Capítulo I
Indústrias pioneiras no mundo das bananeiras
1.4 – Os caminhos do céu: a Via Anchieta
O primeiro impacto realmente importante no povoado de Cubatão, no século XX, foi o
período de construção da Via Anchieta. Em 24 de maio de 1935, pelo decreto 7.162, o governador do Estado de São Paulo autorizou a construção de uma
nova rodovia ligando São Paulo a Santos. Em 1937, o Departamento de Estradas de Rodagem (D.E.R.) decidiu por um projeto, pelo qual, a Via Anchieta
seguiria o curso do Rio das Pedras.
No entanto, somente em maio de 1939 surgiu a Comissão Especial de Auto
Estrada, sob a direção do Eng. Dario de Castro Bueno (cuja figura foi decisiva para a construção da rodovia). Neste mesmo ano, foi aberto um crédito
de cinco mil contos para o início das obras. Assim, em julho de 1939, foi colocada a pedra inicial da atual Via Anchieta, no antigo primeiro arco do
Caminho do Mar, nas imediações da velha Árvore das Lágrimas (PMC, 1970b:94/95) [108].
Inauguração da Via Anchieta, em 1947
Foto: reprodução do jornal A Tribuna de Santos/SP
As obras na Serra só se iniciam em 1942, quando o
D.E.R. montou em Cubatão o seu quartel-general (escritórios, depósitos, oficinas, hospital de emergência e posto médico)
[109]. Constrói-se também, nessa fase, os acampamentos dos trabalhadores: o primeiro
foi instalado no bairro da Fabril, depois vieram os acampamentos nas cotas 95, 200 e 400 (na Serra do Mar) [110].
A Via Anchieta foi inaugurada, oficialmente, em 22 de abril de 1947
[111]. Com a pista ascendente da Via Anchieta, foi possível galgar a Serra
em apenas 13 km (Rodrigues, 1965:33). Com a entrada em funcionamento da nova pista, se inicia uma transferência rápida do transporte ferroviário
para o rodoviário, ao longo dos anos seguintes, entre o Porto de Santos e o Planalto Paulista. A segunda pista da Via Anchieta foi concluída em
setembro de 1953. Empregou cerca de três mil trabalhadores no pico das obras.
Ainda no início da década de 1940, Cubatão era o paraíso da malária (doença
conhecida vulgarmente no povoado como maleita), que matava pessoas constantemente. A grande quantidade de água na região favorecia a criação
dos mosquitos transmissores da doença. As muriçocas espalhavam o vírus por toda a cidade. Somente com a construção da Via Anchieta, é que foi
firmado um convênio entre o D.E.R. e o Departamento de Combate às Endemias Rurais. Os especialistas enviados para Cubatão conseguiram vencer a
doença em 1944, livrando a cidade dessa praga.
1.5 – Censos industrial e demográfico e a emancipação política de
Cubatão
Apesar das indústrias instaladas no distrito de Cubatão, nessa primeira
fase industrial, a maior parte da população permanecia no mundo rural, vivendo principalmente das suas plantações de banana, mas também de laranja e
mexerica. Ou seja, essas primeiras empresas industriais não implicaram em uma mudança radical da atividade econômica local. As indústrias conviviam
em harmonia com a agricultura. No entanto, é certo dizer que a cidade deixou de ser essencialmente agrícola, para ser também um pouco industrial
[112].
Essas três empresas industriais de Cubatão não eram indústrias de fundo
de quintal. Representavam, isso sim, um grande capital investido e sua produção era distribuída em vários Estados do país. Para o capital privado
nacional, não eram empreendimentos pequenos. Para se ter uma idéia clara do que representavam essas empresas (incluindo a usina Henry Borden) para o
Estado de São Paulo, basta consultar o Censo Industrial de 1950: o total de capitais aplicados em Cubatão, até 01/01/1950, era de Cr$
1.374.242.000,00, ou seja, Cubatão era a terceira cidade do Estado neste quesito [113].
É certo que, perto dos futuros complexos industriais estatais
(Refinaria, Cosipa, Ultrafértil e Petrocoque) e estrangeiros (Union Carbide, Copebrás, Alba, Estireno, Carbocloro, etc.), essas empresas perderiam
grande parte de sua importância econômica. Deve-se salientar, contudo, que as três primeiras empresas cubatenses eram "indústrias
nacionais, embora, muitas vezes, com proprietários estrangeiros, mas radicados e integrados no Brasil e portanto sem exportação de divisas"
(Peralta, 1979:98) [114].
O curioso no caso de Cubatão é que a manutenção da
renda interna do país nos anos 30, observada por Furtado (1982), não provocou nenhum novo investimento produtivo industrial na cidade até a década
de 50 [115]. Devemos sublinhar, também, que as guerras mundiais foram
prejudiciais às indústrias instaladas em Cubatão. Enquanto Cohn (1995:294) afirma que a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deu grande impulso à
indústria brasileira, em Cubatão o efeito foi inverso. Devido à grande quantidade de matéria-prima importada, tanto a Cia. de Anilinas quanto a
Costa Moniz passaram por dificuldades de abastecimento [116].
