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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - ARTACHO - BIBLIOTECA NM
Artacho Jurado (B-7)

Clique nesta imagem para voltar ao índice da obraArquiteto que com suas polêmicas obras marcou a cidade de Santos em meados do século XX, João Artacho Jurado só começou a ter seu valor reconhecido no século XXI.

Mas foi em 1996, no governo do prefeito David Capistrano Filho, que a Prefeitura de Santos determinou a impressão da obra Santos, Jurado: a ilha e o novo, de Paulo Matos e Gegê Leme, com fotos de Ernesto Papa, Gegê Leme e Centro da Memória de Santos. Com 20 páginas mais as capas, a brochura teve projeto gráfico, editoração eletrônica, fotolito e impressão da Prodesan Gráfica:

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Santos, Jurado: a ilha e o novo

Paulo Matos - Gegê Leme

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Saguão do edifício Bretagne, em São Paulo

Foto: Gegê Leme, publicada com o texto

Histórias e estórias

Gegê Leme e Paulo Matos

Contam os condôminos que...

O solário no alto dos edifícios Verde Mar e Enseada são ponto de encontro dos moradores, notadamente nas festas de fim de ano. Eles lembram que existia um jardim em ambos os prédios, que foi retirado por problemas de infiltração nos apartamentos abaixo.

O problema da falta de garagens, explica d. Nilza, síndica do Verde Mar, advém do fato de que para terminar o prédio foi necessário vender a área reservada a ela para os condôminos do edifício Brasília, ao lado. A garagem fica atrás do Verde Mar e apenas um terço dos moradores podem utilizar as do próprio edifício.

A união dos moradores nas áreas comuns era mais forte em épocas em que não havia televisão. E todos se reuniam no bar onde hoje é a sala de jogos, "que lota toda noite". E que tinha uma big vitrola, diz d. Zica. Chega ao exagero o amor dos condôminos dos edifícios de Jurado aos prédios. Duas vezes, no Verde Mar e no Enseada, ouvimos a história de que os navios paravam na barra "para fotografar o prédio"...

Adilson Costa Macedo é arquiteto e é professor da Faculdade de Arquitetura E Urbanismo da USP. Mais do que isso, é filho do projetista Eduardo Macedo, que desenhou a praça da fonte Vicente de Carvalho e os abrigos de bonde. Ele atribui a influência no estilo projetado por seu pai como oriundo de uma tendência em voga na época, do arquiteto Afonso Eduardo Reidy e de Niemayer.

A casa como máquina de viver, na definição de Le Corbusier, seria renovada no resgate das figurações, ao revés do modernismo, por João Artacho Jurado, que colocou à disposição dos setores médios da escala social uma estrutura de luxo e ostentação.

"Dentro do modernismo, ele fugia dos padrões, como Niemayer, que cultuava. Nem só racionalismo e funcionalismo: o belo também é uma função. Artacho deu ênfase à questão estética, na rota do styling - tendência do desenho americano que primava pelo exagero. Como os automóveis rabos-de-peixe.

Aqui em São Paulo, João Artacho Jurado fez elementos vazados, caixas d'água esculpidas, floreiras, cores berrantes. Era visto como kitsch, combatido como um degenerador do modernismo em sua fase áurea. Mas hoje, livres de um juízo radical, de exacerbação ideológica, já temos outro conceito sobre a obra de Artacho e seu lugar na história da arquitetura".

(Professor Fábio Serrano, 52 anos, dá aulas e História da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos. Tem 30 anos de atuação profissional e já elaborou vários projetos na região, como a estação Rodoviária do Guarujá e a urbanização do bairro da Areia Branca).


Detalhe de elemento vazado do Bretagme

Foto: Gegê Leme, publicada com o texto


Detalhe de pilar e elemento vazado do edifício Cinderela, em São Paulo

Foto: Gegê Leme, publicada com o texto