Foto: Polyanna Freitas, publicada com a
matéria
sábado, 12 de março de 2005
Arte de Beatriz Rota-Rossi representa o Brasil na Coréia
Polyanna Freitas
Uma argentina de alma tipicamente
brasileira. Assim se pode definir a professora Beatriz Rota-Rossi, da UniSanta, a única representante do
Brasil na Bienal Jeju Wind Festival, realizada em fevereiro, na Coréia. O evento reuniu obras de 60
artistas do mundo inteiro.
Reconhecida no meio cultural por seu extenso trabalho nas artes plásticas, Beatriz teve contato com a arte desde o berço - a mãe era música
concertista; o pai, artista plástico - e logo começou a pintar.
A vinda ao Brasil foi um acaso do destino, acompanhando o marido, contratado por uma empresa para trabalhar em São Paulo. Por opção, acabaram
escolhendo a cidade de Santos para morar.
Gostava de retratar a vida trágica, porém rica, do cais santista, pintando prostitutas que serviam de modelos para diversos pintores, trabalho
este que já realizava em Buenos Aires. Na ocasião conheceu Plínio Marcos. Foi Beatriz quem fez a primeira ilustração
do artista.
Quando chegou, já era uma forte gravadora, e sua 1ª exposição obteve boas críticas no Estado de São Paulo e Diários Associados.
Festival de arte no vento - A professora foi a única representante do Brasil na Bienal Jeju Wind Festival, realizada na Coréia, evento
que reuniu obras de 60 artistas plásticos e tinha como objetivo mostrar a arte ligada à vida e sua manifestação nos diversos países. Os
trabalhos foram impressos em bandeiras que simbolizavam o movimento, visto que na Ilha de Jeju há uma brisa constante.
O trabalho de Beatriz foi selecionado por curadores de vários países. Trata-se de uma peça feita em faiança (espécie de barro branco) e faz
parte da série Naves Insensatas, que analisa a vida humana e a questão do partir.
"A escultura é uma chaleira repleta de
figuras nas quais a alegria, a angústia e a forma do ser humano enfrentar a vida são mostradas. Eu vejo que o ser humano está com dificuldades
de entender a realidade. E quando ele viaja tem uma fuga mental. A chaleira simboliza a nave, na qual ele partirá. Uns partem e levam cavalos,
outros levam livros e até sacolas carregadas de lembranças de um mundo que imaginavam que poderia ter sido melhor",
explica Beatriz, aproveitando para citar um trecho da poesia de Manoel Bandeira Vou-me Embora pra Pasárgada:
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz...
A artista plástica, que ministra aulas de Estética e Cultura de Massa, além da História da Arte
no Brasil e Cultura Brasileira, na Faculdade de Artes e Comunicação da UniSanta, sabe muito sobre nosso país e o povo brasileiro além de
conhecer nossa cultura em detalhes, área em que muitos não buscam se aprimorar, e simplesmente desconhecem a riqueza cultural que temos
guardadas em nosso imenso país. |