Já o grande crescimento da população de Cubatão, durante a década de 1940, tem sua
explicação nas obras de construção da Via Anchieta (Tabelas 1 e 2). A construção dessa estrada de
rodagem causou o maior fluxo de migrantes da história do povoado. Depois de terminadas as obras, os antigos acampamentos do D.E.R. (ao longo da
Serra do Mar) se tornaram as primeiras favelas do município. Apenas outra cidade da Baixada Santista, Guarujá, teve um crescimento populacional
maior que Cubatão (83,6% contra 79,6%), enquanto o Estado de São Paulo cresceu apenas 27,2%.
TABELA 1
População da Baixada Santista em 1940
|
Município |
Total
|
Homens
|
Mulheres
|
Cubatão |
6.570
|
3.934
|
2.636
|
Santos |
158.998
|
81.992
|
77.006
|
São Vicente |
17.294
|
9.000
|
8.294
|
Guarujá |
7.539
|
4.253
|
3.286
|
Estado de São Paulo |
7.180.316
|
3.670.605
|
3.509.711
|
Fonte: IBGE (Censo demográfico).
|
TABELA 2
População da Baixada Santista em 1950
|
Município |
Total
|
Homens
|
Mulheres
|
Cubatão |
11.803
|
7.096
|
4.707
|
Santos |
203.562
|
104.968
|
98.594
|
São Vicente |
31.684
|
16.180
|
15.504
|
Guarujá |
13.203
|
7.150
|
6.053
|
Estado de São Paulo |
9.134.423
|
4.648.606
|
4.485.817
|
Fonte: IBGE (Censo demográfico).
|
O censo populacional de 1950, realizado em meados desse ano, não captou a invasão
provocada pelos trabalhadores da construção da refinaria (cujas obras se iniciaram somente em 1951), mas captou totalmente a construção da Via
Anchieta. Percebe-se, contudo, que já no censo de 1940, e mantido no censo de 1950, a percentagem de homens em Cubatão é bem maior que a de
mulheres, mesmo em comparação a outras cidades da Baixada Santista.
Este fenômeno estranho é explicável em razão dos barracões mantidos pelas vilas
operárias (que abrigavam os trabalhadores solteiros ou sem família) e também pelos alojamentos na Serra do Mar referente às obras da Via Anchieta,
onde só viviam homens.
Como já foi dito, a população de Cubatão estava espalhada em várias vilas operárias,
não só das indústrias, mas também da Estrada de Ferro São Paulo Railway (principalmente em Piaçaguera) e da Via Anchieta. Todas distantes do núcleo
central, entre a ponte do Rio Cubatão e a estação de trem, exceto a vila operária da Química.
A comunicação entre esses núcleos era deficiente. Um exemplo ilustrativo foi a falta
de informação sobre o Carnaval de 1950, no bairro de Piaçaguera, assim descrito num jornal santista: "De Piaçaguera,
pouco sabemos, pois a distância é grande" (A Tribuna, 12/02/1950:06).
O aumento do movimento de pessoas e mercadorias no povoado, provocado pela construção
da Via Anchieta, levou alguns cubatenses a sonhar com a emancipação política de sua terra. O movimento pela emancipação teve início em 1948 com a
criação de uma Comissão para tratar do assunto.
Em 29 de abril de 1948, foi dada entrada na Representação, assinada por 1.418
habitantes de Cubatão, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, solicitando a elevação de Cubatão a município. No dia 14 de julho, a
Assembléia Legislativa emitiu parecer favorável à elevação do distrito de Cubatão a município, determinando, entretanto, a realização de um
plebiscito de consulta à população.
Em 17 de outubro, foi realizado o plebiscito para o desmembramento ou não do Distrito
de Cubatão em relação ao município de Santos. Com 1.107 votos a favor, 82 contra, e 1 voto nulo, o plebiscito foi favorável ao desmembramento.
Finalmente, em 24 de dezembro de 1948, foi assinada pelo governador do Estado de São
Paulo, Adhemar de Barros, a Lei n.º 233, que criou o Município de Cubatão, a partir de primeiro de janeiro de 1949. A nota 110, da Lei n.º 233,
assim determinava: "O município de Cubatão é criado com sede na vila do mesmo nome com as terras do distrito do mesmo
nome".
Enquanto aguardava a eleição de seu primeiro prefeito,
o antigo distrito ficou sendo administrado pelo município de Santos. Em 13 de março de 1949, ocorreu a primeira eleição para prefeito e vereadores
de Cubatão [117]. O primeiro prefeito assumiu seu cargo em 9 de abril de
1949 [118].
Apesar da Lei Estadual n.º 233, que concedeu a emancipação política a
Cubatão, a Câmara Municipal de Santos tentou de todas as formas anular a emancipação. Somente quando esgotou todos os recursos possíveis, foi que a
Câmara de Santos homologou o desmembramento de Cubatão, em 8 de julho de 1954, sancionado pelo Prefeito Municipal, Antônio Feliciano, pela Lei n.º
1.686, de 3 de março de 1955 [119].
