Zabelê, as origens
Carlos Pimentel Mendes
Iniciado
oficialmente em 2009, como parte de um projeto mais amplo de resgate da cultura popular, com 12 anos de existência, o grupo Zabelê vem atuando
na Vila dos Pescadores, tendo já 60 componentes, desde crianças até os mais idosos, dentro de uma proposta
de integrar a família e a comunidade, promovendo os valores da vida e preservando a memória histórica do núcleo.
Como explica a diretora
geral Juliana Clabunde, a idéia surgiu durante um curso que fazia na Universidade de Campinas (Unicamp). No caso cubatense, procurava-se um
nome que fosse significativo para o resgate da identidade comunitária da Vila dos Pescadores, sendo lembrado que o
pássaro zabelê é típico do Nordeste, tendo migrado para Minas Gerais e em seguida para o litoral paulista, onde vive na área do manguezal.
Da mesma forma, a população
da Vila dos Pescadores é originária principalmente do Maranhão, de Pernambuco e de Alagoas, e a vila está sobre os mangues de Cubatão.
"Depois, na continuação das pesquisas, já com o nome decidido, descobrimos que existe uma lenda, de que um pássaro zabelê, depois de atingido,
não morreu logo, mas foi até o ponto em que devia chegar"; essa perseverança é um valor de vida que o grupo quer cultuar, observou.
A idéia é, com o auxílio
das famílias e da comunidade, formar jovens para atuarem profissionalmente no mercado de trabalho da cultura, pois muitos deles não têm
aptidão para o trabalho industrial, sua vocação é voltada para as atividades culturais. E seis jovens do Zabelê já estão trabalhando como
arte-educadores em Cubatão, dentro do projeto de Educação Integral do Instituto Raízes.
O grupo colabora buscando
apoio para projetos, como os de formação de produtores culturais, e os jovens aprendem de tudo: confecção dos figurinos e instrumentos com que
se apresentam, dos painéis pintados, a própria divulgação das apresentações.
Juliana conta que embora o
maracatu tenha sido escolhido pela plasticidade de seu visual, outros ritmos são igualmente pesquisados, como o coco, ciranda, cacuriá,
cavalo-marinho, maculelê, jongo etc. Nessa pesquisa, mesmo a terceira idade colabora, resgatando memórias, fotos, instrumentos e outras
informações, num projeto de integração comunitária que já começa a interessar a outros núcleos cubatenses, como
Pilões e Vila Fabril.
No Brasil - Existem
em todo o Nordeste e em vários lugares do Brasil diversos grupos culturais com o nome Zabelê (como o de
Parnaíba/PI, que se apresentou
no festival de Olimpia/SP), e o de capoeira de
Juiz de Fora/MG.
Há inclusive um
município paraibano assim denominado, no Cariri Ocidental, e que na última semana de
abril comemora sua emancipação com uma corrida de jegues, desde o ano 2000, além de
ter um grupo Zabelê participando com o Reisado de sua Festa de Reis.
No Piauí, existe a
lenda de Zabelê, uma índia que se apaixonou por um índio de uma tribo inimiga, e ao morrer foi transformada
na ave que tem seu nome.
Cartaz de divulgação do I Encontro de Culturas
Populares, em janeiro de 2010
Material enviado a Novo Milênio pela
Prefeitura Municipal de Cubatão