias de Martha, novelas duma psicologia feminina ao mesmo tempo delicada e forte, cheia de graça e cheia de verdade; o Livro das Noivas, escola peregrina de esposas e de mães; a Ansia
Eterna, contos que, na fatura larga e exata, lembrariam Maupassant se não os ameigasse um sabor poético tão individual; os Contos Infantis, de colaboração com sua irmã, a poetisa d. Adelina Lopes Vieira; a Casa Verde, de
colaboração com Filinto, a Inrusa, que deliciou os leitores do Jornal do Commercio e ainda outros livros, outros, que alcançaram, em quadra de tamanha indiferença literária, duas e três edições, e nos quais todos os intelectuais
reconhecem uma arte original, soberana, inconfundível.
Dizia-vos eu, porém, que todos os seus filhos fazem versos. Sim, todos. O Affonso começou a poetar a sério o ano passado, por causa das suas lições de História. Lutando com uma memória rebelde a
nomes e datas, querendo fixar dum modo mais ou menos duradouro épocas, regiões, grandes fatos e grandes personagens, recorreu ao sistema - que para ele vinha a ser o mais simples - de reduzir tudo isso a sonetos.
Esses versos, ele os escondia do pai, está claro, não só porque era seu pai como também porque os fazia, muito melhores. A mim, porém, velho amigo de doze anos, mostrou-me alguns e, entre eles,
este, de rimas tão seletas e métrica tão elegante:
Nubia
Khartum dormita a sexta diurna, quando
A luz e a ardência do alto o sol destila,
E com a luz e o calor, uma tranquila
Sonolência por tudo paira, ondeando.
De cada grão de areia que cintila
Vem o calor em chispas emanando.
E, as entreabertas pálpebras passando,
Este fulgor ofusca-me a pupila.
Pelo ar, aspiro a custo, nem uma ave
Desliza, e as asas trêmulas espalma,
Singrando o céu azul num voo suave...
Apenas vejo, junto ao rio, calma.
Uma cegonha olhando as águas, grave,
Como o tédio sem fim que tenho n'alma.
Esse "tédio sem fim, num rapazelho de dezesseis anos, é, seguramente, o que há de mais literário; mas o processo de estudar História nada fica a dever, entendo eu, às mnemônicas do meu professor
de Coimbra doutor Sousa Gomes.
Não haveis de julgar agora que o Albano, de nove anos, também componha sonetos históricos... Não, o Albano rasteja ainda pela quadrinha modesta e pelas parelhas de septissílabos. O ano passado,
estando o irmão no gozo de férias aí para uma dessas montanhas, mandou-lhe o Albano uma carta de não sei quantas folhas, que começava assim:
O Bento já está um homem,
Affonso, não imaginas!
Tamanho de um lobisomem...
Parte amanhã para Minas.
O Bento está que não pode
Co'aquela cara de bode;
Foi hoje lá ao colégio,
Com um cavanhaque egrégio!
Da Margarida, não consegui apanhar um original; até da mãe os esconde, a incorrigível violeta. Mas a Lucia, quando outro dia lhe perguntei se também não se entregava às Musas, nas horas vagas do
A B C, recitou muito vaidosa e prazenteira:
O Bento já está um homem,
Affonso, não imaginas!
- Alto lá! Esses são do teu irmão.
- Não, respondeu ela, com os grandes olhos negros a brilhar de inteligência e de faceirice.
- São iguais!
Saída que lhe valeu uma chuva de beijos na bochecha morena e mimosa, que para outra coisa parece não ter vindo ao mundo. Porque ainda, além de tudo, os filhos deste casal ultraditoso, são lindos
como os amores. O Affonso, não digo, que começa a deitar buço, a fazer-se homem e, por conseguinte, feio. Mas os outros três, são três corações. Os olhos desta Guida perturbariam o estilo do próprio Julio Diniz; o perfil deste Albano não
tem rival em nenhum pastor da Arcádia; para esta Lucia, não encontraria Donizetti harmonias capazes e condignas. Bem-aventurado amor, geração de perfeições...
- E não acreditas em Deus, bandido! exclamo contra a face sempre risonha e radiante do poeta da Lírica.
- Perfeitamente, porque penso nos outros.
- Mas se és tão prodigiosamente feliz...
- Sim, mas não sou egoísta!
Que criaturas, Senhor, que criaturas... Nem egoístas são!
João Luso.