Nenhuma das pessoas que lutaram pela emancipação de Cubatão, e foram
centenas, jamais imaginaram que um ano após essa conquista, a cidade seria escolhida para abrigar o maior investimento industrial do país: a grande
refinaria de petróleo de 45 mil barris diários [120].
1.6 – O paraíso das bananeiras
A única riqueza da cidade eram os bananais
Foto cedida a Novo Milênio por Arlindo Ferreira
Embora os três estabelecimentos industriais instalados em Cubatão fossem
plantas de grande proporção para sua época, em nenhum momento na primeira metade do século XX, a atividade industrial suplantou a atividade
agrícola, representada pela cultura da banana [121].
Até mesmo duas dessas empresas industriais (Química e Cia.
Santista), tinham bananais em suas terras, cultivados comercialmente. As duas atividades nunca foram excludentes. Em 1909, a banana era o terceiro
produto mais exportado pelo Porto de Santos, perdendo apenas para o café e os farelos [122].
A principal dificuldade que os bananicultores cubatenses sempre
enfrentaram, principalmente no início do século XX, foi a escassez de mão-de-obra [123].
O trabalho nos bananais era uma atividade de grande esforço físico, que somado às condições climáticas (temperatura elevada) e às doenças (como a
malária, transmitida pelos mosquitos), afugentavam até os trabalhadores mais resistentes. Muitos que chegavam, partiam dias depois, esgotados. A
região era inóspita ao trabalho pesado.
A solução encontrada pelos antigos bananicultores, para incentivar a
permanência de jovens trabalhadores forasteiros, foi a doação de um certo lote de terras, para que o trabalhador tivesse a sua própria plantação, e
com isso se apegasse ao lugar. Através desse sistema, surgiram várias das famílias tradicionais da cidade. Muitos desses felizardos se
tornaram, já nas décadas de 30 e 40, grandes bananicultores, ultrapassando os seus antigos patrões [124].
Em 1938, o povoado de Cubatão era a terceira maior
região exportadora de banana pelo Porto de Santos [125]. Desfrutava de uma
posição privilegiada, que lhe dava uma grande vantagem comparativa: era o centro produtor mais próximo do Porto de Santos e da capital do Estado,
ambas servidas por linha férrea [126].
A importância da banana para as exportações do Porto
de Santos continuou sendo elevada durante a década de 40. Entre janeiro e setembro de 1949, o café representava 57,24% das exportações em toneladas,
o algodão em rama 13,33% e a banana 13,26% [127]. Em âmbito nacional, a
banana era o quinto produto mais exportado em tonelagem do país [128].
As plantações de banana eram tantas dentro do povoado de Cubatão que praticamente não
existia comércio interno dessa fruta. Quase todos os habitantes tinham plantações em seus quintais, onde a banana era predominante. Somente as
frutas maiores eram comercializadas, sobrando nos bananais toneladas de cachos que não haviam se desenvolvido muito bem.
Dada a importância da banana para a economia de Cubatão, em 1949, pouco
antes de receber a notícia que mudaria o destino da cidade - a escolha para acolher a maior refinaria do país - as autoridades cubatenses resolveram
criar o Dia da Banana. O dia da festa foi 23 de setembro, feriado municipal. Numa analogia com os Barões do Café, os bananicultores
cubatenses eram chamados de os Barões da Banana [129].
Apesar da grande festa, vivia-se tempos difíceis nos bananais, pois a principal
compradora do produto cubatense, a Argentina, tinha reduzido em 50% suas importações em relação ao ano de 1947/1948, que foi de 10 milhões de
cachos. As autoridades estaduais buscavam novos mercados para os produtores do litoral de São Paulo, principalmente os Estados Unidos.
Segundo a Associação Profissional do Comércio Atacadista de Frutas
do Estado de São Paulo: "Se tal não for providenciado, o Vale do Ribeira e a vasta região Litorânea do Estado de São
Paulo não subsistirá economicamente, mesmo porque, a indústria mais rentosa da região é indiscutivelmente a bananicultura"
(A Tribuna, 05/07/1949:18). O mesmo jornal dizia em sua manchete: "Aflitiva a situação que atravessam os
bananicultores" [130].
No início de 1950, a situação estava gravíssima, pois os agricultores corriam o risco
de verem sua fruta apodrecer nos bananais, posto que a Argentina não expedia permissões para a importação do produto. A Associação Rural, numa
atitude desesperada, enviou um telegrama ao presidente da República: "A Associação Rural do Litoral Paulista vem
representar a V.Excia. no sentido de ser urgentemente solucionada a angustiosa situação da lavoura de banana devido à interrupção do fornecimento de
licenças de importação por parte da República Argentina, seu principal centro consumidor" (A Tribuna,
19/01/1950:02). Pediu-se ainda a retaliação aos produtos argentinos importados pelo Brasil.
