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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - J. LUSO
João Luso (2)

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Nascido em Lousã, em Portugal, em 12 de junho de 1875, Armando Erse de Figueiredo atuou como jornalista e escritor em Santos e na capital paulista usando, entre outros, o pseudônimo literário de João Luso. Faleceu no Rio de Janeiro em 6 de janeiro de 1950, deixando grande número de obras publicadas. Texto publicado na página 32 da edição 3/volume XI de Autores e Livros – março de 1950/Ano X, publicação do Rio de Janeiro que tinha, como diretor e redator, Mucio Leão; gerente, Leonardo Marques; e secretário, Sergio R. Vellozo (ortografia atualizada nesta transcrição - acesso: 6/6/2014):

João Luso

Faleceu nesta cidade no dia 6 de janeiro o escritor João Luso, antigo redator do Jornal do Comércio e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.
João Luso representava uma nobre e fúlgida tradição literária. Tendo iniciado aos 18 anos sua atividade jornalística, ele a prolongou vivazmente até aos seus 75 anos, que foi a idade com que faleceu. Nesse longo exercício da pena, versou numerosos gêneros: o conto, a crítica, o teatro, a meditação filosófica, o diálogo, a memória, o discurso acadêmico. Mas foi sobretudo como cronista – e principalmente nos seus excelentes rodapés Dominicais do Jornal do Comércio que ele se firmou, que ele se tornou credor do amor dos belos espíritos.

A Academia Brasileira de Letras chamou-o – 22 de dezembro de 1932 – para um dos seus fauteils estrangeiros, fazendo-o sucessor de Jaime de Sequeira. Juntamente com Serafim Leite, ele como que representava na ilustre corporação brasileira esse delicado laço cultural que prende o nosso país às suas velhas origens lusitanas.

João Luso – Armando Erse de Figueiredo – nasceu em Lousã, distrito de Coimbra, em 12 de junho de 1875, e era filho de Joaquim José Erse e d. Maria da Piedade de Figueiredo Erse. De 1887 a 1892 fez o curso de Preparatórios do Liceu de Coimbra. Veio para o Brasil em janeiro de 1893, dirigindo-se para São Paulo, onde ingressou na carreira comercial. Em 1894, já sob o pseudônimo de João Luso, estreou-se no Diário Popular, de São Paulo, colaboração exclusivamente literária, feita nos curtos lazeres da vida comercial, então laboriosíssima. Depois escreveu contos e crônicas para o Estado de São Paulo, Correio Paulistano, Reporter, Revista Literária, Paulicéa etc.

Em 1898 entrou definitivamente para o jornalismo, como secretário do Diário de Santos. Veio para o Rio de Janeiro em 1900, e alguns meses depois foi feito secretário da Imprensa, de Rui Barbosa (segunda fase). Em 1901 entrou para o Jornal do Comércio, como repórter policial. Em 15 de setembro do mesmo ano publicou o primeiro folhetim Dominicais.

Em 1911 foi representada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a peça de sua autoria Nó Cego, premiada pela Academia Brasileira de Letras em concurso aberto entre escritores brasileiros ou residentes no Brasil há mais de dez anos. Os originais dessa peça, cuja edição fora adquirida pela Casa Garnier, extraviaram-se em Paris ou em viagem, durante a Grande Guerra.

Entrou para a Revista da Semana em 1920. Colabora n'A Noite, desde 1932. Membro da Associação Brasileira de Imprensa do Sindicato de Jornalistas Profissionais, do P. E. N. Clube do Brasil, da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e da Sociedade Brasileira de Críticos Teatrais.

Em 1939, requereu e obteve o título declaratório dos direitos de cidadão brasileiro.

Possuía as seguintes condecorações:

Oficialato da Ordem de Santiago da Espada, Portugal.
Comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul, Brasil.

Além do pseudônimo de João Luso, Armando Erse usou vários outros – como Clara Lúcia e Leopoldo Maia.

Bibliografia de João Luso:

Contos da minha terra, 1896.
Prosa, 1904.
Histórias da vida, 1907.
O amor, tragédia e farsa, 1907.
Ao sol e à neve, 1909.
Elogios, 1916.
As entrevistas de Expedito Faro, 1917.
Comédia urbana, 1920.
Reflexo do Rio, 1923.
Os Menezes de Haddock Lobo, 1925.
O despenhadeiro, 1925.
Contos de Natal (1ª ed.), 1930.
Viajar, 1932.
Terras do Brasil, 1933.
Ares da cidade, 1935.
Alegria e ternura, 1935.
Os animais, vossos irmãos, 1937.
Vocês, criminosos, 1938.
Assim falou Polidoro, 1941.
Orações e palestras, 1941.
Fruta do tempo, Editora A Noite – 1945.

Além desses livros tem feito dezenas de traduções e outros trabalhos de teatro.

Traduções assinadas:

Jesus Cristo, de Monsenhor Bougaud, 1908.
Fábulas do meu Jardim, de Georges Duhamel, 1937.

Imagem: detalhe da página com o texto

João Luso havia sido hospitalizado emergencialmente em 6 de junho de 1947 no Rio de Janeiro, aos 72 anos de idade, como registrou no dia seguinte o jornal paulistano Folha da Manhã. Seu falecimento foi noticiado por este mesmo jornal no sábado, 7 de janeiro de 1950, página 3 do 1º caderno (ortografia atualizada nesta transcrição - acesso: 6/6/2014):

Imagem: detalhe da página com o texto

 

Faleceu o escritor João Luso

RIO, 6 - Faleceu hoje, às 3 horas, o conhecido escritor Armando Erse, que se escondia sob o pseudônimo de João Luso.

Durante cerca de sessenta anos o extinto atuou no campo das letras, tendo publicado livros e vasta colaboração na imprensa.

João Luso, o mais antigo colaborador do Jornal do Comércio, era membro estrangeiro da Academia Brasileira de Letras.

Há cerca de dois anos, sofreu uma crise de neurastenia, que o levou a tentativa de suicídio. Salvo, prosseguiu nas suas atividades, vindo, agora, a expirar.

Várias homenagens póstumas, por parte de seus colegas, lhe serão prestadas.

 

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