Imagens: páginas da revista Serão com a matéria de João Luso
O Cisne Morto
A João Luso
Foi em Veneza, já na hora da partida.
Sob um sol invernal, duma luz dolorida,
Que os mármores dourava ao rosto dos palácios
E os invertia na água em belos tons violáceos,
Róseos, verdes, azuis, multicores, cambiantes,
Como se de cristais e pedras rutilantes
Fossem, assentes sobre estacas alinhadas,
No fundo da água, em lodo, há séculos cravadas, -
Nós o Grande Canal subíamos, tristonhos
Por deixarmos de vez a cidade dos sonhos,
A cidade do amor, do mistério e da graça,
Que em volúpias de amante o Adriático abraça.
Seguia o vaporeto abrindo as águas frias,
Entre curvos perfis de gôndolas sombrias.
Ficavam para trás o molhe da Piazzeta,
De San Giorgio Maggiore a minúscula ilheta,
As colunas de pedra em caprichoso estilo:
São Teodoro, de pé sobre o seu crocodilo;
O quimérico Leão alado de São Marcos;
A Giudecca, a Dogana, os mastaréus dos barcos
Duplicados à luz nas águas da laguna;
E sobre a massa igual das casas, a coluna
Quadrangular, furando o azul, do Campanário,
A cujo cimo, diz-se, o Corso temerário
Certo dia subiu a cavalo... Saudoso,
O nosso olhar gozava o derradeiro gozo:
A Basílica imensa, o templo bizantino
Onde brilha o Ticiano e fulge o Sansovino;
Templo menos de Deus que da Arte, alta glória
Da Renascença, flor que dá perfume à História
E o espírito transporta ao esplendor de outras era
Em que o homem amava os Santos - e as quimeras.
O palácio Ducal sumia-se, esbatendo
Na doce luz da tarde o perfil estupendo,
O lavor do seu bloco em renda, o peristilo,
A alta fachada, a pompa do seu estilo...
Nisto, o barco parou próximo de Rialto,
E um puro Veneziano espadaúdo e alto
Entrou: No seu olhar lia-se o desconforto.
Trazia, pelos pés suspenso, um cisne morto.
Da ave esbelta e pomposa a brancura nitente
Resplandecia ao sol maravilhosamente.
Tinha as asas em leque abertas e espalmadas,
Como a querer voar para as águas amadas;
Do cândido pescoço a cabeça pendida
Perdera a ondulação palpitante da vida...
No entanto, quem o via, ainda assim majestoso,
Imaginava ir ter o imaginário gozo
De vê-lo ainda reerguer o alvo colo altaneiro,
Para ali desferir o canto derradeiro!
Ó Veneza! Ó Ideal! Arte, Música! Ó Sonho,
Entre os que o Homem sonhou, mais belo e mais risonho!
Fantasia votada ao culto da Beleza;
Ritual das formas, Hino à graça e à gentileza!
Como pôde o homem rude, engolfado em mercancia,
Sobre a água instável criar a urbs da elegância;
Como pôde apreender,com os ganhos do comércio,
Fundindo-os, os ideais do arábico e do pérsio,
Linhas, cores, à Índia, e à Fenícia, e à Gália,
Para erguer na laguna esta glória da Itália?
O tempo, para ti, devia ter parado,
Veneza, perpetuando, imóvel, o passado,
Poupando-te à injunção da insipidez moderna,
Conservando, à idade imutável e eterna,
Os seus costumes, os seus Doges, a sua pompa...
Debalde alongo o olhar, à espera de que irrompa
Da curva de um canal, da esquina de uma ruela,
Um mancebo gentil, de espada e de escarcela,
Sobre os calções de malha a três cores vibrantes,
Com chapins de fivela empedrada a diamantes,
No busto o carmesim gibão de terciopelo,
Sobre os ombros flutuando os anéis do cabelo
Que no alto cinge a gorra encarnada e garrida
Com o broche de rubis prendendo a pluma erguida.
Debalde! Em vão contemplo ao longe as águas turvas...
Homens que vão e vêm nas gôndolas recurvas,
Todos vestem de negro, ou de outra cor sombria,
Sem um toque sequer de graça ou fantasia,
Sem cabelo em anéis e sem gorra implumada,
E têm por arma um junco ou um pau, em vez de espada!
Ah! está findo o canal; fecho os olhos, absorto...
Adeus!
No cais ficou o homem com o cisne morto.
Filinto de Almeida
Imagens: páginas da revista Serão com a poesia de Filinto de Almeida |