Passados alguns dias, a Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil limitou
a importação de frutas argentinas, em razão do caso das bananas. A Argentina, por sua vez, respondeu que iria voltar a dar permissão à importação de
banana do Brasil, que na época já apodrecia no Porto de Santos (A Tribuna, 16/02/1950:18).
Visando solucionar o problema das exportações de banana, a Associação Rural do Litoral
Paulista patrocinou um grande congresso na cidade de Santos, realizado no dia 4 de março de 1950, contando com a presença dos principais produtores
do Litoral Paulista e dos prefeitos da zona do Ribeira, Cubatão, Guarujá e Santos. Relatou-se que, antes da Segunda Guerra, a Inglaterra importava
12 milhões de cachos de banana, mas hoje preferia o produto vindo das Ilhas Canárias.
Alemanha, Holanda, Itália, Suécia e Bélgica, antes também grandes compradores, depois
da Guerra, por falta de divisas, não importavam mais a banana do Brasil. A solução para o problema, segundo a Associação Rural, seria a exportação
para um mercado grande e promissor: os Estados Unidos, país detentor de divisas suficientes para importar qualquer produto brasileiro (A Tribuna,
05/03/1950:32).
O impasse demorou mais alguns meses, e somente em
julho de 1950, a Argentina voltou a expedir licenças para a importação de banana do Brasil [131].
Nessa data foi fechado um acordo para a compra de 6 milhões de cachos, ao preço de 11 pesos por cacho, até o final do ano. Um dos membros da
Associação Rural, que iria superintender a exportação da banana para a Argentina, era João Papa Sobrinho, proprietário de grande plantação em
Cubatão (A Tribuna, 05/07/1950:03). Mesmo assim, se percebia, naqueles tempos, que as exportações não respondiam mais como antes da Guerra
[132].
A crise das exportações é um dos motivos que podem explicar a queda da produção de
banana em Cubatão, a partir de 1950. No entanto, essa crise começou um pouco antes. Com o inicio das obras da Via Anchieta, na Serra do Mar, em
1942, muitos trabalhadores abandonaram os bananais e foram se empregar no D.E.R. Assim, duas causas explicam a queda da produção cubatense ao longo
da década de 40: falta de mão-de-obra e o fechamento dos mercados externos.
A década de 1950, por sua vez, deu o tiro de misericórdia, de modo
fulminante, na agricultura cubatense. Primeiro, a compra de grandes bananais para a instalação das gigantescas empresas industriais. Segundo, a
perda de mão-de-obra para as empreiteiras construtoras. E, terceiro, a maldita poluição atmosférica [133].
Deve-se lembrar, também, que a crise das exportações facilitou a venda
dos bananais para as empresas industriais. Caso os bananais estivessem em grande fase, a venda das terras teria sido mais difícil, e em menor
proporção do que acabou acontecendo [134].
TABELA 3:
Produção anual de banana no município de Cubatão
Fonte: IBGE (Censos agrícolas)
|
Anos
|
Produção/Cachos
|
Hectares plantados
|
1949
|
894.926
|
1.071
|
1959
|
297.325
|
501
|
1970
|
210.000
|
--
|
1974
|
175.000
|
250
|
1980
|
131.000
|
181
|
1984
|
42.000
|
50
|
1986
|
28.000
|
35
|
1989
|
24.000
|
37
|
Obs.: A partir de 1990, Cubatão não aparece mais no Censo. |
De um total estimado de 2.065 trabalhadores nos bananais cubatenses em 1940, chegamos
a apenas 506, em 1950 (FAUUSP, 1968b:19). Pela Tabela 3, podemos verificar o declínio da cultura da banana no município. Dos
84 produtores de 1949, sobraram apenas 37 depois de 10 anos (1959); em 1974, eram somente 6 produtores. Nesse início do século XXI, ainda sobrevivem
três plantações, situadas em sítios de pequeno porte (num total de 36,1 hectares), utilizando reduzida mão-de-obra assalariada. Vendem sua produção
apenas paras as feiras livres do município.
O tempo das bananeiras (1870-1950) foi a época de maior crescimento
econômico do povoado, desde que os primeiros portugueses chegaram nas terras da Serra do Cubatão. Esse tempo agrícola só viria a ser superado,
realmente, com a industrialização iniciada em 1950. Com a bananicultura, a população cresceu e gerou rendas muito superiores às simples taxas e
serviços prestados no antigo Porto e Barreira de Cubatão. Afirmações que ressaltam que Cubatão decaiu economicamente, depois do aterrado de 1827 ou
da construção da estrada de ferro de 1867, desconhecem profundamente o que foi o tempo das bananeiras [135].
Imaginar que um povoado de vinte e poucas casas, ao lado do porto
fluvial, no início do século XIX, detinha uma vida econômica mais intensa que os bananais é de grande ingenuidade. Imaginar também que uma estrada
de passagem de tropeiros e, depois, de carroças de café, provocassem uma efervescência maior que a agricultura da musa paradisíaca demonstra
uma falta total de conhecimento do passado recente da cidade [136].
