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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Bandeirantes, no tempo dos buracos


Conhecida como Estrada Velha, por ligar Santos a Cubatão desde antes da construção da Via Anchieta, e depois como Via Bandeirantes, em 1973 passou a fazer parte da Avenida Nove de Abril no território cubatense (mais tarde, voltaria a ser desmembrada dessa avenida, ganhando o nome: Avenida Tancredo de Almeida Neves), a via era alvo de fortes críticas quanto ao seu estado de conservação. Em 15 de abril de 1973, na página 10 do 2º caderno, o jornal santista A Tribuna publicou:


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De novo só o nome, nesse difícil acesso a Cubatão

Cinqüenta buracos em menos de 10 quilômetros e 80% de pavimentação remendada são suficientes para se ter uma péssima estrada. Se não bastasse isso, a ex-Bandeirantes, que de alteração só recebeu novo nome (agora, Av. 9 de Abril), é estreita, insegura, mas muito movimentada. Quem cuida de sua conservação? O Estado, por intermédio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mas os buracos que surgem dia a dia em seu leito são provocados pela passagem de tubulação de recalque de água para Santos.

A trepidação provocada pelos trens da Santos a Jundiaí (os trilhos correm paralelos à rodovia), e a passagem de todos os tipos de veículos em seu leito, são os principais responsáveis pelos vazamentos nas juntas dos tubos da Companhia de Saneamento da Baixada Santista (SBS), causando a quebra da pavimentação.

Enquanto as reclamações partem de todos os lados, dos motoristas às autoridades, como a Câmara e a própria Prefeitura, no DER prosseguem os estudos para melhoria da estrada. A primeira solução é retirar os tubos que estão sob a pavimentação. Mas, para tanto, é preciso desapropriar áreas: de um lado, a estrada de ferro, e de outro, a faixa de domínio da Dersa (em muitos trechos) e, também, de particulares.

Para a SBS, a solução é simples: basta que o DER, ou outro órgão, faça a desapropriação e colabore na execução das obas necessárias à remoção dos tubos para outro local. Enquanto o DER e a Companhia de Saneamento não chegam a uma conclusão, a ex-Estrada Velha e ex-Bandeirantes continua com seus buracos e um sério problema: falta total de segurança.

Duplicar - Na Prefeitura, já se pensou no assunto: duplicar a pista. Entretanto, novamente surge o problema das desapropriações. E há pontos onde a medida é praticamente impossível, porque a estrada está encravada entre os trilhos da Santos a Jundiaí e quase colada à Via Anchieta.

Representando importante ligação entre dois municípios - Cubatão e Santos -, a ex-Bandeirantes atende, também, à filosofia da Dersa de não criar trânsito paralelo em suas vias expressas. Para fugir aos buracos, muitos têm procurado a Anchieta, mesmo aqueles que se dirigem do centro de Cubatão para o Casqueiro.

Duplicar, pelo menos entre a Vila Socó e o Viaduto 31 de Março, onde a própria Dersa está fazendo os acessos, é um estudo que já passou por várias mãos. Todos concordam, mas nenhuma medida mais concreta foi tomada, visando a execução das obras.

Na Prefeitura, em 1972, a Coordenadoria de Obras já falava em construir outra pista. Agora, a questão foi encaminhada ao DER, que é o órgão competente, pois trata-se de ligação intermunicipal. Como a solução depende de entendimentos entre a SBS e o DER, as únicas providências referem-se ao sistema de tapa-buracos: a SBS executa seus reparos na tubulação, tapa o buraco e cria mais um remendo. Vem o DER, tapa outro buraco e também cria novo remendo.

Assim é a ex-Estrada Velha, que foi o primeiro caminho entre o Planalto e o Litoral e recebe cuidados aparentes, "apenas paliativos, sem soluções positivas", reclamam os vereadores. É o caso do vereador Mário Canelas que constantemente apresenta trabalhos pedindo providências. No último, justifica: "Torna-se urgente e imprescindível a melhoria de nossas vias públicas, principalmente agora com o aumento do número de veículos que circulam na cidade".

"Apesar dos inúmeros trabalhos apresentados, até a presente data, pouco tem sido feito nesse sentido. Desejo ressaltar o lastimável estado em que se encontra a chamada Estrada Velha, que é passagem obrigatória de todos os veículos que vêm de Santos e querem atingir o Jardim Casqueiro, ou deste bairro para o centro da Cidade. O estado de conservação é de pasmar a qualquer um, contrastando com o cuidado dispensado pelos órgãos estaduais a outras estradas sob sua responsabilidade. Já é tempo de o Poder Público tomar providências para solucionar este angustiante problema".

Outro vereador, Luiz Pieruzzi Netto, pede a duplicação da pista, para maior segurança. Quanto a este aspecto de segurança a única providência foi a colocação de faixa central divisória; determinando os locais de ultrapassagem proibida, o que pouco adiantou, pois muitos veículos, para desviar dos buracos, invadem a pista de tráfego contrário.

Estreita, sem acostamento, cheia de buracos, mal pavimentada nos trechos onde não há crateras, a ex-Bandeirantes parece apenas um caminho, que motoristas desavisados procuram para chegar ao destino sem precisar se utilizar da Via Anchieta.

Esperando a duplicação da pista, ou mesmo um simples recapeamento, e cansada dos remendos que a SBS e o DER fazem, a estrada poderá perder um dia todo seu movimento e finalidade, enquanto a Via Anchieta ganhará movimentação desnecessária e prejudicial a uma via expressa.


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