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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Luiz Hamen (3)

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Artista plástico residente em São Vicente, Luiz Hamen faleceu em 13 de junho de 2009, um sábado. No dia 15, o jornal santista A Tribuna registrou, em nota-padrão na seção Falecimentos e missas (página A-10): "Luiz Hamen - Sábado, aos 78 anos, portuário aposentado, filho de Guilherme Hamen e Maria Soledade, falecidos. Era divorciado de Maria da Conceição Hamen e deixa os filhos Maria Helena e Luís Alberto. O funeral realizou-se no Memorial Necrópole Ecumênica". Na terça-feira, dia 16 de junho de 2009, A Tribuna publicou, na seção Galeria (página  B-6):
 


Hamen mantinha um ateliê em sua casa na Praia de Paranapuã
Imagem: arquivo, publicada com a matéria

ADEUS
A arte perde Luiz Hamen

Pintor e escultor, artista santista morreu sábado

José Luiz Araújo
Da redação

Internado desde o último dia 6, no Hospital Ana Costa, o artista plástico santista Luiz Hamen, de 79 anos, faleceu sábado, de complicações de um câncer de próstata, e foi sepultado domingo, no Memorial Necrópole Ecumênica.

Antes de ser hospitalizado, o artista trabalhava na organização da mostra Dançando com o Coração, que será inaugurada dia 26 deste mês, às 20h30, em seu ateliê, em São Vicente.

"A morte deve ser celebrada com alegria e jamais com morbidez", disse Hamen no hospital, pedindo que a mostra, que reúne artistas da região, não fosse cancelada.

Ainda conforme seu pedido, 30% do valor das obras vendidas serão doados à Campanha do Agasalho, voltada a entidades assistenciais. No decorrer do período da exposição, que vai até 3 de julho, haverá performances, música e dança.

Início - Antes de se dedicar às artes plásticas, Hamen foi estivador. No cais, utilizava carvão para acionar a locomotiva a vapor, e foi justamente esse material que despertou seu talento.

Em sua última entrevista a A Tribuna, em 2007, ele contou que quando Gerson Charleux saía com cavalete e pincéis para pintar ao ar livre, ia atrás. "Percebi que era fácil. Eu olhava a paiagem e, com o carvão, desenhava o que via".

O passo seguinte foi se matricular em um curso no Clube de Arte, em Santos, no Centro de Cultura Popular, do Partido Comunista. Mas acabou exercendo outras funções. Ficou responsável pela guarda de material bélico e desenhava estratégias. Tarefas que quase o levaram à morte. Luiz Hamen tentou o suicídio por medo de ser preso e torturado, mas foi salvo por um médico e reformulou a vida, por meio da arte.

Na década de 80, foi morar na Praia de Paranapuã, em São Vicente, onde criou o Movimento Paranapuã das Artes e promoveu exposições. Também deu aulas às crianças do bairro e, em seu ateliê, viveu os últimos dias, apesar de em 2007 ter anunciado sua mudança. Pretendia ir para o Espírito Santo, juntar-se a uma comunidade ligada ao xamanismo.

Ciro Hamen, de 24 anos, seu neto, diz que o avô foi uma de suas referências. "Desde pequeno eu ia à casa dele, onde desenhava e pintava. Ele me dava vários toques, e pensei em seguir a carreira. Gosto de arte por influência dele e ainda pinto", revela ele, que se formou em Jornalismo no ano passado.

A mostra Dançando com o Coração ficará aberta, diariamente, das 14 às 20 horas, na Av. Engenheiro Saturnino de Brito, 862, Praia de Parnapuã, São Vicente. A entrada é um agasalho.

Na edição de 20 e 21 de junho de 2009, o semanário santista Jornal da Orla registrou, nas páginas 1ª (chamada) e 6, dentro da seção Estrelas & Moléculas, mantida por George F. Jorge e Márcia Bernardo:

Luiz Hamen

Esta entrevista foi concedida em julho de 2008, quando Luiz Hamen estava bastante empenhado em entrar em contato com as pessoas para, via o jogo de Tarot, ajudá-las a despertar do sono da inconsciência, passando informações sobre crescimento pessoal. Luiz faleceu no dia 13, às 21h. Quando soube que seu leito era de número 10, comentou que havia compreendido que já teria cumprido seu ciclo. Thordo Guarancho foi o nome que assumiu com o tempo, como estratégia de um trabalho pessoal.

Tivemos oportunidade de conviver bastante com ele e perceber naquele senhor uma vontade de viver e ousar, por vezes inexistente em muitos jovens. Chamavam atenção os seus olhos azuis, brilhantes ao falar sobre um novo projeto.

Um grande artista e um grande homem, buscador do crescimento pessoal e dotado de uma generosidade, passando o que sabia a quem quisesse aprender.

Deixamos aqui a nossa homenagem a esta pessoa ímpar e convidamos os leitores a prestigiar a exposição coletiva que ele estava organizando, "Dançando com o Coração", campanha do agasalho.

"Dançando com o Coração"

Organizada por Hamen, a mostra reúne trabalhos de 18 artistas, entre eles Beatriz R. Rossi, Cid Maia, Dulce Campos, Eymar Ribeiro, Humberto Ferreira, Marina Gruber e Vera Lúcia. Durante a exposição, haverá apresentações do grupo Experimental, performances, música e dança. Conforme o pedido de Hamen, 30% do valor das obras vendidas serão doados à "Campanha do Agasalho" das entidades de ação social. A entrada é um agasalho. A abertura acontece sexta-feira (26). A mostra poderá ser vista até 3 de julho, das 14 às 20h. Endereço: Av. Engenheiro Saturnino de Brito, 862 - Praia de Paranapuã (após a Ponte Pênsil sentido São Vicente-Praia Grande à esquerda) - São Vicente.