Grande parte da produção de banana da Cidade era transportada de barco para outras regiões
Foto: jornal santista A Tribuna, em 9 de abril de 2000
NOTAS:
[108] Em 1937, era
inaugurada o trecho da Estrada de Ferro Sorocabana, ligando Santos a Mairinque. O novo trecho saía de Santos, passava pela área continental de São
Vicente, cruzando Cubatão apenas na região dos contrafortes da Serra (na margem direita do Rio Cubatão). Por não cruzar nenhuma área habitável da
cidade, a nova linha férrea não construiu nenhuma estação em Cubatão.
[109] Mais precisamente,
o quartel-general do D.E.R. se localizava na raiz da Serra, ao lado da Estrada do Caminho do Mar (antiga Estrada da Maioridade), em terras hoje da
Refinaria Presidente Bernardes.
[110] Em fevereiro
de 1942, escrevia em seu diário, um antigo morador da Fabril: "Numa larga faixa de terra doada
pela Companhia [Santista de Papel], faixa essa que se estendia desde as margens do rio Cubatão até o alto da serra, prosseguiam as obras de
construção da Via Anchieta. Uma dezena de carrocinhas removia a terra de um corte, no começo da subida, para o aterro que cortava a vila. Do lado
esquerdo da rodovia, no sentido São Paulo a Santos, doze casas iam ficando isoladas do resto do povoado, à medida em que o aterro ia crescendo. Os
burros, que puxavam as carrocinhas, de tanto subirem e descerem com a terra, já faziam o percurso sozinhos, obedecendo a mão de direção, sem o
auxílio do condutor" (Pereira, 1988:146).
[111] "A
Via Anchieta (...) em 1947, veio dar nova movimentação à pacata vila da Fabril, principalmente aos domingos, quando seus moradores se distraíam
apreciando o desfilar de carros e ônibus que demandavam à baixada. A condução para a Capital tornou-se farta e bem próxima de nossas casas. Durante
a semana os pesados veículos de carga roncando serra acima, quebravam o silêncio da outrora tranqüila povoação"
(Pereira, 1988:227).
Deve-se assinalar que a Via Anchieta, quando da inauguração de sua primeira pista, em
1947, ia até a entrada do povoado de Cubatão, continuando os veículos a transitar por dentro da cidade, a exemplo da estrada do Caminho do Mar.
Somente em 9 de julho de 1950, é que foi inaugurado pelo governador Adhemar de Barros, o trecho entre a entrada do povoado e o Rio Casqueiro (divisa
com Santos).
A partir dessa data, os veículos que utilizavam a Via Anchieta não passaram mais pelo
centro de Cubatão: "No dia 9 deste mês, o trânsito (...) passou a ser feito pela Via Anchieta, que nesse dia, teve
inaugurada mais um trecho. Com essa mudança, que, por um lado, beneficiou os moradores de Cubatão, pois, com a diminuição do movimento que até então
era intenso e que colocava em perigo de vida os transeuntes, voltou novamente à calma a que estávamos habituados, no modo de vida cubatense. Por
outro lado, porém, surgiu o inconveniente da falta de condução para São Paulo" (A Tribuna, 16/07/1950:05).
[112] "A
primeira fase industrial de Cubatão não provocou grande demanda de mão-de-obra, e portanto a migração foi restrita nessa época"
(Peralta, 1979:05).
[113] Por capitais
aplicados entendem-se os valores correspondentes aos bens próprios, tais como, terrenos, edifícios, maquinaria, residências para empregados,
instalações, móveis e utensílios, veículos e animais, utilizados pelas empresas ou pelos estabelecimentos (IBGE, 1950:XV).
É necessário observar que as obras de construção do Oleoduto Santos-São Paulo e da
refinaria de 45 mil barris só se iniciaram em meados do anos de 1950 e 1951, respectivamente, ou seja, seus investimentos não entraram no Censo de
1950.
As outras cidades com capitais aplicados maiores que Cubatão eram São Paulo (Cr$
10.946.805.000,00) e Santo André (Cr$ 1.494.339.000,00). Para o total do país, tinha-se Cr$ 53.408.196.000,00 em capitais aplicados na indústria.
[114] Os trabalhos
da Emplasa (Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S/A), vêm demonstrando uma série de imprecisões sobre a história de Cubatão.
Basta lermos uma parte do relatório de 1994, para nos darmos conta disso: "Até meados da década
de 1950 a Região, como já foi visto, não dispunha de indústrias de base ou de transformação importantes. Santos possuía, na época, como até hoje,
indústrias voltadas fundamentalmente para o consumo da população local, enquanto Cubatão apresentava-se vazia de indústrias, carente de
infra-estrutura e ocupada por uma população rural modesta" (Emplasa, 1994:15).
