XVIII - Golfada de sangue
A congestão não cedia. A febre me queimava todo. Pontadas
varavam-me o peito.
As crianças entravam pouco no quarto, por proibição minha. Sim, era preferível que eu mesmo as proibisse... Primo Boanerges, compreendendo a intenção
delicada, consolara-me tumultuário:
- Ora essa! Ora que bobagem! Isso não é doença de pegar!
Enfim a hemoptise veio. Senti um calor úmido na boca, qualquer coisa como um gole de vinho quente esquecido na garganta; quando me debrucei para
cuspir, o sangue vivo tingiu a porcelana do vaso. Zuca vinha entrando com o mingau. Pôs o prato em cima da mesa e correu para mim, franzindo a testa numa disposição de energia, tomando-me o vaso da mão, para que eu não fizesse esforço, e
amparando-me a cabeça com o travesseiro erguido.
- Não é nada - murmurou num fio de voz.
Nos seus olhos negros havia tanto amor!
Com o susto, prima Emerenciana teve o aborto e primo Boanerges mandou Anastácio a galope à Estação do Pau d'Alho: desta vez, o telegrama chamava meu
pai. |