Piauí tem a lenda de Zabelê, a índia
(extraído do site Piauí.com.br. Fonte:
livro Piauí, Terra Querida, de Eneas Barros. Edição Senai, Brasília. Gráfica Ipiranga, 2007)
O chefe da
tribo dos Amanajós tinha uma filha chamada Zabelê, que amava Metara, um índio da tribo dos Pimenteiras, terríveis inimigos dos Amanajós.
Dizendo que iria colher mel perto de onde o rio Itaim deságua no rio Canindé, Zabelê aproveitava para se encontrar com o seu amado Metara.
Um dia, um
índio chamado Mandahú, da tribo dos Amanajós, desconfiou daquelas andanças e resolveu seguir Zabelê, descobrindo o seu esconderijo. É que
Mandahú era apaixonado por Zabelê, e não suportava o seu amor não correspondido, principalmente porque se via preterido por um inimigo.
Certa vez,
Mandahú resolveu levar algumas testemunhas para desmascarar Zabelê. Os dois amantes foram descobertos, surgindo uma briga que resulta na morte
de Zabelê, de Metara e de Mandahú. O fato deu origem a outra guerra, que durou seis sóis e sete luas.
Mas Tupã
teve pena dos dois amantes e resolveu transformá-los em duas aves, que andam sempre juntas e cantam tristemente ao entardecer. Mandahú foi
castigado e transformado em um gato maracajá, eternamente perseguido pelos caçadores por causa do valor de sua pele. Zabelê ainda hoje canta a
tristeza de seu amor infeliz.
"De pés
vermelhos e de corpo quase todo vermelho, a primeira impressão (...) é de que se trata da juriti-piranga; e, como o seu canto é de uma
nostalgia e ternura inigualáveis, ainda mais se positiva a impressão de que ela é a juriti-piranga. Entretanto, é muito maior do que a juriti;
o seu tamanho aproxima-se mais de uma inhuma ou de um mutum; sendo assim mais desenvolvida, a natureza lhe permitiu o hábito de andar pelo
chão, de caminhar ou correr comumente pelo solo (...) Para voar (...), primeiro corre num descampado de
200 a
300 metros para depois alçar vôo". - Bugyja Britto, in
"Zabelê"
Você sabia
que algumas pessoas identificam a ave zabelê com o sabiá, um pássaro que canta com muita nostalgia? Segundo Bugyja Britto, a lenda de Zabelê
aconteceu a poucos quilômetros de Oeiras, exatamente na confluência dos rios Itaim e Canindé.
Música de
Gilberto Gil e letra de Torquato Neto, 1966:
ZABELÊ
Minha sabiá
Minha zabelê
Toda meia-noite eu sonho com
você
Se você duvida, eu vou sonhar
pra você ver
Minha sabiá
Vem me dizer, por favor
O quanto que eu devo amar
Pra nunca morrer de amor
Minha zabelê
Vem correndo me dizer
Por que eu sonho toda noite
E sonho só com você
Se você não me acredita
Vem pra cá, vou lhe mostrar
Que riso largo é o meu sonho
Quando eu sonho com você
Mas anda logo
Vem que a noite já não tarda a
chegar
Vem correndo pro meu sonho
escutar
Que eu sonho falando alto
Com você no meu sonhar