Primeiro: qualquer das quatro indústrias pioneiras de Cubatão era maior que qualquer
outra indústria instalada em Santos. Segundo: as indústrias pioneiras de Cubatão estavam, num determinado momento de tempo (da primeira metade do
século XX), entre os maiores estabelecimentos industriais do Estado de São Paulo.
Estas primeiras indústrias cubatenses se encaixam no ramo da industrialização
extensiva, definida por Cardoso de Mello (1998) como sendo a substituição de bens de consumo corrente e de alguns produtos intermediários e bens de
capital, de baixa densidade de capital e uso abundante de mão-de-obra.
Já as indústrias que se instalaram em Cubatão, a partir dos anos 50 (petroquímicas e
siderúrgica), são classificadas como integrantes da industrialização intensiva, entendidas como indústrias de substituição de bens de produção
pesados e bens duráveis de consumo, de alta densidade de capital e baixo uso de mão-de-obra.
[115] Justamente
após a crise de 30 e o início da década de 50, "época da plena expansão do processo de
substituição de importações, típico da industrialização brasileira" (Cohn, 1995:292), Cubatão não foi palco de nenhum
novo estabelecimento industrial, muito embora as indústrias já instaladas tenham prosperado no período.
[116] Vilela Luz
também defende essa posição de Cohn: "O que iria, entretanto, salvar a indústria nacional era
justamente essa guerra (...) Sob o impacto da guerra de 1914, firmaram-se novamente as fábricas existentes, enquanto outras surgiram para fazer face
à procura de artigos cuja importação fora interrompida. São Paulo, particularmente, foi beneficiado pelo novo surto industrial, tendo-se expandido,
principalmente, a indústria de tecidos, de calçados e de chapéus" (Luz, 1961:145).
[117] Dos 2.336
eleitores inscritos, apenas 1.038 compareceram a votação. O resultado foi o seguinte: Armando Cunha (441 votos), Domingos Rodrigues Ferreira (337),
Clovis Henriques de Campos (143), Antônio Simões de Almeida (45) e Alcides Pires Fleury (5).
Após um ano de sua emancipação, assim escreveu o correspondente do jornal A Tribuna
em Cubatão: "A instalação do município de Cubatão, a 1 de janeiro de 1949, data esta que marcou a libertação política e
econômica de nossa terra, trouxe, como não poderia de trazer, novos rumos para a vida municipal, determinando não poucas transformações do método
até então seguido pelo antigo distrito de Cubatão" (A Tribuna, 07/04/1950:05). Em 25 de agosto de 1974, foi
instalada a Comarca de Cubatão, passando a cidade a ter os três poderes plenamente constituídos (Andrade, 1975:296).
[118] Peralta
(1979:62) relata a "Cubatão de 1949", após sua emancipação política: "Praticamente não
havia roubo, não havia desemprego, não havia menor abandonado, pois estes trabalhavam com seus pais nos sítios ou nos armazéns, não havia falta de
residências. Esses desajustes sociais aparecem em Cubatão após sua segunda fase de industrialização, isto é, a partir da construção da refinaria e
da Cosipa".
[119] Em 04/06/1968,
através da Lei Federal n. 5.449, Cubatão foi considerada Área de Interesse para a Segurança Nacional. Desde essa data, a cidade passou a ter o seu
prefeito nomeado pelo presidente da República. Em Cubatão, esses prefeitos foram chamados de interventores. Depois de 17 anos, em 15 de maio
de 1985, foi restabelecida a autonomia política do município.
Eram considerados áreas de segurança nacional: "Os
municípios que em virtude de suas condições sócio-econômicas bem como, de suas situações geográficas, exijam maior atenção as medidas determinadas à
prevenção e repressão da guerra psicológica adversa e da guerra revolucionária ou subversiva a garantia da consecução dos objetivos nacionais,
contra antagonismos, tantos internos como externos" (Lei n.º 5.499).
[120] Assim
comenta esse fato, um dos líderes do movimento emancipatório, Domingos Rodrigues dos Santos, em entrevista de 1974, no Jornal da Prefeitura:
"Todo o movimento começou no Esporte Clube Cubatão. O pessoal se reunia para jogar bola e, um
dia, começamos a nos perguntar por quê Cubatão não ficava independente, a fim que pudesse tentar a sorte nessa corrida pelo progresso. Isso lá pelos
idos de 1948 (...) Ficamos quase um ano andando de um lado para o outro, falando com Deus e todo mundo. Havia dia em que eu estava trabalhando – e
com muito serviço – e o Armando Cunha chegava dizendo: vamos para São Paulo, estão tentando jogar terra no nosso negócio. E lá íamos nós novamente
(...) Depois que a emancipação surgiu nós chegamos a ficar preocupados. Imagine que não havia renda para nada aqui, simplesmente porque não havia
praticamente nada. Hoje a gente sabe que a coisa foi muita aventura, que a vinda da refinaria em 1950 tratou de encerrar com um final muito feliz"
(Santos, 1974:03).
