Antes de ser profissional, Pelé foi do time amador do Santos F. C.
Foto: Davi Ribeiro, em 16/6/2009, publicada
com a matéria
PELÉ
Um jogo que marcou Cubatão
O Rei do Futebol, que jogou em 1956 contra o Comercial Santista Futebol Clube,
fará palestra para crianças cubatenses amanhã
Thiago Macedo
Da Redação
Naquele sábado, 8 de
setembro de 1956, os amantes do futebol acordaram mais cedo. O sol brilhava no céu de Cubatão. Era dia de clássico no campo do Comercial Santista
Futebol Clube, na Fabril. Na várzea, o time era um dos melhores do Estado, chegando a ser vice-campeão amador do interior,
naquela época. E quando entrava em campo era para fazer bonito. Não havia jogo que o barranco ao lado do gramado ficasse vazio. E naquele dia não
foi diferente.
O Comercial iria enfrentar a equipe amadora do Santos
Futebol Clube. Sem dúvidas, um dos maiores clássicos do futebol de várzea da década de 50. O técnico do Comercial, Argemiro Cascardi, no dia que
marcou o confronto avisou ao pessoal do Peixe: "Leva um time reforçado porque não queremos passar vergonha". Argemiro tinha medo de sua
equipe ganhar muito fácil e o jogo não ter graça. Não era uma partida comum. Era o que os boleiros chamam de prova de honra. Afinal, o
Comercial tinha na linha o centro-médio Tião, ex-jogador do Flamengo. Oda, que foi profissional no Paraná, e o craque Ditinho, o Benedito
Pascoal Soares.
Argemiro, além de técnico, era chefe do setor de acabamento da
Companhia Santista de Papel, uma patrocinadora informal da equipe cubatense. Dias antes do clássico, na quarta-feira, Oda, jogador muito
requisitado pela várzea, havia enfrentado o mesmo time amador do Santos, só que desta vez defendendo a camisa do Vasquinho, um dos rivais do
Comercial.
Na sexta-feira, no último treino da equipe cubatense antes do jogo contra o Peixe,
o ex-vereador e um dos mais antigos moradores da Fabril, Romeu Magalhães, hoje com 70 anos, ouviu Oda avisar: "Olha, domingo vamos jogar contra o
Santos, precisamos tomar cuidado com um negrinho que tem lá, um tal de Gasolina. Esse moleque é o cão".
Então, o sábado chegou. Era o dia do clássico. Romeu estava na torcida. Não jogou pelo
time principal do Comercial. Ditinho também não. Estava machucado. Mesmo assim, guardam na memória até hoje o show de bola a que
assistiram. Não do Comercial. Mas o show da equipe santista, principalmente do tão temido Gasolina. O menino franzino marcou quatro
gols na vitória do Peixe por 7 a 1 sobre os cubatenses. Gasolina, além de acabar com o jogo, ainda bagunçou com os adversários. Até o
ex-jogador do Flamengo, Tião, um dos craques do time da casa, levou chapéu.
Inconformado, depois da partida, Tião perguntou a Gasolina como ele
havia dado aquele drible. Foi tão rápido que Tião nem viu a bola. Humilde, Gasolina disse que havia sido um lance de sorte.
Romeu conta que aquele foi o último jogo de Gasolina na equipe amadora do
Santos. Em seguida, ele foi dar show entre os profissionais e passou a ser chamado de Pelé, o melhor jogador de futebol de todos os
tempos.
MEMÓRIA |
O jogo de que participou em 1956 foi o último da
carreira amadora de Pelé, até então conhecido como Gasolina,
segundo lembram moradores do Bairro Fabril |
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Palestra - Amanhã, Pelé estará novamente em Cubatão. Não para jogar bola. Ele
vai se encontrar com estudantes da rede municipal de ensino, no Centro Esportivo Castelo Branco, às 15 horas, para falar da importância do esporte
na formação do cidadão. Quem sabe entre as crianças que encontrarão o Rei do Futebol não tenha alguma que seja conhecida como Gasolina.
Ainda conhecido como Gasolina, Pelé (no destaque)
jogou em 8 de setembro de 1956 contra o
Comercial
Foto: reprodução, publicada com a matéria |