Quatro ninhos de saracura foram encontrados nos manguezais de Santos e Cubatão
Foto: Robson Silva e Silva/Especial para A Tribuna, publicada com a matéria
MEIO-AMBIENTE
Biólogos estudam reprodução de saracuras
Observações de dois especialistas da região são inéditas para a Ciência
Uma das 200 espécies de aves já identificadas nos manguezais
de Cubatão e Santos é a saracura-três-potes (nome científico Aramides cajanea). Desde 1994 estudando as aves da região, os biólogos Robson
Silva e Silva e Fábio Olmos, que têm nesse projeto o patrocínio da Ultrafértil, começaram a reunir informações e dados de campo referentes a essa
ave.
Mesmo sendo a mais comum das saracuras do Brasil, e também ocorrendo na América Central e quase
toda a América do Sul, muito pouco se sabe sobre a sua biologia e, principalmente, a sua reprodução.
"As saracuras da região pertencem a uma sub-espécie (ou raça geográfica) que é conhecida apenas
para as regiões de manguezais de São Paulo e Paraná, e todas as nossas observações são inéditas para a ciência", revela Robson.
Não é nada fácil ver uma saracura no mangue, pois são animais muito tímidos e cautelosos. Mas, por
outro lado, são muito barulhentos e inclusive a sua voz se originou do nome. Eles gritam: três potes, três potes, três potes.
A procura dos ninhos de saracuras começou nos manguezais de Cananéia e Iguape, no litoral Sul de
São Paulo, onde os pesquisadores também atuam. Lá encontraram até hoje quatro ninhos, um deles com cinco filhotes.
Imóvel - Atualmente, outros quatro ninhos foram localizados nos manguezais de Santos e
Cubatão, em especial aqueles que compõem a área de preservação ambiental da Ultrafértil.
Dois deles já foram atacados por predadores (urubus e mãos-peladas), que comeram os ovos dos
ninhos. Os outros contêm um e cinco ovos.
Uma característica interessante desta ave arisca é que durante o período em que um dos adultos
está incubando seus ovos ou filhotes, fica imóvel, sentado no ninho. "A ave que incubava os filhotes só se afastou do ninho quando chegamos a alguns
centímetros de distância", explica Robson.
Ao contrário de outras aves aquáticas que vivem e se reproduzem no mangue, como os guarás, garças
e socós, as saracuras têm o hábito de construir seus ninhos isolados.
Os biólogos já divulgaram algumas destas informações em 1998, ao contribuir para a publicação do
livro Rails: a guide to the Rails, Crakes, Gallinules and Coots of the World, de Barry Taylor. Rail é o nome em inglês da nossa
saracura.
O livro é um guia de identificação e contém todos os dados sobre as espécies da família
Rallidae, à qual pertencem as saracuras, frangos d'água e pintos d'água do mundo.
Em breve, os biólogos vão encaminhar para publicação, em uma revista científica internacional, um
artigo contendo todas as suas observações. |