[121] Por volta de
1935, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (2000:18) descreveu a Cubatão da época, ressaltando a sua cultura agrícola dominante: "Pendurada
no flanco da Serra do Mar, a estrada vertiginosa que se elevava da costa até o planalto oferecia ao viajante vindo da Europa [pelo porto de Santos]
suas primeiras imagens da floresta tropical. Chegando ao topo, ele avistava do lado do mar um prodigioso espetáculo: terra e água misturados como na
criação do mundo, imersas numa bruma nacarada que mal encobria o verde-vivo das bananeiras".
[122] Exportação pelo
Porto de Santos, em 1909: 1 – Café: 439.323:314$000; 2 – Farelos: 1.626:779$000; 3 – Bananas: 362:859$000; 4 – Borracha: 165:814$000 (A Tribuna,
19/01/1951). Em 20 de março de 1924, o jornal A Tribuna trazia uma reportagem (A cultura da banana) em que afirmava das possibilidades
de aumento das exportações de banana para a Europa, dado que a nossa fruta era de melhor qualidade que a européia e a de outros países produtores.
[123] "Aventureiros
chegavam todos os dias ao Cubatão", dizia o poeta Afonso Schmidt, recordando os seus anos de infância, no final do
século XIX. Vinham de toda parte, de todo o mundo, "(...) procedentes de todo o Estado, até mesmo da América e da
Europa, quando a localidade começou a desenvolver-se graças à cultura intensiva dos bananais" (Schmidt, 1984:90).
Esses trabalhadores eram chamados de camaradas: "O
camarada era, naquele tempo, um caiçara que abandonava a roça de mandioca, à beira-mar, com a esperança de melhorar de sorte nos bananais de
Cubatão, Piaçaguera, Areais ou Jurubatuba. Entre eles, contavam-se também trabalhadores vindos de outros Estados (...) Alguns deles eram andantes
(...) Andantes era o marinheiro fugido de bordo, o soldado desertor, o preso evadido, gente que ali chegando dava um nome qualquer e esquecia o
passado. Ninguém lhes fazia perguntas (...). Os camaradas moravam em ranchos de palha, dormiam em tarimbas feitas de varas, com uma esteira
por cima (...) A alimentação era exclusivamente de feijão, nacos de carne-seca e uma conchada de arroz (...) Ganhavam dois mil réis por dia de
trabalho. E o dia de trabalho nos bananais, no fim do século passado, era uma coisa espantosa" (Ibid., p.55). Schmidt
não acreditava, entretanto, que o bananal melhorasse a sorte de alguém, pelo menos naquele final do século XIX.
[124] "(...)
praticamente até a década de 1950, e em que a bananicultura definia-se como a principal cultura, a diferença fundamental, quanto à apropriação da
terra, era a pulverização relativa da propriedade da mesma. Embora se constituísse em um dos maiores produtores brasileiros, a cultura da banana em
Cubatão se desenvolvia à base de uma produção extensiva, em propriedades que variavam de fazendas de dimensões razoáveis e apropriação legalmente
regularizada, cujos proprietários, por vezes, gozavam de certo prestígio e poder econômico e político. À muitos pequenos sítios, inclusive, de
delimitação e situação jurídica irregulares. Nestes casos, mais que proprietários, eles representavam, de fato, trabalhadores, que sobreviviam
inclusive com o concurso paralelo de uma plantação para a subsistência" (Damiani, 1984:131/132).
A historiadora Inez Peralta, em sua tese de doutoramento de 1979, descreveu o
progresso dos bananicultores cubatenses: "Foi graças à produção de banana, que conviveu muito bem com as indústrias
instaladas em Cubatão na primeira metade do século XX, que muitos sitiantes, principalmente portugueses, conseguiram estabelecer-se na zona central
de Cubatão, construindo residências" (Peralta, 1979:67).
[125] Entre janeiro e
novembro de 1938, das 10.021.812 arrobas de banana exportadas, Santos contribuiu com 2.405.235 arrobas (24%), Itanhaém com 2.806.107 (28%), Cubatão
com 1.603.490 (16%), São Vicente com 1.202.617 (12%), Iguape com 1.072.334 (10,7%) e Caraguatatuba com 932.029 (9,3%). Quanto ao destino das
exportações, a Argentina representa 73,3%, a Inglaterra 16,4% e o Uruguai 6,4% (Observatório Econômico, janeiro de 1939).
[126] Os bananicultores
cubatenses utilizavam os serviços da linha férrea da City de Santos (que ligava a região dos Pilões à Estação de Cubatão), bem como da Estação de
Piaçaguera (para a produção situada no vale do Rio Mogi). A produção também era transportada em barcaças pelo Rio Cubatão até a Estação de Cubatão.
[127] Assim
registrava o jornal santista A Tribuna, em 22 de novembro de 1949: "Constatou-se, pelo
números acima, que continuamos a contar, no volume de nossas exportações, apenas com três artigos básicos, no que diz respeito ao porto de Santos,
que são o café, o algodão em rama e a banana, que vem desde há muito disputando a segunda colocação com o algodão, representando por isso, um dos
nossos mais importantes fatores de intercâmbio comercial" (p. 20).