Foto publicada com a matéria

Sabemos sobre suas buscas espirituais. Quais conhecimentos mais lhe impressionaram?

Luiz Hamen - Como você sabe, o artista é quase sempre um romântico sonhador que vive um caso de amor com a arte, quase sem exceções, eu fui um deles. Sabes também que, ao fazer arte, você tem forçosamente que entrar pra dentro de si. E assim começou minha pesquisa esotérica.

Quando muito jovem, já me interessava por querer saber quem eu era, ou de onde vim, o que estava fazendo, para onde ia, as informações eram muito pobres e muito caretas, desisti de tudo, e fui procurar ser uma pessoa normal, foi aí que casei, tive filhos, e descobri que faltava alguma coisa. Daí, o mergulho na pintura era o passo decisivo. Logo conheci também amigos em buscas de respostas, mas que eram tão lerdos quanto eu. Trocando com eles, encontrei o I Ching, a mágica sabedoria oriental, foi uma viagem de alguns anos, só deslumbramento, conhecimento e mais conhecimento.

Foi aí que me caiu nas mãos umas cartas de Tarô Egípcio. (Dei, como sempre faço ao assumir uma coisa, um mergulho profundo). Resgatado por Moisés dos tempos egípcios, o Tarô é um dos mais antigos métodos de psicologia aplicada que se tem notícia (constatar isso procurando na Bíblia no Gênese). Os vinte e dois Arcanos e as respectivas letras correspondentes também foram inseridos por Moisés no Antigo Testamento (encontra isso na Gênese de Moisés e no salmo 118 em Elogio da Lei Divina). Naveguei na Oasca, onde fui mestre da UDV (União do Vegetal). Fui Saniasin do Osho. Por fim, o conhecimento da linguagem dos Kahunas.

Mas o que me prendeu mesmo foi o conhecimento Xamânico descrito por D. Juan, através do antropólogo, escritor e xamã Carlos Castañeda. Foi, diria eu mesmo, impactante. Desde a década de 70 quando saiu o primeiro livro me apaixonei. Iniciei-me na prática efetiva em 1996 quando foi lançado no Brasil o Passes Mágicos, livro que revela as práticas efetivas de D. Juan.

Como pessoa, sou um ser humano comum que busca a perda da forma humana que significa desapegar-se do processo bionenergético que nos prende à vida orgânica através não só das exigências biológicas materiais e psíquicas, em busca da libertação total. Ou seja, desfazer-me da totalidade kármica de um ego corrompido pelos apegos e identificações.

Existem diferentes tipos de cartas e jogadas. Como você faz?

Luiz - O ser humano viver num mundo linear - passado e futuro - é perfeitamente previsível, porque é na teia cósmica que envolve o processo energético em que as dimensões se intercruzam sem interferência uma na outra, é possível prever o futuro mediante consulta do Tarô, porque o futuro linear já está previamente cristalizado.

É possível agir sobre esse futuro se o consulente atuar no plano vertical do Aqui Agora - onde o sem tempo se manifesta sem passado e sem futuro. A ação é dirigida pela vontade conscientemente desperta, onde o ser pode atuar na sua Arena como um desafio permanente. Esse é o ser desperto, que é muito raro acontecer porque a maioria vive no fluxo - passado e futuro - à mercê das energias primárias do ser animal que é a parte da nossa herança kármica como ser humano.

Isso os Kahunas explicitam claramente como funciona o mecanismo que pode ser lançado mão com segurança e facilidade, isso porque a pessoa via dirigir a sua ação consciente interferindo no acaso, no acidental que predispõe à leitura de um destino. Por isso, eu não considero um jogo e sim uma leitura de como flui a energia do Espírito do Intento Cósmico. Por isso, nada está oculto. Qualquer ação marca um quadro de energia que flui nesse emaranhado cósmico.

Este jogo serve para ajudar as pessoas a se entenderem melhor, para o auto-conhecimento?

Luiz - Repito, eu não faço jogo e sim leio o Tarô, e assim eu leio a energia. Evidentemente, ao ler a energia, a pessoa vai sentir-se refletida (como o Arcano 14 NUM), um reflexo vivo no espelho de sua vida, conseqüentemente receberá informações não só da própria consulta, mas também dos demais Arcanos em que utilizada a árvore da vida, respostas às suas dúvidas e conhecendo-se melhor.

No dia 27 de junho de 2009, a seção Galeria (página D-2) registrou:


Luiz Hamen pediu que os artistas levassem adiante a exposição
Imagem: reprodução, publicada com a matéria

VISUAIS
Mostra reúne quadros, desenhos e esculturas

Exposição ocupa ateliê de Hamen

Da redação

A mostra Dançando com o Coração, idealizada e planejada pelo artista plástico Luiz Hamen, falecido no último dia 13, ocupa seu ateliê, em São Vicente. A exposição veio atender ao pedido do próprio artista quando estava hospitalizado.

A mostra, que tem sentido de encontro de artes, apresenta trabalhos de 18 artistas plásticos, incluindo esculturas, pinturas e desenhos. Haverá, ainda, música e dança com o grupo Experimental.

Participam da mostra: Ana Akaui, Arnaldo Toscano, Beatriz Rota Rossi, Cid Maia, Costa Villar, Chico Melo, Dulce Campos, Daniel Gonzalez, Elver Savieto, Eymar Ribeiro, Fábio Moura, Francisco Telles, Humberto Ferreira, José Américo, Laurival Camargo, Marina Gruber, Sandra Santos e Vera Lúcia.

A entrada para visitar a mostra é um agasalho. O endereço é Avenida Engenheiro Saturnino de Brito, 862, Praia de Paranapuã, São Vicente.