No primeiro semestre de 1949, o Porto de Santos movimentou 42,5% da carga exportada e
importada de todos os portos do país. Em novembro de 1949, foram embarcados 713.224 cachos de bananas, das quais 625.021 para Buenos Aires, 80.117
para Montevidéu e 8.086 para a Suíça (A Tribuna, 11/12/49:15).
[128] As exportações do
Brasil, nos primeiros 10 meses de 1949, foram as seguintes: café em grão (956.277 toneladas), minério de ferro (566.330), madeira de pinho
(336.970), matérias-primas diversas (192.082), banana (140.049) e algodão em rama (128.232) (A Tribuna, 29/03/1950:03).
[129] Peralta
(1979:183) confirma a importância da banana para Cubatão até 1950: "Até medos do século XX, isto
é, antes do desenvolvimento industrial de Cubatão, a bananicultura era a grande atividade agrícola comercializável ali existente. Aquela ocupava
extensas regiões do Município. Até mesmo onde foi instalada a Cosipa havia um grande bananal".
De acordo com o Censo Agrícola de 1950 (produção de 1949), as dez maiores cidades
produtoras de banana no Estado de São Paulo eram: São Sebastião (1.908.156 cachos), Guarujá (951.109), Itanhaém (2.747.692), Itariri (3.195.164),
Santos (1.376.644), Iguape (1.163.366), Juquiá (1.025.614), Miracatu (3.165.350), Registro (1.532.403) e Cubatão (894.926). Total produzido no
Estado de São Paulo: 31.987.995 cachos.
[130] "A
nossa exportação de bananas para a Argentina foi iniciada há muitos anos, graças aos esforços dos próprios bananicultores. Antigos agricultores
organizaram-se para a exportação do produto e instalaram casas em Buenos Aires, destinadas ao recebimento e distribuição dessa fruta. Tal
organização, única na história dos nossos produtos exportáveis, proporcionou a conquista gradativa dos mercados platinos, que se transformaram, com
o correr dos tempos e após anos e anos de trabalho perseverante, no maior centro consumidor da banana. Os novos bananicultores seguiram às pegadas
dos precursores dessa exportação, que, nos últimos anos, atingia o segundo lugar, em volume, entre as mercadorias remetidas para o exterior pelo
porto de Santos" (A Tribuna, 03/09/1950:09).
[131] Mesmo 1950 sendo
um ano de crise, a banana continuava sendo um dos principais produtos exportados pelo Porto de Santos. Neste ano, os principais produtos exportados
foram: 1 – Café: 502.887 toneladas (49,77%); 2 – Bananas: 151.362 toneladas (14,98%); 3 – Algodão em rama: 123.619 toneladas (12,23%); 4 – Arroz:
45.853 toneladas (4,54%) (A Tribuna, 27/02/1951:18).
[132] O ano de 1949 foi
o de menor exportação de banana daquela época. De um total de 8.236.638 cachos exportados, 7.232.086 foram para a Argentina (A Tribuna,
28/02/1950:18).
[133] "Plantas
de porte médio, porém providas de folhas com grande superfície, como as bananeiras, são também sensíveis [à poluição atmosférica] de tal forma que
essa ação se traduz em uma alteração visível da paisagem em que as florestas frondosas de outrora vêm sendo substituídas por uma vegetação rasteira
constituída sobretudo de samambaias, pequenas palmeiras e capins diversos" (Branco, 1984:79).
[134] "(...)
as atividades produtivas internas eram suficientemente débeis para possibilitarem sua substituição; os sítios de bananas transformaram-se em grande
glebas de propriedade das indústrias" (Damiani, 1984:12).
[135] Pesquisa realizada
pela Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT) com o objetivo de saber como o mundo vê o Brasil, em 2001, ouviu 8.912 pessoas em 22 países
(Estados Unidos, Inglaterra, Japão, África do Sul, etc.). A pesquisa foi coordenada pelo Instituto Sensus, com apoio da Universidade de Michigan
(EUA). Nessa pesquisa, o café é apontado como o principal produto exportado pelo Brasil, seguido da banana (A Tribuna, 15/11/2001).
[136] Assim se
expressava o Plano Diretor de Cubatão, elaborado em 1968: pelo CPEU/FAUUSP: "A agricultura
sempre foi estrangulada pela escassez de terras e a má qualidade da disponível (...) O município, que nunca teve grande expressão em suas atividades
agrícolas, vê com o correr do tempo reduzir-se qualquer manifestação de importância" (FAUUSP, 1968b:15).
Só mesmo uma pesquisa realizada por pessoas estranhas ao município poderia afirmar tal
absurdo. Também o historiador Costa e Silva Sobrinho (1957) caiu na bobagem de achar que os anos de maior desenvolvimento de Cubatão foram os tempos
da Barreira e do porto fluvial, considerando o período posterior de grande ostracismo. |